A falta ou o alto custo de trabalhadores qualificados foi a preocupação que mais cresceu entre os industriais no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro).
O problema, que ocupava o sexto lugar na lista no 2º trimestre, passou para o terceiro após o aumento de 4,4 pontos percentuais (p.p.), passando de 18,6% para 23%.
Os dados são da Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta sexta-feira, 18, que também aponta que a elevada carga tributária permanece como a maior preocupação, com 33,6%, seguida pela falta ou alto custo de matéria-prima (24,9%).
De acordo com o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a oferta e a qualificação da mão de obra é um problema já em crescimento há alguns trimestres.
“Isso tem a ver com questões ligadas ao mercado de trabalho aquecido e ao próprio aumento da produção. É uma questão que preocupa, pois pressiona os custos das empresas; consequentemente, pode prejudicar a avaliação da situação financeira e a recuperação da indústria no médio prazo”, explica.
Outro destaque apontado pelo levantamento foi a avaliação dos empresários do setor industrial acerca da situação financeira, que cresceu 1,4 ponto no trimestre finalizado em setembro se comparado com o trimestre imediatamente anterior, chegando aos 51,7 pontos.
Nesse mesmo recorte, o indicador que mede a satisfação dos empresários com o lucro operacional também cresceu, passando de 45 para 47 pontos.
Já o índice de facilidade de acesso ao crédito alcançou 42,9. O que representou um aumento de 1,4 ponto em relação ao resultado anterior. Porém, a pesquisa ressalta que, por permanecer inferior aos 50 pontos, o indicador mostra que esses empreendedores continuam sentindo dificuldade na captação de recursos.
Além disso, Marcelo Azevedo explica que a tomada de financiamento deve se tornar mais complicada, devido ao aumento da taxa básica de juros, a Selic.
“Em setembro, teve início um novo ciclo de aumento de juros, que provavelmente vai se manter durante algum tempo. Já há bastante dificuldade de acesso ao crédito, o que é capaz de piorar no próximo trimestre”, acredita.
A Sondagem Industrial também traz dados do o índice de evolução do preço de matérias-primas, que subiu 1,6 ponto e agora está em 62,9 pontos. E, vale destacar, que, de acordo com a pesquisa, a percepção de aumento dos preços também se tornou mais intensa e ocorreu em empresas de todos os portos.
Depois de subir em julho e em agosto, a produção industrial apresentou recuo de 3,4 pontos em setembro em relação ao mês anterior, chegando a 48,8 pontos.
O valor foi influenciado pela redução observada nas pequenas, médias e grandes empresas, que tiveram recuo na produção em quatro das cinco regiões do Brasil. A única que se manteve estável foi o Centro-Oeste.
Em contrapartida, o indicador que mede o número de empregados chegou aos 51,1 pontos, apresentando resultado acima dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo, o que, segundo o levantamento, representa alta do emprego industrial.
O nível de estoques apresentou redução em relação a agosto e chegou a 49,2 pontos em setembro, estando pelo quinto mês seguido abaixo da linha dos 50 pontos. Porém, o resultado no mês foi o planejado pelo setor.
Já a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve estável, em 72%, 1 p.p. acima da média da série histórica para o mês de setembro (71%). O resultado representa o sexto mês consecutivo em que a UCI fica acima da média histórica mensal.
Em outubro, o índice de expectativa de demanda e de compra de matéria prima recuaram chegaram a 56,3 pontos e 54,3 pontos, após terem diminuído 1,4 e 1,3 ponto, respectivamente.
Entretanto, por mais que tenha havido redução, os indicadores permaneceram acima da linha dos 50, o que, segundo a Sondagem Industrial, representa uma “expectativa de crescimento para os próximos seis meses”.
Em contrapartida, a expectativa da quantidade exportada subiu 0,2 ponto, atingindo 52,8 pontos. Além disso, após recuar 0,7 ponto na comparação com setembro, o índice de expectativa de número de empregados ficou nos 52 pontos.
No que concerne a intenção de investimento, também foi observado aumento de 0,2 ponto. Em outubro, o índice foi 58,3 pontos, 6,2 pontos acima da média histórica da série (52,1 pontos).