O Ceará é o local que mais emprega, levando em consideração o segmento da moda, no Norte e Nordeste. No cenário nacional, o Estado ocupa a quinta posição.
A posição se dá devido aos números conquistados em 2023. Ao todo, foram gerados 149 mil postos de trabalhos diretos, além de 74,7 mil empresas ativas e um volume de US$ 268 milhões exportados.
Os dados são do estudo Setor da Moda no Estado do Ceará, realizado pelo Centro de Inteligência do Sistema Fecomércio Ceará e Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), e foi divulgado no "Ceará está na Moda", evento pensado para impulsionar o setor produtivo da moda cearense para o Brasil.
Aqui, o ramo é composto por indústrias de fiação, tecelagens planas e de malhas, confecções da linha de lar e do vestuário, beneficiadores, produtores de aviamento e de componentes, além da fabricação de produtos calçadistas e outras indústrias do ramo do têxtil, confecções e calçados.
O presidente do IPDC, José Afonso Bezerra Jr, reforça que o setor é um dos maiores geradores de empregos no Ceará e representa cerca de 12% do total de empresas ativas no Estado.
"Trata-se de um segmento com muita robustez e presença na economia cearense e faz muita diferença na vida dos cearenses, seja da Capital e Região Metropolitana como em municípios do Interior."
De acordo com o estudo, comparando com os demais estados brasileiros, o Ceará ocupa a nona posição em número de empresas ativas (74,7 mil) que pertencem a esse universo.
Considerando apenas o Nordeste, o Ceará passa a ocupar a segunda posição, atrás apenas da Bahia (101 mil). Desse total, cerca de 70% são microempresas, enquadradas no regime de Microempreendedor Individual (MEI).
Nesse sentido, o presidente do IPDC destaca um ponto importante no que refere-se à abertura de novas empresas entre 2014 e 2023, que ganhou mais força a partir de 2018.
Segundo o estudo, esse comportamento alcançou o ponto mais elevado em 2022, com 10,5 mil empresas abertas que continuam ativas. Em 2023, embora tenha havido uma redução na abertura de novas empresas do setor, o montante é superior a todos os anos anteriores (9.913).
Além disso, José Afonso Bezerra Jr afirma que houve uma migração do percentual de novas empresas em direção ao formato Microempreendedor Individual (MEI).
Para o período observado, de 2014 a 2023, a abertura de MEI (43.793 novas empresas) é superior quando comparado àquelas que não são (11.294). "Importante ressaltar que essas empresas continuam ativas, o que significa crescimento e sustentabilidade econômica no mercado", explica.
Outro ponto é que, das 149 mil pessoas empregadas no setor da moda (9,74% da mão de obra formal do Estado), a maioria possui escolaridade de Ensino Médio completo.
Já o salário médio pago, em 2021, foi de R$ 1,39 mil. Grande parte desses trabalhadores se concentra na faixa etária de 20 a 39 anos de idade.
O setor industrial é o que mais emprega, mas é o setor de serviços que paga a melhor hora trabalhada (R$ 7,21), contra R$ 6,58 do comércio e R$ 6,49, da indústria.
O estudo também trouxe análises sobre formação e capacitação na área. No Ceará, existem 13 cursos na categoria técnico/profissional divididos em cinco áreas e ofertados em quatro municípios (Fortaleza, Maracanaú, Jaguaruana e Juazeiro do Norte).
Na área da educação superior, foram identificados 50 cursos relacionados à moda, também restrita a quatro municípios (Fortaleza, Sobral, Quixadá e Juazeiro do Norte).
"Temos uma economia forte relacionada ao segmento, mas com pouca capacidade de inovação, visto que o setor é concentrado em escolaridade fundamental completa e com baixa oferta de cursos técnicos ou superior", analisa o presidente do IPDC.
Na pauta exportadora, os estabelecimentos industriais do setor também são um destaque, de acordo com o Centro de Inteligência do Sistema Fecomércio Ceará.
Isso porque o Ceará exportou US$ 268 milhões, em 2023, alcançando um saldo positivo de US$ 235,8 milhões. Os principais destinos das exportações cearenses foram a Argentina (25%) e os Estados Unidos (16%). Ao todo, 116 países compraram do Ceará um total de 62 tipos de produtos ligados ao setor.
Quanto ao município que mais exportou, Sobral foi destaque em termos de montante financeiro, considerando o total de 36 municípios que estão inseridos no mercado internacional.
O produto calçados é o que lidera a pauta da moda, mas é o segundo quando se considera toda a pauta de exportações cearenses, ficando atrás apenas do ferro fundido.
No comparativo com os outros estados do Brasil, as exportações das indústrias do segmento no Ceará (14,92%) estão na terceira posição no País, abaixo de São Paulo (16,6%) na segunda posição e lideradas pelo Rio Grande do Sul (38,66%).
Para José Afonso Bezerra Jr, a moda possui muito espaço para crescer no Ceará, já que os números mostram uma economia pujante.
"Há um crescente número de empresas, mas um pouco atrasada em termos de inovação tecnológica e de processos e capacidade de melhorias. Além disso, ainda há espaço para qualificação da mão-de-obra, cuja maioria possui apenas o ensino fundamental completo e é o principal fator de produção das empresas. Uma oferta maior de cursos vai proporcionar melhoria contínua, principalmente, técnico/profissional."
Um exemplo do que virá a impactar o setor no Estado é o Estação Fashion, futuro centro de compras focado no fabricante de moda, que está previsto para ser inaugurado no segundo semestre de 2025, com investimento de R$ 50 milhões.
No total, após a conclusão das obras, serão cerca de 5 mil empregos gerados de forma direta e indireta. O empreendimento terá, ainda, praça de alimentação, espaço para eventos, hub de serviços variados para lojistas e clientes, espaços de saúde e beleza, esteiras rolantes e também vendas online. Além de estacionamento com capacidade para 500 carros e 30 ônibus.
Dentre os diferenciais do Estação Fashion está a implementação do conceito “Figital”, que une ambientes físico e digital em uma grande vitrine do atacado, disponibilizando tecnologia, inovação e estrutura completa para potencializar o comércio de moda entre lojistas e clientes de todo o Brasil.