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Preço Comparado: no café da manhã, o que mais encareceu em um ano foi o café em pó
Reportagem Seriada

Preço Comparado: no café da manhã, o que mais encareceu em um ano foi o café em pó

Conforme o analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, a alta de quase 100% nos supermercados de Fortaleza é causada pela crise do produto no Brasil, que está sendo impactado pela maior demanda na exportação
Episódio 14

Preço Comparado: no café da manhã, o que mais encareceu em um ano foi o café em pó

Conforme o analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, a alta de quase 100% nos supermercados de Fortaleza é causada pela crise do produto no Brasil, que está sendo impactado pela maior demanda na exportação
Episódio 14
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Presente no dia a dia dos brasileiros, o café em pó viu seu preço nos supermercados de Fortaleza encareceu até 97,28% em janeiro deste ano em relação a igual mês de 2024.

Os dados são do levantamento Preço Comparado, iniciativa do O POVO, que tem parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza).

A pesquisa pública do órgão compara os valores de, aproximadamente, 100 produtos em mais de 30 estabelecimentos da Capital, mas O POVO fez o recorte de itens do café da manhã.


Variação de preços de produtos da cesta de café da manhã entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025

 

Nesta cesta que separa 13 supermercados e 20 produtos, o café em pó teve o maior impacto ao consumidor fortalezense.

Para se ter ideia, em janeiro de 2024, o valor do produto era encontrado a R$ 6,99 no Carnaúba Jangurussu (esta unidade fechou e o Procon a retirou da lista deste ano).

Mas atualmente a mínima vista nas prateleiras chega a R$ 13,79, no Centerbox do mesmo bairro, apresentando assim esse salto de quase 100% de diferença na comercialização após um ano.

Na análise dos valores máximos encontrados na pesquisa do Procon de janeiro do ano passado, o café em pó-Santa Clara 250 g estava mais caro no Guará Praia de Iracema, a R$ 8,89.

Isso significa que, frente ao patamar atual no mesmo estabelecimento, de R$ 14,49, o aumento foi de 62,99%.

Contudo, ante a precificação máxima observada em janeiro de 2025, que ficou em R$ 15,69 no GBarbosa do bairro Edson Queiroz, o salto foi de 76,49%.

Na variação mensal, na passagem de dezembro de 2024 para este mês, o aumento verificado no preço médio foi de 17%.

Ou seja, avaliando todos os 36 estabelecimentos pesquisados pelo Procon Fortaleza, a bebida passou para uma média de R$ 11,94 para R$ 13,99 para começar o ano.

 

Valor da cesta de café da manhã nos supermercados de Fortaleza 

 

 

Motivos para a alta do preço do café

Conforme explicou o analista de mercado da Companhia de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, a alta é causada pela crise do produto no Brasil, que está sendo impactado pela maior demanda na exportação devido à redução da oferta de café do Vietnã, da Colômbia e do Peru.

"Os Estados Unidos têm grande demanda por café e compram, principalmente, dos brasileiros. O setor, portanto, prioriza as exportações, pois os produtores encontram preços atrativos no mercado internacional."

Também ressalta que os consumidores que compraram café há alguns meses e mantêm um pequeno estoque de cinco ou seis pacotes conseguem lidar melhor com os valores.

"No entanto, isso não é comum em famílias populares, que compram um pacote de café por vez e esperam acabar para adquirir outro. Agora, elas encontram o preço do café disparado nos mercados do Brasil."

Demanda de exportação explica alta do valor do café no Brasil. No mundo, houve a redução da oferta do produto do Vietnã, da Colômbia e do Peru.(Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)
Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO Demanda de exportação explica alta do valor do café no Brasil. No mundo, houve a redução da oferta do produto do Vietnã, da Colômbia e do Peru.

Além disso, dos 20 produtos analisados que compõem o café da manhã, 13 apresentaram crescimentos significativos de dezembro para janeiro.

Um deles é o ovo branco médio (30 unidades), com aumento de 12,6%. Em seguida, aparece a bolacha salgada (10,8%), fécula de mandioca (9,3%) e farinha de milho (6,5%).

Por outro lado, o pão francês liderou a lista dos itens que ficaram mais baratos na variação mensal, com uma diminuição de 7%. Margarina (-3,7%), laranja pêra (-3,2%) e presunto de peru (-2,9%) também obtiveram queda.

 

 

Produtos do café da manhã variam mais de 300% nos supermercados

A partir da análise dos 20 produtos que compõem a pesquisa do Procon Fortaleza recortada pelo O POVO, foi identificada uma variação de 301,5% entre os supermercados de Fortaleza para o quilo da banana prata.

O Frangolândia Supermercados, da Varjota, registrou o menor valor, a R$ 1,99, enquanto o Mercado Extra, no bairro Fátima, o mais caro, a R$ 7,99.

Na mesma linha, dois itens registraram uma grande diferença entre os supermercados: o mamão (117,7%) e o presunto de peru da marca Sadia (87,1%).

O primeiro estava sendo comercializado por R$ 2,98 no Frangolândia Supermercados, da Varjota, e no Guará Supermercado, na Praia de Iracema, por R$ 6,49.

Se a comparação for feita apenas com os produtos de café da manhã, o café em pó obteve a menor variação dentre os preços praticados nos diferentes supermercados de Fortaleza em janeiro, de 13,7%(Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)
Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO Se a comparação for feita apenas com os produtos de café da manhã, o café em pó obteve a menor variação dentre os preços praticados nos diferentes supermercados de Fortaleza em janeiro, de 13,7%

Já o segundo foi encontrado em um valor mais em conta no Super do Povo do Henrique Jorge, por R$ 23,99. A quantia mais alta estava no Pão de Açúcar, na Aldeota (R$ 44,90).

Em contrapartida, o café em pó obteve a menor variação dentre os preços atuais (13,7%) praticados entre os supermercados. O valor mais em conta foi encontrado a R$ 13,79 no Centerbox, no Jangurussu, e o mais caro, a R$ 15,69, no GBarbosa do bairro Edson Queiroz.

O leite integral foi outro que registrou uma das menores diferenças entre os estabelecimentos (16,1%). Os locais mais baratos eram o Guará Supermercado, na Praia de Iracema, e o Super do Povo, do Henrique Jorge, ambos por R$ 5,99. Por outro lado, o Supermercado Pinheiro, na Maraponga, praticava o maior preço: R$ 6,96.

Segundo a presidente-executiva do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, é comum que haja disparidade de preços nos supermercados e o mercado é livre para a prática da livre concorrência. Porém, é preciso atentar para alguns detalhes.

"A localização, a infraestrutura e o conforto do espaço podem impactar os preços dos produtos e isso se diferencia em cada supermercado, possibilitando que preços diferentes sejam praticados. O que não pode é um mesmo estabelecimento subir o preço de um item sem justificativa."

Em relação aos estabelecimentos que contaram com a maior quantidade dos itens mais baratos no recorte do O POVO, há o Frangolândia Supermercados, da Varjota, e o Super Lagoa, no Centro. O primeiro tem cinco produtos de menor valor na lista e o segundo quatro.

Todavia, o Pão de Açúcar, na Aldeota, possui o maior número de itens mais caros. Dos 20 produtos, seis tiveram os maiores valores no empreendimento.

 

 

Pesquisar e comparar preços é essencial para economizar, diz Procon

No início do ano, os consumidores se deparam com diversas despesas fixas que podem comprometer o orçamento doméstico: matrículas escolares, impostos e tributos. Por isso, a presidente-executiva do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, afirma que o ideal é pesquisar e comparar preços, adquirindo somente o necessário.

Além disso, lembra que muitos supermercados ofertam preços promocionais em aplicativos e compras pela internet, sendo esta uma boa opção de economia.

"É muito importante que o consumidor guarde encartes publicitários e salve prints das ofertas. Os supermercados são obrigados a cumprir ofertas e promoções, sob pena de sofrer penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor."

 

Veja os preços dos 100 produtos pesquisados pelo Procon Fortaleza, em janeiro de 2025

 

Para evitar altas repentinas do preço dos produtos, orienta ainda que, quando o consumidor se deparar com uma oferta, faça, se possível, o estoque do item.

"No caso do café (que teve uma grande variação em janeiro), é possível estocar dentro do prazo de validade e não sofrer com constantes aumentos e variações nos preços. Também evitar desperdício, preparando o produto apenas o suficiente para se alimentar."

Outro ponto destacado por Eneylândia é que o levantamento "Preço Comparado" já é informativo e possibilita aos consumidores uma maior avaliação sobre os produtos, observando deslocamento, dias de promoção e compras em aplicativos.

A dica do Procon Fortaleza é que o consumidor pesquise e compare preços(Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)
Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO A dica do Procon Fortaleza é que o consumidor pesquise e compare preços

"A educação para o consumo é uma das atribuições do Procon Fortaleza. Por meio dela, tentamos estimular o hábito de pechinchar e de pesquisar. Parece pouco, mas isto interfere nos preços praticados, pois o fornecedor não quer ver seus produtos encalhados em prateleiras ou depósitos."

Por fim, ressaltou que, para identificar o preço abusivo de qualquer produto, é necessário um monitoramento por um período de tempo.

"Por exemplo, se um item dobra o preço de uma semana para outra, dentro do mesmo estabelecimento comercial, pode estar ocorrendo uma elevação de preços sem justificativa, o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor."

Nesse sentido, é recomendado o consumidor fazer fotos, prints e guardar anúncios publicitários para que o Procon avalie se realmente houve uma subida de preços abusiva. As denúncias podem ser realizadas por meio da Central de Atendimento ao Consumidor, no telefone 151.

 

 

O peso da inflação sobre o preço dos alimentos | Economia na Real

 

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