Após reclamações de empresários do setor de turismo com diversos apagões nos destinos do litoral cearense durante o Réveillon, a titular da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE), Yrwana Albuquerque, cobrou a Enel Ceará.
Segundo Yrwana, a falta de infraestrutura de energia nos destinos turísticos causou prejuízos e gerou má impressão entre os visitantes que escolheram o Ceará para passar o fim do ano.
"Para um restaurante, a ausência de energia muitas vezes gera prejuízos com a perda de produtos. Continuamos cobrando, temos uma CPI junto com os deputados e estamos focados para que a companhia elétrica entregue o que é desejado", disse ontem, 10.
Ainda segundo a secretária, a empresa justifica que o crescimento da interiorização tem sido grande e contínuo e rebate: "Eles precisam acompanhar isso, não podem esperar e desenvolver a infraestrutura anos depois. Precisamos superar a expectativa dos turistas e não ficar sem energia no Ceará".
Yrwana complementa que o Governo tem estreitado as conversas com a Enel Ceará e cobrado resultados. "Temos uma conversa muito alinhada, cobrando, mostrando a importância que é a atividade turística, principalmente neste período de alta estação".
A secretária conta que já foram realizadas várias reuniões em 2023, com foco no Réveillon, para que a Enel pudesse trabalhar focada nas demandas do setor turístico, de hospedagem e gastronomia.
O problema é recorrente. Em 2023, O POVO noticiou os problemas de empreendedores com apagões em destinos turísticos durante o Réveillon e o Carnaval do ano passado.
A Setur-CE se mostra preocupada, pois os problemas ocorrem enquanto o Governo prioriza a expansão da política de turismo para o Interior.
"Um dos nossos principais desafios como secretária que o governador definiu como prioridade foi para que possamos focar cada vez mais em ter investimentos no nosso Estado, contemplando esses municípios do Interior".
Em meio às cobranças, na terça-feira, 9, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) notificou a Enel Ceará e cobrou da distribuidora de energia explicações sobre a falta de energia nas localidades.
Segundo o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon/MPCE), moradores e visitantes das praias de Canoa Quebrada, Icaraí de Amontada, Cumbuco, Flecheiras e Águas Belas relataram que ficaram mais de 48h sem o serviço.
Isso resultou em graves prejuízos para os setores do comércio e do turismo, bem como para a população, que denunciou danos em eletrodomésticos, alimentos e atividades por conta das frequentes oscilações de energia.
A empresa tem prazo de 20 dias a partir da notificação oficial para apresentar resposta e mostrar as medidas implementadas para restauração do serviço e o plano de ação para devido ressarcimento aos danos sofridos pela população afetada, diz o MPCE.
A situação pode gerar multas à Enel Ceará que variam de R$ 1,7 mil a R$ 17 milhões pelas infrações ao Código de Defesa do Consumidor (CDC).
No último dia 1º e 2 de janeiro, O POVO noticiou casos de apagões em hotéis e restaurantes, especialmente na praia do Cumbuco, a 25 km de Fortaleza, e em Icaraí de Amontada, a 200 km da capital.
Na oportunidade, a Enel informou que fortes chuvas, acompanhadas de descargas atmosféricas e ventos, atingiram a área de concessão da companhia na noite do dia 31 e afetaram o fornecimento de energia para parte dos clientes.
"De imediato, a companhia iniciou manobras de transferência de cargas e reforçou suas equipes em campo para normalizar o serviço aos clientes afetados o mais breve possível", disse em nota.
De acordo com relatos recebidos pelo O POVO de uma pousada localizada em Icaraí de Amontada, o desabastecimento de energia é recorrente em datas festivas na região.
"Ficamos obrigados a alugar ou comprar geradores por conta dessa instabilidade", informou um empreendedor.
"Nesse Réveillon, não foi diferente. A rede não suporta a demanda, e o poder público não toma nenhuma providência efetiva. Houve diversas quedas de energia, com isso, perdemos aparelhos de ar-condicionado e microondas", acrescentou.