Em um ano, a Grande Fortaleza teve o maior encarecimento da cesta básica do País, com alta de 13,28%, apresentando o preço de R$ 700,44 em janeiro de 2025. Este valor é o mais alto do Norte e Nordeste.
Para uma família fortalezense de dois adultos e duas crianças, a precificação para se ter os alimentos essenciais fica em R$ 2.101,32.
As outras elevações da cesta básica em destaque no Brasil também foram no Nordeste, com as cidades de João Pessoa (10,52%), Natal (10,14%), Recife (8,76%) e Aracaju (8,13%).
No período, dentre as 17 capitais observadas, duas apresentaram taxas negativas: Porto Alegre (-2,59%) e Belo Horizonte (-1%).
Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos e foram divulgados nesta quinta-feira, 6 de fevereiro, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O supervisor técnico do Dieese, Reginaldo Aguiar, analisa que no caso do período de um ano, existe um problema grave.
“O salário mínimo aumentou somente 7,5%. Como as despesas de alimentação são as que pesam mais no orçamento das famílias mais pobres, parte do aumento que a gente teve com o salário mínimo é compensado com uma elevação maior do preço dos alimentos.”
Ele fala isso mostrando que ficaram mais caros para o cearense, sobretudo, o café em pó (75,71%), o tomate (39,07%), o óleo (29,7%) e a carne (25,64%).
Considerando a passagem dos meses de dezembro para janeiro deste ano, Fortaleza teve uma elevação de 3,96% no custo da cesta básica, representando a terceira maior alta do País. Fica atrás apenas dos aumentos de Salvador (6,22%) e Belém (4,8%).
Nesta base de comparação, o levantamento mostra o encarecimento do conjunto de 12 produtos que compõem o pacote de alimentação essencial mensal em 13 das 17 capitais avaliadas.
As reduções mais significativas de um mês para o outro ocorreram em Porto Alegre (-1,67%), Vitória (-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%).
Dentre os destaques do Dieese no País, o preço do café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.
“Os aumentos refletiram a oferta mundial restrita e a especulação do grão nas bolsas”, frisou o comunicado.
As altas variaram entre 3,20%, em Campo Grande, e 23%, em Goiânia.
Em 12 meses, todas as 17 capitais também apresentaram taxas positivas no café em pó, com destaque para Goiânia (91,52%), Belo Horizonte (83,20%) e Aracaju (83%).
O tomate foi outro com salto nos valores, em 15 das 17 capitais, com taxas expressivas em Salvador (50,47%), Belo Horizonte (50,10%), Brasília (47,27%) e Rio de Janeiro (46,76%). O recuo foi registrado em Vitória (-8,25%) e Porto Alegre (-2,17%).
Em 12 meses, o valor do tomate aumentou em cinco municípios, com expressividade maior em Fortaleza (39,07%), Natal (24,66%) e em João Pessoa (20,41%).
Houve redução em outros 12 municípios, destacadamente em Porto Alegre (-49,34%) e Florianópolis (- 41,17%).
“O maior volume de chuvas reduziu a oferta e a qualidade do fruto, o que provocou a elevação de preço”, informou o Dieese.
Mais um destaque foi o preço do leite integral. Este já chegou a baixar em 12 capitais.
As reduções ficaram entre -3,87%, em Curitiba, e -0,16%, em Brasília. Em João Pessoa, não variou. Mas a maior elevação foi vista em Fortaleza (0,73%).
Analisando 12 meses, o valor médio do leite acumulou alta em todas as cidades, sobretudo no Rio de Janeiro (7,11%) e em Belém (22,19%).
“A maior disponibilidade de leite cru, impulsionada pelo avanço da safra nacional, tem aumentado o estoque dos produtos lácteos, como o leite UHT”, detalhou o Dieese.
O maior custo do conjunto dos alimentos básicos ficou com São Paulo (R$ 851,82), seguida por Florianópolis (R$ 808,75), Rio de Janeiro (R$ 802,88) e Porto Alegre (R$ 770,63).
No Norte e Nordeste, em que a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram em Aracaju (R$ 571,43), Recife (R$ 598,72) e João Pessoa (R$ 618,64). Fortaleza lidera com o valor de R$ 700,44.
Com base na cesta mais cara do Brasil, que, em janeiro, foi a de São Paulo, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.156,15, ou 4,71 vezes o mínimo de R$ 1.518.
Em dezembro de 2024, quando o salário mínimo era de R$ 1.412, o valor necessário era de R$ 7.067,68 e correspondeu a 5,01 vezes o piso mínimo.
Já em janeiro de 2024, deveria ter ficado em R$ 6.723,41 ou 4,76 vezes o valor vigente.
Esta análise em específico considera determinação constitucional em que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.