A Universidade Federal do Ceará (UFC) está realizando um estudo, com financiamento da Petrobras, para subsidiar a segurança da instalação das eólicas offshore na sub-bacia de Mundaú, no litoral do Estado.
A pesquisa está sendo feita em áreas que ainda estão em processos de licenciamento junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo Narelle Maia de Almeida, coordenadora do Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Aplicada à Energia (LGMA), um mapeamento do fundo marinho tem sido elaborado.
O objetivo é identificar áreas propensas a geohazards submarinos, ou seja, regiões mais suscetíveis a acidentes geológicos submarinos. Por exemplo, deslizamentos de terra ou até mesmo a existência de gases inflamáveis.
"Então, o que a gente faz é realizar o mapeamento, visando a segurança da infraestrutura e do meio ambiente, para evitar possíveis acidentes e para que as turbinas sejam instaladas em áreas adequadas, estáveis e ambientalmente seguras."
Em nota, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a Petrobras possui obrigação de investir no Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação regulado pelo órgão. A descrição do projeto indica que o custo é de mais de R$ 6,5 milhões.
"O projeto, carregado na base de dados da Aneel em 9 de junho de 2021, encontra-se atualmente na fase de execução e tem conclusão prevista na data de 1º de setembro de 2026."
Além disso, Narelle Maia de Almeida cita outro projeto em parceria com a ExxonMobil, multinacional do setor de energia. A proposta, ainda em fase inicial, é de estudar a armazenagem subterrânea de hidrogênio, em reservatórios de subsuperfície.
No Ceará, o Hidrogênio Verde (H2V) é uma das possibilidades tecnológicas que podem ser fundamentais para viabilizar o uso da energia de baixo caborno em larga escala.
No entanto, conforme ressalta a pesquisadora, para ser considerado verde e sustentável, é necessário utilizar energia renovável no processo de geração.
Assim, explica que, por mais que as pesquisas de eólicas offshore não estejam diretamente vinculadas ao hub de H2V, há potencial de integração entre os setores.
"Embora não haja uma íntima relação deste projeto com hub de hidrogênio do verde do Estado, a pesquisa pode auxiliar e acelerar o desenvolvimento desta iniciativa estratégica aqui no Ceará."
Além disso, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) que o LGMA está autorizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a desenvolver pesquisas do setor.
De acordo com a coordenadora Narelle Maia de Almeida, há projetos com empresas para diversas frentes e as pesquisas são necessidades científicas que essas companhias têm.
"É uma forma de a universidade contribuir com o desenvolvimento científico necessário para que determinada companhia possa promover o desenvolvimento econômico com sustentabilidade, seja por meio de novos empreendimentos ou até mesmo de um campo já estabelecido."
No entanto, afirma que encontrar dados mais atualizados para realizar determinados procedimentos tem sido uma dificuldade.
"Os dados mais novos ainda não são públicos, então a gente não consegue acessá-los. Isso para a região de águas profundas. E, para a região de águas rasas, os dados, além de serem muito antigos, a gente carece de dados para um mapeamento com uma resolução adequada."
A coordenadora também pontua que, por mais que haja um apoio financeiro, muitas vezes os pesquisadores não têm acesso à infraestrutura computacional em quantidade e com a capacidade adequada para trabalhar, por exemplo, com grandes volumes de dados.
Todavia, avalia que a participação da UFC em projetos dessa natureza fortalece a posição da instituição no cenário nacional de pesquisa e inovação em energia.
"Tradicionalmente mais concentrados nas regiões Sudeste e Sul, os investimentos da ANP e de empresas do setor vêm sendo descentralizados, possibilitando o fortalecimento e a ampliação da produção científica no Nordeste."
Resposta
O POVO procurou a Petrobras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas até o fechamento desta edição não obteve retorno