O presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi), Vagner Freitas, disse em entrevista exclusiva ao O POVO que a entidade e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), de um modo geral, vão apresentar ao governo federal uma proposta para regulamentar o hidrogênio líquido (LH2) como combustível.
A discussão corre em paralelo à que prevê a regulamentação do hidrogênio verde (H2V), produzido a partir de fontes renováveis, com foco na exportação e como fonte de energia.
“Nós temos que apresentar rapidamente uma proposta de regularização da utilização do hidrogênio líquido como combustível porque outras partes do mundo já estão fazendo. E nós vamos levar isso (ao governo)”, assegurou o dirigente.
“Eu saio daqui com a tarefa de procurar o ministro Alckmin e o presidente Lula para abrir portas para uma reunião com o presidente (da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Fiec), Ricardo Cavalcante sobre o assunto”, afirmou Freitas, após encontro com o agora vice-presidente do CNI, avaliando que “a proposta de regulamentação da utilização do hidrogênio como combustível, que vai ser um divisor de águas na vida das pessoas e da indústria do Nordeste”.
Para Freitas, “o Nordeste nos próximos anos, com essa indústria baseada numa nova matriz energética, que pode ser o etanol ou o hidrogênio e outras mais, tem o campo mais fértil de crescimento para isso”, embora, ele também faça referência aos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro como polos potenciais para a expansão dos combustíveis limpos.
“Eu acho que os estados nordestinos, se nós fizermos o nosso trabalho corretamente, em muito pouco tempo serão os mais desenvolvidos economicamente do Brasil”, projetou.
Ainda nesse sentido, o presidente do Conselho Nacional do Sesi destacou que na região, incluindo o Ceará, “as condições são mais apropriadas do que em outras regiões para que você possa produzir essa energia com um custo mais baixo. Consequentemente, se nós conseguirmos implementar essa transição energética, os estados do Nordeste terão royalties muito grandes e acima de tudo vão atrair muito investimento internacional, fazendo com que os estados do Nordeste sejam potencialmente muito ricos”.
No processo de transição energética, o dirigente vê a possibilidade de aproveitar a estrutura utilizada na cadeia do petróleo.
“O Brasil tem (combustível) fóssil também e pode, inclusive, transformar o que nós temos de usinas que trabalham com combustível fóssil em usinas que trabalham com energia limpa para o Brasil, que também pode reter essa tecnologia. Então, nós podemos ter além das novas fontes de energia, as antigas repaginadas. É a chance que o Brasil tem”, enfatizou.
Vagner Freitas, que também é ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), destacou que tanto o Sesi, quanto o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) estão trabalhando para aprimorar a qualificação profissional voltada à cadeia de produção de energia limpa e combustíveis renováveis.
“O que eu tenho visto hoje, por dentro do Sistema S, é que um dos grandes problemas que nós temos para competitividade da indústria brasileira é a formação de mão de obra qualificada, por exemplo, para essa nova indústria que nós queremos criar aqui no Nordeste”, concluiu.