Entre as novidades do novo Código das melhores Práticas de Governança Corporativa que será lançado hoje, 14, em Fortaleza, pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) estão os fundamentos, que não estavam presentes no material anterior e a integridade, que passou a ser o primeiro, dos cinco itens, dos princípios da governança corporativa.
Valéria Café, diretora de Vocalização e Influência do IBGC, diz que a parte dos fundamentos é necessária para se ter uma cultura ética dentro da organização. "Se não existe uma cultura ética dentro da organização, não existe governança. Pode se ter o desenho que quiser, sem uma cultura ética e esquece”, afirma a executiva.
O segundo ponto trazido por Valéria para os fundamentos é que ele trata sobre a importância do propósito, ou seja, uma empresa ela tem que existir para entregar algo para aquela sociedade, o lucro será uma consequência disso.
“Uma empresa precisa ter um propósito e o conselho de administração é o guardião dos propósitos. Garantindo que a partir do propósito é que se faça toda a estratégia da organização”, salienta.
Além disso, Valéria destaca os princípios que o novo código traz e conta que o IBGC estudou sobre eles, pois entende que as práticas e as empresas podem ter algumas e não ter outras, de acordo com o tamanho de cada organização, mas os princípios é preciso ter todos e tem que vivenciar esses princípios. No caso do manual são integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade.
Agora são cinco princípios, um a mais nessa edição, que é o primeiro princípio da integridade, que vem relacionado a questão da cultura ética. O segundo é o da transparência que já existia.
O terceiro é a equidade que antes dizia que era necessário tratar todos os sócios da mesma forma. “Hoje, a equidade traz que é preciso tratar todo mundo da mesma forma. Todos os stakeholders, independente de idade, raça. A equidade é inclusão”, reforça a executiva.
O quarto, que antes tinha a nomenclatura de prestação de contas mudou para responsabilização. “Porque os líderes da empresa tem que ser responsáveis na sua prestação de contas, da responsabilidade do indivíduo líder e depois da empresa. Já o quinto princípio passou a ser o da sustentabilidade, antes chamado de responsabilidade cooperativa. Ele trata do ESG, como se trata as pessoa, a gestão econômica e o meio ambiente”, descreve.
A nova edição também traz outras questões específicas que estão sendo abordadas de forma diferente, como a parte da diretoria que está maior. E sobre ter ou não conselho administrativo, dependendo do tamanho e estágio dela.
“Outra questão é sobre o conflito de interesse. A gente pontua a importância da pessoa saber se ela está conflitado ou não na hora de tomar uma decisão. Isso também discutimos bastante”, diz Valéria.
Para Ênio Viana de Arêa Leão, coordenador geral Ceará do IBGC, o novo código simplifica muito o entendimento das melhores práticas e trata das melhores práticas que são amplas para diferentes tipos de empresas de todos os portes que vão de startups a empresas abertas.
E, principalmente, passando pelas empresas familiares que é um foco muito relevante do IBGC e que é a grande parte do mundo inteiro, pois mais de 90% das empresas são empresas familiares, inclusive no Ceará.
“Esse código, que existe desde 1999, é a principal publicação do IBGC sobre o direcionamento das melhores práticas de governanças corporativas. E essa é uma atualização de algo que precisa ser atualizado sempre. Todo dia a gente tem que pensar em melhores práticas, a gente tem que entender como comunicar essas melhores práticas também para o público”, observa Leão.
Segundo o coordenador, a governança é um caminho para tornar essas empresas longevas e principalmente melhorar a sociedade, pois uma boa governança tem impacto positivo na sociedade.
*A repórter viajou a São Paulo a convite do IBGC
Manual
O Código das melhores práticas é voltado para empresas de todos os portes, desde startups às empresas abertas