Com US$ 97,9 milhões, as exportações do Ceará apresentaram recuo anual de 42,3% em fevereiro deste ano e de 11,5% em relação a janeiro. Os dados do Ceará em Comex – feito pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará, vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) –, destacam desafios importantes e contínuos para o comércio exterior no Estado, relacionados ao mercado e à necessidade de ajustes estratégicos.
Em janeiro deste ano, as exportações sofreram uma queda mais acentuada, atingindo -46,3%, totalizando US$ 110,6 milhões. Até o momento, o acumulado de exportações em 2024 apresenta uma retração anual de 44,5%, totalizando US$ 208,5 milhões. O saldo comercial do período ficou negativo, em -US$ 237,4 milhões, indicando mais importações do que exportações. Essa variação anual foi de -165,6%.
“Aproveitando suas capacidades logísticas e comerciais, é fundamental buscar a melhoria contínua dos indicadores de comércio exterior para fomentar a recuperação e o crescimento econômico sustentável do Estado”, detalhou o documento, afirmou que a manutenção de lugares de destaque no Nordeste e a nível nacional ressaltam a necessidade de estratégias focadas na ampliação da competitividade do Ceará no mercado global.
O Ceará ocupou, ainda, a quarta posição em valores de exportação no Nordeste nos dois primeiros meses de 2024, com participação no mercado brasileiro de 0,4%. No entanto, está atrás da Bahia (com US$ 1,5 bilhão e participação no mercado nacional de 3,1%), Maranhão (com US$ 585,5 milhões e participação no mercado nacional de 1,2%) e Pernambuco (com US$ 241,8 milhões e participação no mercado nacional de 0,5%).
Em relação ao Brasil, o Estado ficou na 16ª colocação em exportações no acumulado deste ano. O primeiro colocado foi São Paulo, com US$ 9,9 bilhões exportados e uma participação de mercado de 19,8% no País. Já o Acre ficou na última posição, com US$ 7,8 milhões em exportação e participação nula no mercado nacional. Houve ainda US$ 2,9 bilhões exportados que não foram declarados em nenhum Estado.
São Gonçalo do Amarante foi o município que mais exportou no Ceará no acumulado do ano, totalizando US$ 61,9 milhões. O local, situado a 59 quilômetros de Fortaleza, abriga o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). No entanto, houve uma queda significativa de 69,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, sua participação de mercado diminuiu de 54,3% em 2023 para 28,8% em 2024.
De acordo com análise dos dados, São Gonçalo do Amarante enfrentou um ano de ajustes. “O município, tradicionalmente forte no setor de ferro e aço, viu uma mudança significativa nos mercados de destino. (...) Mercados como México e Estados Unidos, embora em valores reduzidos, voltaram a figurar entre os destinos, sinalizando a necessidade de diversificar e adaptar as exportações às novas realidades do comércio global”.
Fortaleza veio logo atrás, com US$ 39,8 milhões exportados nos dois primeiros meses de 2024. Em contraste com São Gonçalo do Amarante, a capital cearense registrou um aumento de 31,4% na comparação anual. Sua participação de mercado atingiu 18,5% no período, enquanto no mesmo período do ano anterior estava em 8,2%. “Fortaleza consolidou sua posição como um centro vital para as exportações do Estado”, disse o levantamento.
O Estado importou um total de US$ 446 milhões em 2024, o que representa uma queda de 4,1% em comparação ao ano anterior. Em janeiro, as importações atingiram US$ 264,8 milhões, apresentando um aumento de 0,4% em relação a igual período de 2023. Por outro lado, em fevereiro, o valor importado foi de US$ 181,1 milhões, indicando uma redução significativa tanto em comparação ao mês anterior (-31,6%) quanto ao ano anterior (-10,1%).
“Em termos de importações, o Ceará alcançou a 14ª posição no ranking nacional, enfatizando sua função como destino importante para produtos estrangeiros no Brasil. Regionalmente, o Estado também assegurou a 4ª posição, reiterando seu papel crítico como hub logístico e comercial no Nordeste”, detalhou o documento do Ceará em Comex.
Segundo análise do Ceará em Comex, a queda nas importações indica uma possível cautela nas atividades econômicas internas, o que leva a uma demanda reduzida por produtos estrangeiros. Por outro lado, o saldo comercial reforça a necessidade urgente de implementar estratégias eficazes para reverter essa tendência negativa. “Um cenário desafiador”, pontuou a entidade no documento.
Peles e couros alcançam melhor desempenho de exportação no Ceará desde 2021
O setor de peles e couros alcançou o seu melhor desempenho desde 2021 no Ceará. Os dados do acumulado deste ano mostram que foram exportados cerca de US$ 7 milhões, o equivalente a uma alta de 36,9% na base anual de comparação.
No entanto, o segmento que teve maior impacto nas exportações em 2024 foi o de ferro fundido, ferro e aço. Foram US$ 57,6 milhões exportados apesar da queda de 70,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Calçados, polainas e artefatos semelhantes vieram logo em seguida, com US$ 41,2 milhões exportados, mas também registraram recuo de 37% no ano a ano. Já frutas, cascas de frutos cítricos e de melões ficaram com US$ 23,6 milhões e retração anual de 25,4%.
Por outro lado, uma das últimas colocações ficou a cargo de sal, enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento. Foram US$ 6,4 milhões exportados (-0,2% ano a ano). Algodão foi ainda pior, com US$ 3,3 milhões em exportações (-9,8% ano a ano).
Os Estados Unidos foram o destino da maior parte das exportações cearenses em 2024, acumulando US$ 49,5 milhões. Entretanto, houve recuo de 72,6% em relação ao ano anterior no País.
O negócio com os Estados Unidos enfrentou diminuição significativa nas exportações de ferro fundido, ferro e aço, saindo de US$ 143,42 milhões para US$ 14,98 milhões na base anual. Ainda assim, o país é o principal destino das exportações cearenses.
Em seguida, está a Coreia do Sul. Foram US$ 26,6 milhões exportados do Ceará para o país asiático, que, inclusive, registrou uma alta de 2.363% nas exportações advindas do Estado. "Um aumento espetacular" na visão do Ceará em Comex.
"A Coreia do Sul surgiu como um parceiro comercial significativo para o Ceará. (...) Esse crescimento impressionante foi impulsionado exclusivamente pelas operações no setor de ferro fundido, ferro e aço realizadas em janeiro", detalhou.
A maioria das exportações do Ceará em 2024 ocorreu por via marítima, responsável por US$ 193,4 milhões e 162,1 quilogramas. Apesar da liderança, a variação anual ficou negativa para o segmento marítimo, com queda de 44,1% em comparação a 2023.
Exportações no Ceará em 2024
Janeiro: US$ 110,6 milhões (-46,3% na base anual)
Fevereiro: US$ 97,9 milhões (-42,3% na base anual)
Acumulado: US$ 208,5 milhões (-44,5% na base anual)
Saldo Comercial: -US$ 237,4 milhões (-165,6% na base anual)
Fonte: Ceará em Comex