O Governo do Ceará estuda construir linhas de transmissão de energia por meio de parcerias público-privadas (PPPs), segundo informou o secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Chagas Vieira, durante o café-debate do Lide Ceará, grupo de líderes empresariais, composto exclusivamente por fundadores.
Com o tema “Quando as agendas de governo impactam na iniciativa privada e vice-versa”, o secretário destacou a atração de data centers.
“Estamos acompanhando e nos reunindo com todas as companhias que desejam se instalar a fim de garantir esses investimentos. Sabemos que ter data centers impõe um desafio para linhas de transmissão de energia.”
Assim, pontuou que uma reunião já foi realizada com o Governo Federal a fim de garantir novas linhas. Também há uma deliberação do governador Elmano de Freitas (PT) para instituir parcerias público-privadas (PPPs), em caso de impossibilidade de entrada em leilões da União.
“O Ceará é um dos maiores geradores de energia do País, mas há um problema na transmissão para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Esse é um problema em todo o Brasil. Quando não há energia disponível para as empresas se instalarem, isso se torna um gargalo, podendo inviabilizar determinados negócios.”
Por isso, avalia que o convênio seria uma possibilidade para construir linhas de transmissão e escoar essa energia, com o intuito de torná-la um diferencial na atração de mais investimentos.
“Esse é um tema de responsabilidade do Governo Federal, mas, como não podemos somente aguardar sua atuação, o Governo do Estado pretende firmar uma parceria público-privada para avançar nessa área.”
A presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, também reforçou a importância de se estreitar os laços entre o público e o privado.
“Muitas vezes a iniciativa privada vê de longe o que o governo vem fazendo. Há queixas sobre a não celeridade dos processos, mas, por outro lado, estamos distantes do desafio diário que é a gestão pública. Compreendendo a importância desse olhar apurado na metade do mandato, acredito que seja o momento de renovar essa aproximação”, explicou.
Conforme explica o engenheiro elétrico e CEO da Sunne Energias Renováveis, Yuri Frota, existe uma necessidade de conectar essas usinas — sejam elas solares, eólicas, de hidrogênio verde ou até termelétricas — ao SIN.
“Atualmente, as linhas de transmissão conectadas à rede básica estão praticamente sem capacidade de escoamento, ou seja, não suportam mais a entrega de grandes volumes de energia para a rede. Por isso, é necessário construir novas linhas de transmissão e, em alguns casos, até subestações para permitir a conexão com essas linhas e garantir que a energia gerada possa ser integrada ao sistema.”
Além disso, destacou que o SIN é diferente da rede de distribuição local, que, no caso do Ceará, é gerida pela Enel e tem a função de distribuir energia internamente no Estado.
“O que estamos discutindo aqui é a conexão ao grid nacional de energia. Viabilizar esses investimentos é essencial, pois isso pode atrair bilhões de dólares em projetos, incluindo data centers e outros empreendimentos privados que poderiam se deslocar para o Ceará.”
Sobre a viabilidade do projeto estadual, Yuri Frota salienta que precisam ser observados diversos fatores, por exemplo, de como for proposto, do tamanho dessas linhas de transmissão e de onde estarão localizadas.
“Basicamente, será necessário fazer um cálculo do Capex, sendo o investimento necessário para implantação, somado ao investimento em Opex, que envolve operação e manutenção, além de todos os serviços necessários para manter e operar essa linha de transmissão, versus a receita que ela gerará ao longo de um período de pelo menos 15 a 25 anos.”
Por isso, o CEO da Sunne Energias Renováveis afirma que é preciso entender como esse cálculo ficará. “Se o resultado apresentar uma TIR (Taxa Interna de Retorno) positiva e for um fator atrativo para os investidores da iniciativa privada, certamente haverá interesse e o projeto poderá ser viável”, finaliza.
Leilão
O próximo leilão de transmissão de energia elétrica está previsto para outubro de 2025, de acordo com o cronograma estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia (MME)