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A figura feminina como liderança no setor de energia eólica
Economia

A figura feminina como liderança no setor de energia eólica

Camilla Elpídio lidera uma equipe formada na maioria por homens na manutenção de parques eólicos no Nordeste
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Camilla Elpídio, supervisora de serviços e manutenção para a Vestas.  (Foto: FELIPE SILVA)
Foto: FELIPE SILVA Camilla Elpídio, supervisora de serviços e manutenção para a Vestas.

Com uma trajetória marcada por cargos de liderança tradicionalmente ocupados pelo ambiente masculino, Camilla Elpídio destaca a experiência e o desenvolvimento na vida profissional.

Natural de Fortaleza, hoje, Camilla lidera uma equipe, desde 2022, formada em sua maioria por homens, na empresa dinamarquesa Vestas, fabricantes de turbinas eólicas.

A supervisora de serviços e manutenção percorre parques eólicos pelo Nordeste e ressalta a liderança e a expansão feminina no mercado. Para a engenheira mecânica, o alinhamento dos conhecimentos profissionais com a vida pessoal é um fator significativo para o caminho da liderança feminina.

Camilla também aponta a diversidade como um ponto relevante para a integração da equipe dentro da ambientação de trabalho.

Em entrevista ao O POVO, Camilla Elpídio detalha o crescimento e a importância da figura feminina dentro do mercado do setor eólico.

O POVO - Como a senhora aborda os desafios de liderar uma equipe predominantemente masculina na indústria de energia eólica?

Camilla Elpídio - Ao longo da minha carreira, trabalhei na área de manutenção em diferentes setores cujas posições de liderança são mais tradicionalmente ocupadas por homens, e a experiência me ajudou a me desenvolver em aspectos de gestão importantes, como maturidade, autoconfiança e naturalidade para liderar as equipes em campo.

Há 2 anos, quando me juntei a Vestas, marcando minha entrada no setor de energia eólica, assumi a posição de supervisora de serviços, liderando uma equipe de profissionais, em sua maioria homens, altamente qualificados em suas áreas de atuação.

Meu estilo de liderança também nessa função está pautado em estabelecer e manter um ambiente de confiança, respeito e autonomia, porque acredito que, sem isso, a equipe não funciona e o resultado não é alcançado.

Também aposto muito na troca de experiências e visão entre os membros do time, e fico muito feliz de ver que essa é uma prática forte e muito valorizada por aqui.

O POVO - Quais são os benefícios que a diversidade de gênero traz para o setor de energia eólica?

Camilla Elpídio - Na Vestas, quando falamos sobre diversidade, vejo que a empresa não está olhando apenas para a atração, inclusão e desenvolvimento de mulheres.

A diversidade é pensada de uma forma bem mais ampla (orientação sexual, etnias, posicionamento social, culturas, idade etc.) e, desde que me juntei ao time, tenho visto uma integração positiva entre todas essas pessoas na equipe – o que potencializa o trabalho e os resultados do time, e permite o compartilhamento de diferentes experiências em prol do negócio e da criação de uma sociedade muito mais inclusiva.

O fato de o setor eólico ser um setor mais jovem quando comparado a outras indústrias confere a vantagem de se diferenciar na capacidade de ter um pensamento mais inovador, com a sinergia promovida pela pluralidade.

Quando nos propomos a atuar em prol da construção de um futuro mais sustentável, que é nosso compromisso como Vestas, incluir conceitos de diversidade em tudo que fazemos e promover oportunidades igualitárias a todas as pessoas é um diferencial de enorme valor, e me orgulho muito de acompanhar essa jornada na prática e de perto no meu papel de liderança de um time de services de alto desempenho.

O POVO - Há metas da Vestas para inserir mais mulheres no mercado de energia eólica?

Camilla Elpídio - A Vestas está focada em apoiar seus clientes e os mercados em que atua em suas jornadas de transição energética e avanço a um futuro sustentável, apoiado nas soluções de energias renováveis que oferece.

E é muito perceptível o compromisso da empresa em incentivar que as mulheres façam parte e assumam protagonismo na construção dessa história.

A empresa investe na coleta e estudo de dados para entender a força de trabalho e medir o progresso na melhoria da equidade de gênero em todo o mundo, além de parcerias externas para impulsionar o desenvolvimento das profissionais.

E, como resultado, já somos mais de 30% de mulheres em posições de liderança no Brasil, superando a meta global que estava previamente estabelecida para 2030.

O POVO - Qual é a importância da representação feminina nos cargos de liderança para o futuro da indústria de energia eólica?

Camilla Elpídio - Na minha opinião, acreditar e apostar na promoção da diversidade nas empresas é algo que beneficia a todos – a própria organização, o setor em que ela atua, o mercado em geral, e a sociedade como um todo, porque só assim é possível assegurar os avanços e desenvolvimento social que almejamos para as futuras gerações.

E para as atuais também! Mas, sem dúvida, esse é um trabalho que se constrói a várias mãos e começa por um pensamento estratégico e inclusivo da alta gestão das empresas.

Desde que cheguei a Vestas, tenho presenciado atitudes de valor nesse sentido, com grande respaldo e estrutura para desenvolvermos uma carreira de sucesso no setor de energia eólica – algo que, certamente, pode servir de inspiração para muitos outros setores.

O POVO - Quais são as oportunidades de crescimento para as mulheres interessadas em ingressar na indústria de energia eólica?

Camilla Elpídio - O setor eólico é um segmento mais jovem no Brasil se comparado a outras indústrias, e que segue em franca expansão e abrindo portas.

Há muitas oportunidades de trabalho e desenvolvimento para diversos perfis de pessoas que tenham interesse em atuar proativamente para a transição energética que tanto queremos ver, e aqui na Vestas isso independe totalmente da cultura, da idade, da classe social, do gênero etc.

Temos mulheres incríveis atuando em diferentes áreas e etapas de um projeto eólico. Desde a idealização e otimização dos projetos, supply chain, engenharia, transporte e construção dos parques, até a área de services – que é onde atuo, liderando uma equipe de operação e manutenção dos parques –, há muitos talentos femininos fazendo a diferença na Vestas e deixando um legado importante no mercado.

Sempre comento com as mulheres que me perguntam sobre as oportunidades desse setor eólico que, como em qualquer indústria, também requer que estejamos muito bem-preparadas tecnicamente para assumir os desafios diários.

Saber equilibrar bem a vida pessoal e a rotina profissional é um outro fator que sempre me dediquei a aprender e exercitar mais e mais, para que eu pudesse fazer a diferença sem impactar negativamente na minha qualidade de vida.

A minha função, por exemplo, demanda um volume expressivo de viagens e deslocamentos, e me organizar nessa rotina sempre foi fundamental; assim como dominar um segundo idioma, já que há oportunidades interessantes de interação com times multiculturais e de traçar carreiras internacionais.

A inteligência emocional igualmente faz parte das skills importantes para o desenvolvimento de uma carreira de sucesso. Com essa habilidade, é preciso que a pessoa, independente do gênero, consiga fazer uma conexão entre o que a empresa busca e o que ela busca para o futuro, refinando seu posicionamento como profissional.

Fato é que estamos falando de um mercado cheio de potencialidades. Se olharmos o País como um todo, o Brasil detém 10% de todos os empregos verdes gerados no planeta e figura na segunda posição em geração de empregos no setor de energia, segundo levantamento da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês). E dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que, até 2030, as energias renováveis devem criar mais de 38 milhões de empregos em todo o mundo.

O POVO - Como a senhora equilibra as demandas profissionais e pessoais como líder em um setor tão dinâmico como o de energia eólica?

Camilla Elpídio - O trabalho de manutenção de parques eólicos é realizado 24h por dia e, em primeira instância, poderíamos dizer que esse é um desafio frente à busca de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Isso se aplica a todos os profissionais, mas talvez, quando pensamos nas profissionais mulheres, isso possa ser visto como ainda mais desafiador. No meu caso, felizmente, conto com uma rede de apoio que entende a importância do meu trabalho e me respalda emocionalmente e na divisão de tarefas.

Se o apoio familiar já é importante, a postura respeitosa e colaborativa do meu gestor e do meu time também faz toda a diferença.

Recentemente, eu descobri que estou grávida e, quando compartilhei a notícia aqui na Vestas, ela foi recebida por todos com alegria e entusiasmo – o que me trouxe ainda mais segurança e reforçou minha tranquilidade de viver a experiência da maternidade sem me desfocar do meu futuro profissional.

Esse é um diferencial importante para nós, mulheres, e algo que valorizo muito.

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