As exportações do Ceará apresentaram uma queda de 50% em maio de 2024 quando comparado ao igual mês de 2023. Isso porque o valor comercializado caiu de US$ 194 milhões para US$ 97 milhões. Vale ressaltar que, neste ano, a quantia de exportação caiu em todos os meses na variação anual.
Levando em consideração abril, mês imediatamente anterior, houve uma diminuição de 11,7%. No acumulado do ano, a atividade exportadora saiu de US$ 826,7 milhões em 2023 para US$ 515,6 milhões nos meses de janeiro a maio de 2024, um recuo de cerca de 37,6%.
Os dados são do Ceará em Comex, estudo de inteligência comercial produzido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Assim, o Estado ocupou o 17º lugar nas exportações do País e o 4º lugar entre os estados do Nordeste, atrás de Bahia, Maranhão e Pernambuco.
Quanto aos municípios, São Gonçalo do Amarante liderou com uma participação significativa de 32,1%, do total exportado pelo Ceará. Porém, apresentou uma queda de 63,3% no acumulado do ano, totalizando US$ 162,52 milhões.
Aquiraz também registrou um recuo expressivo de 44,2% nas exportações, somando US$ 11,16 milhões. "Apesar do aumento nas exportações de frutas no mês de maio, a diminuição em comparação ao ano anterior foi significativa, destacando a necessidade de ajustes nas estratégias de exportação", explica o documento.
Já Fortaleza alcançou um crescimento de 8,4% em relação ao ano anterior, com exportações de US$ 65,25 milhões. Os principais produtos exportados foram combustíveis e ceras de carnaúba para a Alemanha.
Outra cidade que apresentou aumento foi Aracati, com 55,3% no acumulado do ano. De acordo com a pesquisa, o setor de produtos hortícolas, principalmente destinados aos Estados Unidos, continua a impulsionar o desempenho do local.
Ao todo, a atividade exportadora abrangeu um total de 53 municípios. Além dos dez detalhados pela pesquisa, os demais municípios contribuíram com US$ 81,87 milhões, refletindo uma redução de 16,5% em relação ao ano anterior.
"Este resultado sublinha a necessidade de adaptação contínua dos municípios menores ao dinâmico cenário global de exportações", ressalta o documento.
Já os setores que mais se destacaram em termos de crescimento foram os de frutos do mar, como peixes e crustáceo (57,8%), gorduras e óleos (36,6%) e combustíveis (28,8%).
Por outro lado, o ferro e o aço obtiveram uma expressiva diminuição de 63,9%. Conforme o levantamento, "os declínios contínuos acentuam os desafios enfrentados pelo setor, especialmente com a redução das importações pelos Estados Unidos, que dominaram quase toda a exportação mensal do setor."
No que diz respeito aos parceiros comerciais internacionais, até o momento, o Ceará conseguiu alcançar 123 países.
Contudo, houve variações significativas. Os Estados Unidos registraram uma queda acentuada de 54,6%. Os principais setores exportados incluem ferro e aço, calçados, peixes e crustáceos, e preparações de produtos hortícolas.
Já a Coreia do Sul apresentou uma alta exponencial de 1852%. Apesar do aumento, o documento relata que "Em maio, as exportações foram de apenas US$ 47 mil, principalmente de produtos de alumínio e suas obras, refletindo um comportamento sazonal nas importações."
O Ceará em Comex também traz informações sobre as importações. Em maio, atingiram um total de US$ 244,4 milhões, registrando uma diminuição 0,8% em comparação com o mês anterior.
No acumulado do ano, a quantia já passou de US$ 1,2 bilhão, com queda de 6,8% levando em consideração o igual período de 2023. Além disso, o saldo comercial (valor das exportações subtraído pelas importações) foi negativo, com US$ 700 milhões.
No contexto nacional, o Ceará se manteve na 13ª posição, assim como entre os estados do Nordeste, o qual ocupou o quarto lugar.
Os principais municípios envolvidos nesse fluxo importador foram Fortaleza, com uma participação de 27,7%, seguido por São Gonçalo do Amarante com 22,5% e Caucaia com 13,8%. No total, 58 municípios cearenses estiveram envolvidos nas importações.
Em termos de setores, houve variações notáveis em relação ao ano anterior. Por exemplo, ferro e aço obtiveram um aumento de 57,8% enquanto produtos químicos orgânicos caíram 68,8%.
Em relação aos principais fornecedores, a China continua em destaque com uma alta de 3,9% em suas exportações para o Ceará, enquanto os Estados Unidos registraram uma redução de 37,7%. Um que foi uma surpresa foi a alta da Austrália de 3319,7%. Essas importações estenderam as relações comerciais do Ceará a 84 países.
saldo
O déficit comercial do Ceará aumentou para US$ 700,90 milhões, refletindo um aumento de 46,2% em relação ao ano anterior
Com queda nas exportações, concorrência da China preocupa setor de aço
A concorrência predatória da China, que subsidia sua produção de aço e, portanto, vende a preços abaixo do custo de produção, tem preocupado o setor de aço. É o que afirma Cristina Yuan, diretora de assuntos institucionais no Instituto Aço Brasil.
"Essa prática desleal tem levado vários países, incluindo os EUA e a União Europeia, a adotarem medidas de defesa comercial. Recentemente, o governo brasileiro também adotou medidas para proteger o mercado doméstico, estabelecendo cotas tarifárias para 11 produtos siderúrgicos. Essas cotas foram calculadas com base na média de importações de 2020 a 2022, acrescida de 30%."
A preocupação surge em um contexto de queda nas exportações, segundo os dados do Ceará em Comex, estudo de inteligência comercial produzido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Em maio de 2024, o ferro fundido, o ferro e o aço obtiveram uma expressiva diminuição de 63,9% em relação ao igual mês do ano anterior. Além disso, Cristina Yuan afirma que o crescimento de aço per capita está diretamente relacionado ao crescimento econômico de um país.
"Nos últimos anos, o país vem tendo um crescimento econômico menor, com aumento significativo das importações. A produção de aço caiu em 2023 comparado com 2022. As vendas internas também tiveram uma queda de 4,2%. Houve uma queda nas exportações, e um aumento expressivo de 50% nas importações de produtos siderúrgicos em relação ao ano anterior. Esta é uma situação preocupante para o setor."
Nesse sentido, Erick Torres, CEO da ArcelorMittal na unidade Pecém, produtora de aço mundial, acredita que a capacidade de atender tanto o mercado interno quanto o mercado externo é um diferencial competitivo para a empresa.
"Atualmente, estamos operando com cerca de 40% da nossa produção destinada ao mercado interno e 60% ao mercado externo. A localização geográfica desta planta específica nos confere uma grande vantagem, pois estamos em uma zona portuária, o que facilita a exportação e processamento."
Vale ressaltar ainda que, de acordo com os dados da produtora de aço, o volume de exportações no primeiro quadrimestre de 2024 foi de 686.610 toneladas, 31% superior ao registrado no igual período de 2023 (523.661).
"Quando falamos de exportação, é importante destacar que temos condições e competitividade para estarmos presentes nos mercados internacionais. Nossa planta produz tipos de aço que não são fabricados em nenhum outro lugar do mundo, graças à nossa capacidade tecnológica. Isso nos dá uma vantagem competitiva significativa", explica o CEO.
Porém, ele ressalta que alguns ajustes são necessários para que o setor possa ser ainda mais competitivo e garantir seus produtos no mercado de exportação.
"Não estamos buscando protecionismo, mas sim reciprocidade. Quando exportamos aço para a Europa, por exemplo, somos submetidos a taxas e critérios específicos. Da mesma forma, acreditamos que deve haver reciprocidade quando aço de outros países é importado para o Brasil."
Outro ponto destacado por ele é que a ArcelorMittal vem avançando em termos de logística, mirando o mercado interno.
"Em julho, estamos inaugurando um modal de transporte por barcaça, que viabilizará a ligação entre nossa planta em Santa Catarina e o Nordeste, transportando bobinas laminadas a frio e revestidas. A sinergia entre as unidades que está ocorrendo é receber laminados da unidade de Vega (Santa Catarina) pelo Porto do Pecém e levar placas de aço da unidade Pecém (Ceará) para a unidade de Tubarão (Espírito Santo)."