O Ceará registrou uma queda de 13,1% na busca por crédito no acumulado de 2023, sendo a 6ª capital do país com um dos piores índices. Em 2022, o recuo foi de apenas 1,7%.
O levantamento foi realizado pelo Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian.
Apesar do crescimento na área de sustentabilidade e indústria cearense, ainda há problemas econômicos a serem resolvidos, o que atinge a procura por crédito, explica Samuel Lima, contador e professor da universidade Estácio.
“Isso causa um maior endividamento das famílias e, consequentemente, uma diminuição na procura por crédito”, afirma em entrevista ao O POVO.
Para o desempenho do Ceará em 2024, o contador destaca que é necessário esperar os índices para identificar o impacto dos programas de renegociação de dívidas, promovidos pelo governo.
Já no Brasil, a queda apontada foi de 9,1% em 2023, sendo o menor nível registrado desde 2013, início da série histórica.
Este já é o segundo ano de recuo, já que em 2022 apresentou uma variação negativa de 3,1%.
Um dos motivos que pode explicar a queda registrada, segundo Samuel Dias, é o alto nível de inadimplência e as taxas pouco atrativas, impactadas pela alta na taxa básica Selic.
O contador também ressalta que há um baixo índice de recuperação de crédito no Brasil, o que acaba tornando mais caro.
“Na prática, é como se o bom pagador acabasse pagando pelo mal pagador, para que as instituições tenham como oferecer o crédito”.
Sobre a taxa de juros, em um ambiente de inflação controlada, a tendência é que haja novos ajustes para baixo. Naturalmente, a queda deverá impactar nos produtos financeiros e, consequentemente, na busca por crédito e investimento privado, de acordo com Samuel.
“Uma taxa de juros mais baixa faz com que a demanda por créditos e investimentos aumente. A expectativa é a de que, com a inflação controlada, esse remédio amargo, que é a taxa de juros mais alta, seja reduzido aos poucos”, disse.
A faixa de brasileiros com renda de até R$ 500 registrou a maior queda na procura por crédito, (-11,4%).
Segundo os dados, conforme a renda vai aumentando, o valor do recuo vai reduzindo. Por exemplo, a menor queda ocorre no grupo com os maiores ganhos, acima de R$ 10 mil (-7,1%).
Todos os estados registraram uma queda no índice em 2023. A de maior impacto foi no Distrito Federal, que apontou um resultado negativo de 17,7%.
Outra diminuição expressiva foi no Amapá, com 17,5%. No Rio de Janeiro o saldo negativo foi de 17%.
Em seguida, a pesquisa Serasa mostrou que a negativação no Rio Grande do Norte foi de 13,7%. No Pará, a queda foi de 13,4%.
Em sexto lugar, o Ceará aparece com um índice negativo de 13,1%.
Nos menores recuos, a busca por crédito em Santa Catarina no ano passado caiu 1,7%. No Rio Grande do Sul, o registro negativo foi de 3,8%. O recuo registrado no Espírito Santo foi de 4,5%.
A maioria dos brasileiros afirma que "organização" é a grande meta para suas finanças em 2024. Levantamento da Serasa revela que 84% dos consumidores com nome limpo e 57% dos inadimplentes esperam conseguir pagar suas contas neste ano.
Seja para manter o nome limpo ou regularizar sua situação no mercado, os consumidores se mostram otimistas com as perspectivas no novo ano.
O levantamento da Serasa foi feito com parceria técnica do Instituto Opinion Box e contou com 4.471 participantes. Quando questionados sobre como foi o ano de 2023 na vida financeira, a maioria destaca "organização" (26%) como a palavra para quem conseguiu limpar o nome.
Outras palavras citadas foram "superação" (22%), tranquilidade e desafio (17%). Já quem ficou com o nome sujo a resposta com maior frequência foi a palavra "dificuldade" (31%), "preocupação" (23%) e "desafio" (18%).
A Serasa destaca que o ano de 2023 serviu como propulsor de um novo momento para a vida financeira, com ampla veiculação de conteúdos de combate ao endividamento, com recordes de negociações estimuladas pelo programa Desenrola Brasil do Governo Federal e outras iniciativas, o debate sobre educação financeira atingiu um estágio mais amplo.
“A pesquisa acompanha o movimento de aumento de renegociações e a preocupação com o planejamento financeiro que se intensificou em 2023”, explica Patricia Camillo, gerente da Serasa e especialista em finanças pessoais.
“Ao se livrar das pendências, o consumidor se sente mais animado e confiante para os próximos passos que estimulam a melhoria da saúde financeira”, pontua.
84% dos consumidores entrevistados com nome limpo acreditam que vão conseguir pagar as contas em dia ao longo de 2024.
Dos entrevistados que quitaram as dívidas, 28% projetam investir, 28% tem como objetivo cuidar da saúde e 25% planejam continuar pagando as contas em dias.
23% buscam empreender em 2024 e 21% analisam viajar.
Os consumidores que apresentaram dificuldade para quitar as dívidas em 2023 também demonstram otimismo para este ano.
Pelo menos 57% do público inadimplente acredita que conseguirá pagar as dívidas pendentes.
Entre os demais planos, 29% projetam cuidados com a saúde, 19% sonham em investir, 18% desejam empreender e 16% deles fazem, inclusive, planos de viagem.