O Ceará é o segundo estado da região Nordeste com mais aportes de investidores na bolsa de valores brasileira, denominada Brasil, Bolsa e Balcão (B3), até julho deste ano. Foram R$ 9,07 bilhões, equivalentes a 1,63% do total de investimentos a nível nacional.
Cerca de R$ 6,97 bilhões foram investidos por homens e outros R$ 2,10 bilhões por mulheres no Ceará. O Estado conta com 137.859 investidores ao todo, dos quais 106.562 são do gênero masculino e 31.297 do feminino. Os dados são da B3.
No Nordeste, o Ceará está atrás apenas da Bahia, que investiu R$ 12,71 bilhões no período, com uma participação de 2,29% do total aportado no País – de R$ 555,97 bilhões. Já a liderança geral é de São Paulo, com R$ 261,48 bilhões e participação de 47,03%.
O Rio de Janeiro (R$ 80,15 bilhões e 14,42% de participação) foi o segundo estado do ranking de investimentos da B3, seguido por Minas Gerais (R$ 47,06 bilhões e 8,47%) e Rio Grande do Sul (R$ 31,09 bilhões e 5,59%). A última colocação foi do Amapá (R$ 19 milhões e 0,03%).
De acordo com o economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, o cenário tem refletido a potencialidade da economia cearense e a confiança no mercado de ações.
O movimento de queda da taxa básica de juros do Brasil, conhecida como Taxa Selic – a 10,50% ao ano atualmente –, aumentou a atratividade da renda variável em comparação à renda fixa, a qual costuma pagar menos com juros menores.
Todavia, a bolsa de valores tem um risco muito mais alto de retorno. A indicação do especialista é que as pessoas sempre busquem orientação de analistas de investimentos qualificados com um Certificado Nacional do Profissional de Investimento (CNPI), por exemplo.
“Uma orientação cada vez mais fundamentada em parâmetros técnicos, isso é extremamente importante, ou seja, a necessidade de profissionais qualificados e certificados que possam fornecer o respaldo e o direcionamento dos investimentos”, explica.
No Ceará, Ricardo vê que a educação financeira ainda está em processo de desenvolvimento, mas conta com avanços contínuos. Ele cita, também, um crescimento no interesse dos cearenses pela renda variável, com novas assessorias e empresas listadas no Estado.
A expectativa para ele é que, à medida que a taxa de juros diminua, a economia nacional e o mercado de ações se tornem ainda mais atraentes para novos investimentos. Isso deve levar a um aumento na participação dos investidores cearenses na bolsa no futuro.
No contexto brasileiro atual da B3, do montante de R$ 555,97 bilhões, R$ 426,31 bilhões foram aportados por homens e R$ 129,68 bilhões por mulheres, com um total de 5.959.221 investidores, em que 4.436.844 eram do gênero masculino e 1.522.377 do feminino.
O POVO solicitou à B3 dados detalhados do Ceará e do Brasil em julho de 2023 para fins de comparação na base anual, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Renda fixa é destaque em investimentos brasileiros
Com R$ 7 trilhões, os investimentos das pessoas físicas no Brasil cresceram 7,6% no primeiro semestre de 2024, em comparação ao fechamento de 2023, conforme a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O destaque foi a renda fixa.
A renda fixa teve alta de 10,1% no período, com R$ 4 trilhões e mais da metade do montante total aplicado a nível nacional (57,8%), ao passo que a previdência contou com ampliação de 10,8%, com R$ 1,15 trilhão.
Em contrapartida, as aplicações na renda variável ficaram praticamente estáveis, com recuo de 0,5%, para R$ 974,8 bilhões, porém o investimento em fundos subiu 7,7%, a R$ 1,7 trilhão. Em poupança, a alta foi de 2,8%, com R$ 951,7 bilhões.
Os dados mostram que todas as regiões do País avançaram no período. No Nordeste, houve alta de 8,2%, com R$ 633,8 bilhões. Já o Sudeste cresceu 6,6% (R$ 4,6 trilhões); o Sul, 9,9% (R$ 1,2 trilhão); Centro-Oeste, 10,1% (R$ 372,1 bilhões) e Norte, 8,6% (R$ 119,3 bilhões).
A entidade não dispõe de informações por Estados.
O presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir Correa, detalha que o varejo concentra a maior parte das aplicações na renda fixa, enquanto o "private" - com mais de R$ 5 milhões aplicados - tem carteira diversificada, com 30% alocado na renda variável.
O varejo de alta renda, por exemplo, subiu 9,7% os investimentos, a R$ 2,4 trilhões no Brasil. Já o varejo tradicional avançou 9,5%, a R$ 2,3 trilhões. Juntos, eles equivalem a 68,6% do volume total investido no primeiro semestre.
O private, por outro lado, cresceu 3,3%, acumulando R$ 2,2 trilhões e uma participação de 31,4% dos investimentos nos primeiros seis meses deste ano. Outro ponto do semestre é que os aportes em títulos isentos do imposto de renda foram R$ R$ 77,7 bilhões maiores, com alta de 7,3%, em relação ao fechamento de 2023, chegando a R$ 1,1 trilhão. Mas o avanço foi menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, de 22% (R$ 176 bilhões).
De acordo com a Anbima, houve redução do percentual e do volume de avanço que havia anteriormente devido a novas regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), que limitaram a emissão e ampliaram o prazo de carência dos títulos isentos a partir de fevereiro.
"Apesar das mudanças, o atual patamar da taxa de juros - 10,50% ao ano - e as alterações no regime de tributação dos fundos exclusivos e de previdência contribuem para a procura por produtos de renda fixa com benefício fiscal", acrescenta Ademir.