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Startup: inovação transversal que liga soluções, pequenas empresas à indústria
Reportagem Seriada

Startup: inovação transversal que liga soluções, pequenas empresas à indústria

O terceiro e último episódio do especial O Futuro da Indústria Sustentável mostra que a agilidade, a flexibilidade e o DNA inovador das startups proporciona que a indústria escale projetos mais tecnológicos, sustentáveis e ligados à agenda ESG
Episódio 3

Startup: inovação transversal que liga soluções, pequenas empresas à indústria

O terceiro e último episódio do especial O Futuro da Indústria Sustentável mostra que a agilidade, a flexibilidade e o DNA inovador das startups proporciona que a indústria escale projetos mais tecnológicos, sustentáveis e ligados à agenda ESG
Episódio 3
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Em um mundo repleto de informações com preocupações ambientais e sociais o dinamismo, a agilidade e a acertabilidade são necessários para que os avanços se concretizem.

Mas como fazer isso dentro das indústrias? Uma solução que vem sendo utilizada por empresas com diferentes portes é o apoio das startups.

“As startups conseguem fazer as ações muito mais rápido do que as grandes empresas fazem e muitas das startups já nascem com o propósito da sustentabilidade”, observa Carina Pereira, gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil.

A gerente observa que muitas vezes uma indústria tem que começar a testar uma linha de produtos novos, enquanto a startup já traz todo o plano de negócio pronto com todos os olhares para a nova economia sustentável.

Carine destaca que o que a GS1 percebe é que o aprendizado que as grandes indústrias e empresas têm com as startups é justamente a velocidade, direcionamento e potencial de parceria para acertar hipóteses por meio de provas de conceitos para avaliar se uma solução vai ser escalável e se terá resultado.

“E também se o impacto que ela se propõe ambiental ou social realmente vai acontecer. Para a grande indústria é importante estar dentro desse ecossistema de inovação para aprendizado e para pilotar projetos desafiadores de olho na agenda da sustentabilidade e ESG”, aponta.

E para as startups o benefício das parcerias com a indústria e ter recursos para que os projetos aconteçam. “Essa troca profissional é muito boa, pois a startup entra muitas vezes em um ambiente “engessado” industrial com novas propostas de inovação’, considera.

O articulador da Unidade de Gestão de Inovação e Sustentabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Ceará, Herbart Melo, concorda com Carine e detalha que as startups desempenham um papel significativo no desenvolvimento da indústria de diversas maneiras.

“Elas frequentemente surgem com ideias inovadoras e soluções tecnológicas disruptivas que podem revolucionar a forma como as indústrias operam. Elas introduzem novas tecnologias, processos e produtos que impulsionam a eficiência e a competitividade”, ressalta Melo.

E complementa, ainda, que as startups são conhecidas por sua agilidade e flexibilidade. E adaptação rápida às mudanças do mercado e experimentação de abordagens inovadoras sem os obstáculos burocráticos que as grandes empresas muitas vezes enfrentam.


 

Para Melo, a entrada de startups no mercado aumenta a concorrência, o que incentiva as empresas estabelecidas a melhorar seus produtos e serviços, reduzir custos e inovar.

O gerente do Instituto Senai de Tecnologia (IST), Carlos Egberto, conta que no Ceará a entidade tem feito muitos trabalhos com startups. Como por exemplo, um projeto de inovação social que fez com a FWK.

“Conversamos com pessoas de uma determinada comunidade e as ouvimos para saber o que elas mudariam como usuários do próprio ambiente em que vivem. Receemos ideias em que podemos desenvolver soluções como relacionadas ao transporte público, logística, entre outros. Isso, na perspectiva não de um empresário, mas de um usuário da comunidade”, declara.

Outra iniciativa do IST está mais ligada a indústria 4.0 impactando a produtividade de 52 empresas no Estado. “São empresas de diversos setores. Estamos trabalhando com duas startups, Rocks Tecnologia e a LS Engenharia, que vão aplicar soluções que já possuem nessas empresas”.

 

 

Inteligência artificial, metaverso e realidade virtual

Há um ano e meio no mercado, a Metazon, surgiu pois o seu CEO, Alder Lima, percebeu que poderia fazer a diferença no mercado com um produto que agride menos a natureza e gera economia para a indústria por meio da realidade virtual.

“Esta direcionada à indústria de diversas maneiras, aproveitando o potencial da realidade virtual (RV) e inteligência artificial (IA) para melhorar processos, treinamento, colaboração e muito mais. A chave é entender as necessidades da indústria, desenvolver soluções adaptadas e demonstrar o valor que a realidade virtual pode agregar aos processos existentes”, afirma.

Ele aplica a realidade virtual, o metaverso e a inteligência artificial em maquetes Virtuais interativa para construtoras e incorporadoras e explica que as empresas podem usar RV para criar prédios e apartamentos, permitindo que designers e engenheiros testem ideias e funcionalidades antes de criar um protótipo físico.

“Isso economiza tempo e recursos. Além de trazer uma experiência para o futuro comprador do imóvel onde ele pode visitar o empreendimento e interagir com o local antes mesmo de estar pronto”, observa Lima.

Essa metodologia que criou ainda pode ser utilizada em treinamento e capacitação, pois a RV cria ambientes de treinamento imersivos que permitem aos funcionários praticar tarefas e procedimentos em um ambiente virtual, reduzindo riscos e custos associados ao treinamento.

Da mesma forma ele explica da utilização na segurança em que a realidade virtual é usada para simular situações de segurança em ambientes industriais, ajudando a treinar funcionários para lidar com emergências de forma mais eficaz.

Ou, ainda, para manutenção e reparos, pois pode fornecer para as indústrias guias com passo a passo em tempo real para técnicos de manutenção, permitindo que eles realizem tarefas complexas com eficiência.

No Ceará, Lima tem case com a ArcelorMittal, onde desenvolveu uma solução para o lançamento de um produto de maneira gamificada até parcerias com o Sesi Ceará. “Além disso, vamos atuar em todo o País a partir de janeiro de 2024 com uma equipe comercial robusta que vai atingir algumas frentes como indústria, construtora e saúde mental no metaverso”, antecipa.

Hoje, sua startup está residente no Instituto Senai de Tecnologia e no Centro de Inovação Sesi (IST- CIS), no Ceará, onde tem um escritório e desenvolve alguns projetos juntos, como a construção de um ambiente no metaverso para os colaboradores da indústria, onde pode encontrar informações como mitos e verdades com respeito a saúde Mental, por exemplo.

 

 

Inovação tecnológica social

 

O cearense Eduardo Freire, CEO da FWK - Innovation Design, criou a startup, Orfeu, que originou-se nos Estados Unidos como um switch de conexões voltado para inovação na gestão focada em pessoas.

Ela surgiu como um spin-off da FWK, uma consultoria global com presença no Brasil e em processo de internacionalização para os EUA e Portugal.

Eduardo Freire, CEO da Orfeu, startup que se originou nos EUA como um switch de conexões voltado para inovação na gestão focada em pessoas(Foto: Larrisa Nobre/ Divulgação FWK)
Foto: Larrisa Nobre/ Divulgação FWK Eduardo Freire, CEO da Orfeu, startup que se originou nos EUA como um switch de conexões voltado para inovação na gestão focada em pessoas

Freire conta que o Orfeu foi desenvolvido a partir da colaboração com um ex-diretor de Inovação de um cliente da FWK e que seu objetivo é fornecer uma plataforma que concretize estratégias de inovação corporativa, laboratórios de ideias e Open Innovation.

“Assim, atuamos desde a concepção de uma estratégia, com auxílio de inteligência artificial Generativa, usando ChatBotGPT/OpenAi, até a criação de comunidades internas e externas, materializando todo o ecossistema de inovação”, explica.

No Ceará, a startup colabora com uma empresa de grande porte do setor alimentício e também com o mapeamento de empreendedores na Expo Favela. Freire destaca que a startup tem origem cearense, mas possui foco internacional, começando pelos EUA.

 Time Orfeu/FWK com Davi Rodrigues, Eduardo Freire e Matheus Santos(Foto: Larissa Nobre/ Divulgação FWK)
Foto: Larissa Nobre/ Divulgação FWK Time Orfeu/FWK com Davi Rodrigues, Eduardo Freire e Matheus Santos

Revela ainda que, atualmente, a maioria dos clientes está fora do Ceará, com alguns até fora do Brasil, englobando unidades do Sebrae, empresas de saúde, energia e agro.

E, por meio da FWK Labs tem uma presença ativa no Hub do Senai Ceará. Já investiram cerca de R$ 400 mil na versão inicial do produto Orfeu. O foco é uma gestão mais humanizada, na qual o Orfeu potencializa o engajamento, reconhecimento e oportunidades de inovação.

“Mais do que desejar inovação é essencial que as empresas concretizem essas aspirações. Trabalhar com inovação, tecnologia e sustentabilidade significa focar na evolução e perenidade dos negócios. Infelizmente muitas empresas ainda não estão priorizando essas áreas. No entanto, instituições como o Senai-CE possuem expertise técnica e parceiros dispostos a colaborar”, considera Freire.

Por outro lado, ele percebe uma certa resistência das corporações locais em se abrir para tais inovações. Mas vê como vantagem de trabalhar nesse setor no Ceará a oportunidade de desenvolver soluções não apenas para o mercado local, mas para o Brasil e o mundo.

“Por exemplo, em uma visita recente a Minas Gerais e São Paulo, descobrimos que tecnologias desenvolvidas na Dinamarca já existem e são até superiores no Senai-CE. O Estado possui talento e competência, mas precisa explorar melhor seu potencial inovador”, finaliza.

 

 

Moda sustentável ganha destaque

 

A startup Phycolabs  desenvolveu a produção de uma fibra têxtil a partir de algas marinhas encontradas em grande proporção no litoral brasileiro, incluindo o Ceará. A iniciativa foi apresentada no Congresso Internacional de Inovação da Indústria realizado pela CNI e pelo Sebrae.

No caso desse produto, a sustentabilidade está presente porque diferente de componentes sintéticos, como poliéster, elastano e nylon, as algas possuem características ecológicas já que são biodegradáveis. O tipo de alga pesquisada, a Rhodophyta, é encontrado em abundância no Nordeste brasileiro e tem bons resultados em relação à resistência e tingimento.

Thamires Pontes, fundadora e ceo da empresa, é mestre em Têxtil e Moda e informa que a fibra desenvolvida à base de algas permite a combinação com outros produtos, como algodão, linho, rayon e cânhamo.

"É muito importante entender o impacto ambiental dos produtos e como as escolhas dos consumidores podem impulsionar a inovação sustentável. Com a ecoinovação podemos reestruturar processos de produção, criar cadeias de suprimentos sustentáveis, melhorar a eficiência energética, promover a reciclagem e reutilização, entre outras práticas”, declara Thamires.

Ela conta que a equipe enfrentou alguns desafios tecnológicos de escala, mas que ele chegará ao mercado Atualmente, o produto está na fase de finalização do protótipo.

“Temos o compromisso de aliar tecnologia, inovação, respeito ao meio ambiente ao seu próximo look”, diz a ceo. A tecnologia desenvolvida por ela já conta com reconhecimento internacional, na Suécia, em função do potencial de impactar o mercado da moda e da indústria têxtil.

 

 

Diagnóstico para impacto socioambiental

 

O Sebrae lançou no início de novembro o Diagnóstico de Startups de Impacto Socioambiental para auxiliar startups que se dedicam a resolver desafios socioambientais por meio de seus negócios. Diferente das startups convencionais, as startups de impacto buscam além do retorno financeiro, o retorno social e ambiental.

Em geral, as startups de impacto socioambiental são aqueles empreendimentos que se dedicam à sustentabilidade e que geram impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, ao mesmo tempo em que buscam criar negócios escaláveis e lucrativos.

Foco desse tipo de negócio é grandes mercados, expandir geograficamente e promover mudanças significativas em larga escala. Para serem consideradas startups de impacto precisam seguir alguns critérios como intenção de resolver problemas sociais e/ou ambientais.

E, ainda, ter como atividade principal a solução desses problemas; operar com base na lógica de mercado e gerar receita por meio da venda de produtos e/ou serviços próprios; ter potencial de escalabilidade; e se comprometer com o monitoramento do impacto gerado e ter potencial de escala.

No Brasil, segundo dados da Sling Hub, plataforma de inteligência de dados sobre o ecossistema de startups latino-americano, existem cerca de 20 mil startups. No entanto, estudo da Pipe.Social revela que apenas 1.011 negócios de impacto socioambiental foram mapeados no País até 2023. 

 

 

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