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Com recursos da Transnordestina no CE garantidos, Rui Costa promete novo ramal
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Com recursos da Transnordestina no CE garantidos, Rui Costa promete novo ramal

| NORTE-SUL-NORDESTE | Ministro da Casa Civil esteve no Ceará e afirmou a intenção do Governo Federal de resgatar projeto que institui ramal que liga a Transnordestina com a ferrovia Norte-Sul. Potencial logístico seria diferencial positivo
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TRANSNORDESTINA é considerada um importante vetor de desenvolvimento no Nordeste (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES TRANSNORDESTINA é considerada um importante vetor de desenvolvimento no Nordeste

O Ceará deve receber nesta semana o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para assinar o contrato do aporte de R$ 3,6 bilhões para conclusão da Fase 1 da Transnordestina, que liga Eliseu Martins-PI ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Além de garantir a conclusão desse ramal da obra, outra parte do projeto, que parecia abandonada, será retomada.

Conforme o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o Governo Federal tem intenção de retomar o projeto da Fase 3, ligando as ferrovias Transnordestina e Norte-Sul.

Com o recurso garantido para o ramal entre Piauí e Ceará e a retomada do projeto da Fase 2 do ramal pernambucano, de Salgueiro-PE até o Porto de Suape, com previsão de entrega em 2027 e 2029, respectivamente, o governo Lula conseguiria viabilizar a entrega dos 1.757 quilômetros de extensão do projeto primordial da Transnordestina.

No entanto, conforme declaração de Rui Costa durante sua visita ao Ceará, a ideia de interligação do modal ferroviário, com Transnordestina e ferrovia Norte-Sul possuindo um ramal de união, não está descartada.

A Fase 2 da ferrovia Transnordestina tem como destino o porto de Suape, em Pernambuco(Foto: Ministério dos Transportes)
Foto: Ministério dos Transportes A Fase 2 da ferrovia Transnordestina tem como destino o porto de Suape, em Pernambuco

“O presidente Lula concluiu a Norte-Sul. E para a gente integrar a malha ferroviária e portuária, é preciso que essa ferrovia (Transnordestina), depois que estiver pronta essa etapa, falta só um pedaço muito pequeno para conectá-la à (ferrovia) Norte-Sul. Donos de cargas poderiam, portanto, optar pelo custo logístico mais barato”, afirmou o ministro durante visita às obras no município de Piquet Carneiro (Sertão Central, a 310 km de Fortaleza).

As obras da Fase 1 da Transnordestina estão com 71% das obras concluídas e, há a expectativa de que, com a garantia dos R$ 3,6 bilhões, a empresa possa dar celeridade ao trabalho, inclusive com mais de uma frente de trabalho.

“Isso (recurso) está resolvido, agora é pedir celeridade à empresa para que ela contrate o quanto antes todas as etapas. Presidente Lula e nós acreditamos que para um país continental como o Brasil se desenvolver plenamente precisa de capacidade logística e de infraestrutura moderna”, defendeu o ministro.

Para que a Fase 3 do projeto da Transnordestina seja possível, seria necessário construir um ramal ferroviário entre o município de Eliseu Martins-PI até a ferrovia Norte-Sul no estado do Maranhão, próximo do município de Porto Franco-MA.

O orçamento atual do projeto é de R$ 15 bilhões, dos quais R$ 7,1 bilhões já foram aplicados. Desde 2023, o Governo Federal inseriu a obra como uma das prioridades do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, conforme afirmou ao O POVO o ministro da Casa Civil, nenhum corte de gastos deve impedir repasses para conclusão desses projetos.

Vale lembrar que o projeto da Transnordestina chegou a ser alterado em 2021, quando o governo Bolsonaro decidiu retomar os repasses para a obra de forma tímida e excluindo a Fase 2 por "inviabilidade financeira".

Em Pernambuco as obras haviam chegado até as proximidades de Custódia. Em abril, o Governo Federal lançou edital para contratação da empresa que irá elaborar o projeto executivo de engenharia para o ramal pernambucano. A obra deve receber aporte de cerca de R$ 450 milhões do Novo PAC.

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PECÉM-CE, BRASIL, 02-08-2024:  Lula assina ordens de serviços para Hidrogênio verde e transnordestina.  (foto: Fabio Lima/ OPOVO)
PECÉM-CE, BRASIL, 02-08-2024: Lula assina ordens de serviços para Hidrogênio verde e transnordestina. (foto: Fabio Lima/ OPOVO)

Integração das ferrovias Transnordestina e Norte-Sul ampliaria potencial econômico e logístico para o Ceará

A ideia do Governo Federal de inserir nos planos de execução da Transnordestina ramal ligando à ferrovia Norte-Sul repercutiu positivamente. O entendimento é que isso ampliaria o potencial econômico e logístico para o Ceará.

Para o economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, a intenção é bem interessante, na medida em que cria a possibilidade de escoamento da produção da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) tanto pelo Pecém quanto por Suape.

Ricardo destaca que isso irá potencializar a redução de custos logísticos, influenciando positivamente no ritmo do desenvolvimento das operações.

"Esses produtos, com uma logística mais barata, podem se tornar mais competitivos. Assim, há a possibilidade de alavancar o volume de exportações, integrando mais a economia das regiões, diminuindo o tempo de movimentação de mercadorias e, principalmente, o custo."

Célio Fialho, presidente da Associação dos Gestores e Executivos de Logística (Agel) e secretário executivo da Câmara Setorial de Logística da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), afirma que a Transnordestina é um vetor de desenvolvimento regional e nacional.

Além de destacar a interligação entre importantes portos brasileiros do Nordeste, Itaqui, Pecém e Suape, culminando na melhoria da movimentação de commodities, como grãos, minerais e frutas, Célio ressalta a expectativa de geração de emprego envolvida na conclusão da obra.

Somente no caso da Fase 1 da Transnordestina, a projeção é de 8 mil empregos. "Além que, não podemos esquecer o compromisso que o País firmou com a sustentabilidade ambiental. E a ferrovia incentiva práticas logísticas mais sustentáveis e eficientes."

"Outro ponto relevante é a criação de novos polos industriais e logísticos ao longo dos ramais ferroviários, especialmente em áreas antes pouco desenvolvidas".

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