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Com déficit em tancagem, Ceará paga até 20% a mais em combustíveis
Economia

Com déficit em tancagem, Ceará paga até 20% a mais em combustíveis

| DISTRIBUIÇÃO | Dados da ANP apontam que valores pagos pelos distribuidores cearenses são entre 1,8% e 20,7% mais altos em relação a estados como Maranhão e Pernambuco, que possuem parques de tancagem maiores. Dislub prevê equalizar estrutura e custos
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ÁREA de tancagem no entorno do Porto do Mucuripe (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE ÁREA de tancagem no entorno do Porto do Mucuripe

Com a atual capacidade de armazenamento do parque de tancagem em Fortaleza, as empresas distribuidoras de combustíveis do Ceará pagam até 20,7% em preços em relação a estados como Pernambuco e Maranhão. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Conforme a série mensal de preços de distribuição de combustíveis, que conta com informações de todos os estados, o custo extra do valor da gasolina na comparação com o Maranhão e Pernambuco é de 3,9% e 3,8%, respectivamente.

No caso do diesel é de 2,02% e de 1,8%, respectivamente, em relação aos mesmos estados. Já o etanol varia de 2% e 20,7%, revelam os dados.

Isso faz com que a gasolina cearense chegue às distribuidoras aproximadamente R$ 0,20 mais cara; o diesel R$ 0,10; e o etanol até R$ 0,70.

Atualmente, 40% dos combustíveis que chegam ao mercado cearense vêm de caminhão pelo Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. O custo logístico acaba encarecendo o valor do produto final.

Em 2019, O POVO já havia mostrado que o déficit estrutural do parque de tancagem do Porto do Mucuripe tornava qualquer ampliação do armazenamento inviável. Apesar de ter capacidade de armazenar em torno de 110 mil m³ de combustível, o parque de tancagem atual só guarda entre 70 e 80 mil de m³.

Tendo em vista o atual cenário, o diretor de Desenvolvimento do grupo Dislub Equador, Leonardo Cerquinho, afirmou ao O POVO que, a partir do início da operação do parque de tancagem gerido pela empresa, no Complexo do Pecém, os preços dos combustíveis aos distribuidores se readequar para algo próximo ao que é observado em outras praças importantes, como a pernambucana e a maranhense.

Ele destaca que o principal diferencial que facilita a logística de combustível entre os estados é o fato de que o calado do Porto do Mucuripe é limitado em relação aos demais, por isso a opção de "transferir" a tancagem para o Porto do Pecém.

"O diferencial logístico deles acaba fazendo diferença. Mas aí existem dois aspectos. Temos uma logística pouco eficiente e cara, além de uma baixa concorrência", afirma.

A partir do investimento de R$ 430 milhões na nova estrutura (o maior da história da empresa), que tem previsão de inauguração para o início de 2027, o grupo Dislub espera que o nível de competitividade do mercado cearense aumente, já que um número limitado de quatro empresas atualmente dominam mais de 80% do mercado.

Ele destaca ainda que nos demais mercados estaduais, existem mais concorrentes na distribuição de combustíveis. No Maranhão, por exemplo, são 19 distribuidores presentes no parque de tancagem local, enquanto em Pernambuco o número de empresas chega a 20.

Atualmente, um total de nove operações atuam no parque de tancagem do Porto do Mucuripe. São quatro distribuidoras de combustíveis claros (Raízen, Vibra, SP, Ipiranga) e outras quatro de Gás Liquefeito de Petróleo - o gás de cozinha (Liquigás, Ultragaz, Copagaz, Nacional Gás), além da refinaria Refinaria Lubrificantes do Nordeste (Lubnor).

O grupo Dislub já possui outras infraestruturas de armazenamento de combustíveis, sendo as principais nos estados do Amazonas, Maranhão e Pernambuco. O projeto cearense, no entanto, nascerá com a maior capacidade, de 130 mil m³ com previsão de chegar a 220 mil m³ - valor calculado para aumento de demanda do Estado para os próximos 25 anos.

Vale lembrar que uma lei estadual de agosto do ano passado tornou provisórias as licenças estaduais de seis das nove empresas instaladas no parque de tancagem do Mucuripe.

A legislação ainda condiciona a continuidade da operação das empresas à elaboração de um plano de transferência da área. Além disso, a área vizinha foi estabelecida como de relevante interesse social e ambiental.

O plano de transferência está marcado para iniciar em agosto de 2027, aproximadamente três meses depois da previsão de entrega do parque de tancagem da Dislub no Pecém.

O motivo para a transferência para o Porto do Pecém apontado há mais de uma década por especialistas e poder público ressalta dois pontos: (1) riscos de danos graves na Capital em casos de acidentes e (2) a impossibilidade de ampliação do parque.

Entre as empresas impactadas pela medida estão a Raízen, a Ipiranga, a Vibra (antiga BR Distribuidora), a Copa Energia, a Nacional Gás e a Ultragaz. A Lubnor, de propriedade da Petrobras, também está na área, mas não faz parte da tancagem e não tem o compromisso de mudar de área.

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EMPRESAS INSTALADAS NO PARQUE DE TANCAGEM DO PORTO DO MUCURIPE

Combustíveis Claros

Raízen

Vibra

SP*

Ipiranga

GLP

Liquigás*

Ultragaz

Copagaz

Nacional Gás

Refinaria

Lubnor*

*Empresas que ainda não foram citadas no Decreto do Governo do Ceará que define a transferência das operações para o }
Porto do Pecém

Projeto

Com investimento declarado de R$ 430 milhões, sendo destes R$ 343 milhões financiados pelo Banco do Nordeste (BNB), o novo parque de tancagem do Ceará terá capacidade inicial de armazenamento de 130 mil metros cúbicos (m³) com previsão de expansão para 220 mil m³

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