Em mais um ano com recorde de desembolsos nos programas de financiamento, o Banco do Nordeste ampliou a participação na economia das cidades cearenses. Dados do BNB indicam que a soma dos empréstimos via Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e do Crediamigo superam o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) pelo segundo ano consecutivo.
"Nos 184 municípios do Ceará, a soma dos dois supera o FPM. É uma ação muito forte. Você financia micronegócios e coloca renda na mão das pessoas onde o desenvolvimento acontece, lá no território, lá no distrito, na comunidade", destacou Eliane Brasil, superintendente do BNB no Ceará.
Os números apresentados por ela indicam que, em 2022, enquanto o FPM representa um montante de R$ 7,27 bilhões, FNE e Crediamigo implicam em uma injeção de R$ 8,03 bilhões na economia das cidades.
Na Capital, o FPM é de R$ 1,26 bilhão, enquanto os programas operados pelo Banco do Nordeste chegam a R$ 1,42 bilhão.
Isso deve se repetir em 2023, segundo ela. A confiança vem do aumento do número de clientes em 218 mil entre janeiro e 30 de outubro. No mesmo comparativo, os dados levantados pelo Banco do Nordeste atestam que a soma das linhas de crédito movimentaram R$ 7,791 bilhões. Já o FPM chegou a R$ 6,53 bilhões.
Um dos motivos para alcançar o número, diz, foi a aproximação com as prefeituras das cidades, o que ampliou a capilaridade da instituição e o alcance dos programas.
Eliane também ressaltou a liderança do Ceará ante as demais áreas de atuação do BNB. "A meta do Crediamigo é R$ 11,5 bilhões para os nove estados do Nordeste mais o Norte de Minas e o Norte do Espírito Santo. O Ceará sozinho fez R$ 2,8 bilhões. É 20% do total", afirmou, indicando que a distância das outras praças ainda é grande.
No caso do FNE, de janeiro até novembro, quando a meta de R$ 4,8 bilhões foi batida, a superintendência do banco no Ceará desembolsou R$ 5,22 bilhões - o que configurou em mais um recorde anual.
Os destaques, apontou Eliane, foram a aplicação de R$ 913 milhões de FNE no setor rural e R$ 556 milhões no setor de saneamento.
A superintendente do BNB no Ceará também indicou que está de olho nos projetos de hidrogênio verde. Paulo Câmara, presidente do banco, revelou que as conversas com os investidores já estão em curso, apesar de nenhum deles ter apresentado uma proposta oficial para financiamentos.
Segundo ele, essas tratativas iniciais aconteceram com os seis principais projetos focados no Ceará, além de alguns outros do Rio Grande do Norte e Bahia.
Para Eliane, a ideia é captar recursos com fundos e parceiros internacionais que possam tornar a capacidade de empréstimo do BNB mais robusta, o que é necessário para financiar os projetos bilionários de hidrogênio verde.
Ambiental Ceará e BNB negociam R$ 700 mi para segunda fase do saneamento
A Ambiental Ceará e o Banco do Nordeste (BNB) assinaram um contrato de financiamento de R$ 556 milhões para serem aplicados na operação e em obras de infraestrutura de esgotamento sanitário e já adiantaram que negociam a segunda etapa do projeto.
Eliane Brasil, superintendente estadual do BNB no Ceará, informou que o novo contrato prevê um total de R$ 700 milhões. As obras desta fase devem incluir o saneamento da Região Metropolitana de Fortaleza.
As cidades atendidas serão aquelas contempladas pela Parceria Público-Privada (PPP), firmada com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Veja as cidades que vão entrar nesta remessa no fim da matéria.
Já a cerimônia de assinatura entre Ambiental Ceará e o BNB ocorreu nesta segunda-feira, 11, no Palácio da Abolição.
Este financiamento está atrelado ao alcance das metas de universalização do esgotamento sanitário, definidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento.
O presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, ressaltou a importância do financiamento, e disse que o recurso destaca o compromisso do banco em apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental.
Segundo André Pires, CFO da Aegea, empresa controladora da Ambiental Ceará, 32 mil famílias foram impactadas, e cerca de 50 km de redes de esgoto já foram implantadas.
"São quase 100 mil pessoas que tem o seu esgoto agora coletado, tratado, e vão ter benefícios na saúde, educação, trabalho e vai impactar na qualidade de vida de todo mundo, o que é transformador", disse.
De acordo com a vice-governadora, Jade Romero, 57% dos lares que vão ser impactados com o saneamento são chefiados por mulheres. Além disso, as obras tem potencial de gerar 50 mil empregos diretos e indiretos, além de outros 35 mil postos de trabalho após a conclusão.
Os recursos serão utilizados em 17 das 24 cidades onde a Ambiental Ceará atua. São elas:
Por meio da Parceria Público-Privada (PPP) firmada com a Cagece, a Ambiental Ceará é responsável pela ampliação, operação e manutenção do sistema de esgotamento sanitário em 24 municipios das regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri.
A PPP atende 4,3 milhões de cearenses e, ao todo, R$ 6,2 bilhões serão investidos em obras. O objetivo é promover o avanço do esgotamento sanitário para 90% da população até o ano de 2033, avançando para 95% em 2040.
*Com informações do repórter Lennon Costa
Câmara quer reforçar BNB com R$ 5 bi de parceiros internacionais
Foco da gestão de Paulo Câmara no Banco do Nordeste, a captação de recursos com outros fundos e bancos parceiros internacionais foi alvo de esforços e tem os resultados esperados para a primeira metade do próximo ano. O valor esperado, estima o presidente, é "algo em torno de R$ 5 bilhões, mais ou menos".
"A orientação do governo é de procurar essas parcerias. Bem formatadas, a gente consegue ter rápido. Vamos utilizar o primeiro semestre para isso e o segundo para executar", afirmou Câmara durante o evento de fim de ano do BNB, realizado ontem, em Fortaleza.
O presidente do banco diz considerar importante ter outras fontes de recursos para financiar os projetos, além do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e diz ter conversas avançadas com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Câmara afirmou ainda que o BNB deve manter o posicionamento de baixar mais os juros a cada redução operada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Na avaliação dele, a taxa operada pela instituição para o Crediamigo ainda é alta e pode, a depender da Selic, girar em torno de 1%.
"Para 2024, a gente espera baixar mais um pouco. O Crediamigo era 3,20% e está em 1,94% por mês. É alto ainda. Quero chegar a menos de 1%, mas não sei se vamos conseguir", analisou.
Perguntado sobre os setores alvo do BNB em 2024, Câmara afirmou que está focado no que cada estado quer. A partir dos interesses mais viáveis, ele diz atuar e admitiu ter um olhar especial nas parcerias público privadas em curso.
"Estamos com parcerias muito boas com os governos novos. O novo PAC nos deu uma porta de entrada, porque, nessa questão do saneamento, todos estão nos procurando. Fizemos (contratos de financiamento) com Alagoas, Sergipe e Ceará", enumerou.