O bairro do Pirambu possui 97,49% de seu território classificado como favela, enquanto outros dez bairros de Fortaleza não têm áreas do tipo.
A desigualdade na Capital, contudo, vai além da questão habitacional. Quem mora no Parreão, por exemplo, vive em média 21 anos a mais que quem mora no Novo Mondubim. As médias de idade ao morrer nos dois bairros são de, respectivamente 77,1 anos e 56 anos.
Já a extensão da rede de esgoto nos bairros Itaperi e Parque Santa Rosa é de apenas 0,01 metro por habitante, enquanto no bairro Manuel Dias Branco, chega a 5,59. Desproporção grande também pode ser verificada no número de matrículas de ensino básico. Messejana, por exemplo, concentra 4,46% das matrículas da Capital, enquanto o Amadeu Furtado apenas 0,02%.
Todos esses dados constam da plataforma Desigual Lab, relacionada ao laboratório homônimo, ambos lançados ontem pelo Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), em parceria com a Universidade de Chicago. O objetivo da unidade de inovação é ajudar a construir políticas públicas de combate às desigualdades socioeconômicas, ambientais e de infraestrutura urbana, além de dar acesso de informação ao público sobre os indicadores de cada um 121 bairros do município.
“Para cada uma das desigualdades que a gente identificar na cidade, vamos desenvolver políticas com as secretarias e avaliar o impacto dessa iniciativa no município. Nesse processo de avaliação, o prefeito vai poder tomar uma decisão mais precisa acerca do que deve ser feito na cidade e qual é o impacto que vamos ter na Capital”, disse o vice-prefeito e superintendente do Iplanfor, Élcio Batista.
“As políticas públicas de Fortaleza passarão a ser testadas e realizados os custos-benefícios dessas políticas. Então, a Universidade de Chicago e o Development Innovation Lab estão nos auxiliando a construir esse laboratório de governo”, disse, por sua vez, a diretora do Desigual Lab e do Observatório de Fortaleza do Iplanfor, Elisângela Teixeira.
Ela acrescentou que compreendendo “ entendendo uma causa e efeito do ponto de vista científico, podemos dimensionar o potencial que uma política pode ter na cidade”. Entre os programas municipais que serão avaliados, inicialmente, pelo Desigual Lab estão: Nossas Guerreiras, Costurando o Futuro, Bolsa Jovem e Caminhos da Escola.
Por sua vez, o prefeito de Fortaleza, José Sarto, destacou que a cidade tem baseado suas políticas públicas e de planejamento em dados científicos. “O Iplanfor, o Desigual Lab e a Citinova, junto com toda a nossa área de inovação, vão se reunir, pensar e analisar as políticas públicas que podem ser aprimoradas dentro do município”, ressaltou.