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Famílias comprometem 67% da renda mensal para financiar imóveis em Fortaleza, segundo pesquisa
Economia

Famílias comprometem 67% da renda mensal para financiar imóveis em Fortaleza, segundo pesquisa

| EM DEZEMBRO DE 2023 | Pesquisa relacionou preços dos imóveis anunciados em plataformas imobiliárias e renda média domiciliar calculada pelo IBGE
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Das 20 cidades pesquisadas, Fortaleza é a 6º com maior nível de comprometimento de renda com financiamento (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Das 20 cidades pesquisadas, Fortaleza é a 6º com maior nível de comprometimento de renda com financiamento

As famílias comprometem, em média, 67% da renda mensal para financiar imóveis em Fortaleza, de acordo com o Instituto Cidades Responsivas. Os últimos dados, referentes ao mês de dezembro de 2023, mostraram que o preço médio das moradias na capital cearense foi de R$ 450,5 mil, enquanto a renda domiciliar média ficou em R$ 4.703,82.

O indicador, com metodologia experimental, se baseia na coleta dos preços dos imóveis anunciados em plataformas imobiliárias e na renda média domiciliar de cada capital por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A partir dos anúncios imobiliários, são estimadas as parcelas que precisariam ser pagas mensalmente para a compra de um imóvel, com o preço médio encontrado na cidade”, detalhou o estudo. Há, ainda, um coeficiente de redução no cálculo das parcelas, que considera a tendência das habitações serem vendidas por valores abaixo dos anunciados.

Indicador de Acesso Habitacional no Brasil

Na pesquisa, o percentual do salário destinado aos financiamentos imobiliários em Fortaleza é superior ao recomendado pela Lei de Comprometimento de Renda (Nº 8.692/1993), cujo ideal é de 30%. É indicado, por exemplo, destinar até R$ 300 à moradia caso uma pessoa receba R$ 1.000 mensais, a fim de não interferir em outros gastos essenciais.

“Existe um desequilíbrio no mercado imobiliário entre demanda e oferta de imóveis por conta da renda da população, que é muito baixa no caso de Fortaleza”, disse a economista e diretora de economia popular e solidária da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Silvana Parente.

O cenário envolve consequências relacionadas a uma eventual precarização das moradias e aumento no valor do aluguel, conforme a especialista. “Uma forma de amenizar o problema são políticas urbanas e habitacionais que venham baratear o preço de oferta de imóveis populares, assim como o subsídio nas prestações, no caso do programa Minha Casa, Minha Vida”.

Ao passo que a falta de acesso a habitações adequadas, calculada pelo déficit habitacional, foi de 107.230 em Fortaleza e na Região Metropolitana entre 2016 a 2019. No Ceará, de 239.187. Os valores foram enviados pela Secretaria das Cidades do Governo do Estado do Ceará ao O POVO, baseados em informações da Fundação João Pinheiro.

“As regiões com o maior déficit habitacional são: Região Metropolitana de Fortaleza, Região Metropolitana de Sobral e Região Metropolitana de Juazeiro. O foco do governo para mitigar a situação será a regulamentação de um programa próprio, que será divulgado ainda este ano, bem como a busca de recursos externos”, informou o órgão.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Filipe Pontual, analisou, neste sentido, que há um esforço dos programas habitacionais em entender as condições de renda das pessoas, especialmente as que têm trabalhos informais.

“Um percentual importante dos trabalhadores tem uma renda informal e, portanto, possivelmente incerta também, o que torna um pouquinho mais difícil (a comprovação e acesso ao crédito)”, disse em entrevista à rádio O POVO CBN na terça-feira, 20.

A Abecip verificou que, em 2023, o Ceará contou com um volume de R$ 2,97 bilhões em crédito imobiliário, com 10.230 imóveis financiados. No Brasil, foram R$ 251 bilhões. Já a perspectiva para este ano é atingir um volume semelhante.

*Com informações de Révinna Nobre

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