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Agendas fundamentais do Brasil não podem ser tratadas como modas passageiras, diz Gife
Economia

Agendas fundamentais do Brasil não podem ser tratadas como modas passageiras, diz Gife

Fortaleza sediará discussões sobre investimento social privado em congresso do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife)
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CÁSSIO França explica que a desigualdade é uma questão nacional que reflete em todos  (Foto: João Filho Tavares)
Foto: João Filho Tavares CÁSSIO França explica que a desigualdade é uma questão nacional que reflete em todos

Ao buscar soluções para a redução da desigualdade no Brasil, é essencial que pautas fundamentais, como meio ambiente, questões raciais e de gênero não sejam tratadas como modismos passageiros, segundo Cássio França, secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) – que reúne os maiores investidores sociais do País.

Após essas pautas terem ganhado força nos últimos anos, um dos desafios contemporâneos está no fato de que alguns agentes privados passaram a considerar os temas como "resolvidos" ou "saturados". “Parece que algumas pessoas dizem: ‘Já falamos sobre isso, já fizemos nossa parte’. Mas não é bem assim”, alertou o especialista.

“Isso levanta uma questão importante para todos nós. Em novembro, quando acontecerá a COP (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) no Brasil, falaremos muito sobre isso. Mas o que acontecerá em 2026? Será que daqui a algum tempo surgirá uma sensação de saturação, como se já tivéssemos falado demais?”, acrescentou.

O objetivo é garantir que as questões não sejam passageiras, mas estruturais, a fim de garantir que pautas importantes não sofram com retrocessos, especialmente em um contexto atual de pressão à agenda social, ambiental e de governança (ESG, em inglês), decorrente da nova gestão do presidente Donald Trump nos Estados Unidos (EUA).

Cássio vê que o Brasil precisa construir sua própria história, sem apenas replicar o que acontece em outros países. Isso porque os modelos estrangeiros não necessariamente se aplicarão às necessidades diversas do País. Tal diversidade precisa, inclusive, ser reproduzida em cargos de direção dentro das empresas e instituições, sinalizou.

“É muito mais do que apenas agradar um grupo de pessoas ou aliviar uma dor. Embora isso ainda seja necessário no nosso país – infelizmente, teremos que aliviar a dor por décadas –, é preciso ter a intencionalidade de promover mudanças mais profundas, e isso é algo que o Gife tem trabalhado cada vez mais”, disse.

Investimento e desigualdade

Os investimentos da área filantrópica são fundamentais para alcançar isso. No Brasil, a média anual desses aportes ficou em R$ 5 bilhões, segundo o Gife. Houve contribuições maiores durante a pandemia de covid-19, mas o nível financeiro não manteve o mesmo patamar desde então, mesmo o País não estando menos desigual do que antes.

O secretário-geral reforçou que a desigualdade não é um tema exclusivo das parcelas mais pobres da população, mas uma questão nacional que reflete em todos. “Se não tratássemos dessa questão com a intensidade que tratamos, estaríamos ainda mais distantes de qualquer mudança”, afirmou o representante do Gife.

A entidade ajuda a aprimorar o trabalho dos 170 membros, disseminando boas práticas, a produção de conhecimento e networking na dimensão dos investimentos sociais privados. Cerca de 60% dos associados são empresas, institutos e fundações corporativas, 20% são famílias e 20% são independentes, como fundos.

13º Congresso Gife

Fortaleza será o centro das discussões em 2025, entre 7 e 9 de maio, ao sediar o 13º Congresso Gife. O evento vai reunir lideranças do setor, representantes da sociedade civil, do poder público e acadêmicos por meio de debates, painéis e trocas de experiências. Os detalhes estão no site (www.congressogife.org.br/2025).

Esta é a primeira edição fora de São Paulo, com o tema “Desconcentrar Poder, Conhecimento e Riqueza”. “Decidimos que não ficaríamos no eixo Rio-São Paulo-Brasília; queríamos ir para o Nordeste”, explicou Cássio. A escolha da capital cearense deu-se pelo impacto econômico, pelo fomento à educação e pelas conexões locais já existentes.

“Nosso objetivo não é fazer um congresso em Fortaleza que seja apenas uma reprodução do que acontece em São Paulo. Queremos misturar diferentes saberes. Queremos trazer a inteligência e o conhecimento locais — de Fortaleza, do Ceará, do Nordeste. (...) Essa mistura de perspectivas sempre foi importante para o Gife”, detalhou.

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Serviço

13º Congresso Gife

Data: 7 e 9 de maio

Local: Av. Eng. Luiz Vieira, 555 - Papicu, Fortaleza

Informações: www.congressogife.org.br/2025

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