O início das obras da Usina de Dessalinização (Dessal) da Praia do Futuro deve ser iniciada até o fim do 1º trimestre de 2025. O novo prazo foi dado pelo diretor da Marquise Infraestrutura, Renan Carvalho, ao O POVO.
A tendência é que entre fevereiro e março as primeiras movimentações de obras sejam observadas no local. O que ainda é aguardada é uma licença municipal e a revisão da licença ambiental - essa segunda sendo apenas um detalhe legal após a troca de localização do projeto.
Principal empresa do consórcio Águas de Fortaleza, responsável pela gestão do equipamento junto à Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece), a Marquise lamenta os transtornos que o projeto enfrentou, mas reitera que a Praia do Futuro é o ponto ideal da orla para uma usina desse porte.
Renan, que também é presidente do consórcio Águas de Fortaleza, defende que as críticas ao projeto foram injustas e que a escolha do local "não foi por política ou por acaso".
"É o local mais adequado para captação e o retorno da água ao mar. Estudos de engenharia mostraram que ali era o melhor ponto, com boa dispersão, menor impacto ambiental e menos riscos de contaminação", afirma.
Quando entrar em operação, a Dessal será a maior usina de dessalinização da América Latina dedicada exclusivamente ao consumo humano, aumentando em 12% a oferta de água no sistema de abastecimento de Fortaleza e beneficiando cerca de 720 mil pessoas.
"No fim das contas, além de atender a demanda de Fortaleza, a Dessal também posiciona o Ceará como referência em tecnologia e sustentabilidade, com potencial de atrair grandes investimentos, com a possibilidade de mais usinas para produção de hidrogênio verde".
E completa: "Se mais cinco ou seis dessas unidades estiverem funcionando, o saldo econômico será enorme", diz Renan.
O projeto Dessal na Praia do Futuro conta com um investimento total de R$ 3 bilhões ao longo dos 30 anos do contrato de parceria. A previsão inicial era de que a obra durasse dois anos entre 2024 e 2025, mas o cronograma acabou por atrasar devido a uma série de problemas.
Agora, a perspectiva é que o projeto possa ficar pronto para início de operação comercial em 2027. Mas, segundo Renan, será feito esforço extra para que a obra possa ser concluída no fim de 2026.
Dentre os entraves que impediram o avanço mais célere do projeto esteve o protesto das empresas do setor de telecomunicações, que alegavam que os dutos de captação de água do mar estavam localizados muito próximo dos cabos submarinos que garantem a conectividade de alta velocidade ao continente e que também ficam localizadas na Praia do Futuro.
Após negociações, foi definido um novo local para o empreendimento. Mas no novo endereço existem habitações irregulares na orla que abrigam 250 famílias pobres. A promessa é que elas serão remanejadas para conjunto habitacional para que a obra inicie.
Atualmente, o caso é acompanhado por autoridades da União, Estado, Município, Câmara Municipal, Defensoria Pública, entre outros, e reuniões periódicas são realizadas para achar uma solução para os moradores.
Solução na Praia do Futuro?
O mandato da vereadora Adriana Gerônimo (Psol) foi responsável por identificar e apresentar 15 terrenos vazios na área da Praia do Futuro como sugestão para a estruturação das unidades habitacionais.
Série de reportagens
O POVO publicou, desde junho, uma série de reportagens que conta o passo a passo do drama das famílias que se viram impactadas com a mudança de endereço do projeto da Usina de Dessalinização do Ceará, assim como qual é a participação da Dessal na infraestrutura hídrica do Estado.
MPF também de olho no projeto
Em conversa com O POVO no último dia 2/12, o procurador federal Alessander Sales anunciou que a Cagece seria convocada para explicar o projeto da Dessal no âmbito do Fórum Permanente para revitalização da Praia do Futuro, já que o novo endereço fica na faixa de praia.