O acordo para que a Usina de Dessalinização do Ceará (Dessal Ceará) que será erguida na Praia do Futuro, em Fortaleza, fique distante um quilômetro dos cabos submarinos foi oficializado ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e o Governo do Ceará.
Com a mudança no traçado do projeto, o início das operações, que estava previsto para 2025, passa a ser em 2026, informou o presidente da SPE Águas de Fortaleza, consórcio responsável pelo projeto, Renan Carvalho.
Isso porque parte do processo de licenciamento precisará ser revisto. Mas, segundo o governo, os projetos – de Geotecnia, Topografia, Plantas, Layout e outros – para a nova área, que fica próxima à Avenida Zezé Diogo, em frente ao ponto de captação da água, levarão cerca de quatro meses para serem atualizados e, então, ser dado início às obras.
O acordo põe fim ao impasse que se arrasta desde 2022 entre o Governo do Estado e o setor de telecomunicações, que questionavam a proximidade da usina com os cabos submarinos. A alegação era
que a distância de 500 km do empreendimento poderia colocar em risco o funcionamento da internet no País.
Conforme O POVO noticiou nesta semana, o local originalmente escolhido para o projeto dará espaço a um Centro Tecnológico, visando atrair empresas tecnológicas, além de servir para formação de profissionais e abrigar startups.
Ontem, o governador Elmano afirmou que este passo representa uma solução conciliada, que busca reunir
todos os interesses envolvidos. “Tirou qualquer dúvida que poderia existir sobre algum impacto em cabo de fibra óptica. E eu tenho absoluta segurança de que isso representa para o Ceará uma conciliação de interesses muito importantes”, garantiu.
Em relação à nova localização da usina de dessalinização, Renan Carvalho afirmou que será preciso fazer uma adaptação do projeto, incluindo, o redimensionamento das bombas. Mas que a parte mais
importante do acordo foi o alinhamento para permanência do empreendimento na Praia do Futuro.
Segundo ele, apesar de ser necessária uma pequena desapropriação de área, isso não impactará o orçamento final do projeto. “Não deve ter nada significativo de alteração, porque as obras de mar
não vão ter alteração e tanto a tomada da água como a devolução da salmoura nada altera do projeto em relação ao que tem hoje.”
Representando empresas de telecomunicações que têm instalações na Praia do Futuro, Luiz Henrique Barbosa, presidente executivo da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações
Competitivas (TelComp), comemorou o resultado do diálogo entre as partes.
“Acho que a gente conseguiu achar um termo no qual o interesse do povo do Ceará sai atendido, no sentido de um futuro próximo à segurança hídrica, que é tão sonhada no Estado, e a proteção da
infraestrutura de telecomunicações que já existe já na Praia do Futuro”.
A decisão também foi comemorada por Marcos Ferrari, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel, Celular e Pessoal (Conexis Brasil Digital).
“Com esse resultado esperamos que teremos o seguimento desse grande projeto, permitindo internet para todos e ainda assegurando água para a população de Fortaleza”, compartilhou.
(colaborou João Paulo Biage, correspondente do O POVO em Brasília)
Dessal
A usina terá capacidade de produzir mil litros/1 metro cúbico de água potável por segundo e deve beneficiar cerca de 720 mil pessoas.