A Arezzo&Co projeta aumentar sua produtividade industrial em 40% no Ceará até o fim deste ano, conforme o diretor de sourcing (compras), logística e industrial da empresa, João Fernando Hartz.
A informação foi dada em entrevista exclusiva ao O POVO durante a 4ª edição da BFShow, principal feira de calçados do Brasil realizada em São Paulo.
Atualmente, a fábrica, localizada em Uruburetama, a cerca de 115 km de Fortaleza, produz em torno de 4,5 mil a 5 mil pares de calçados diariamente e conta com 1,2 mil colaboradores. Também existe uma previsão de maior geração de empregos, porém, sem uma estimativa exata de quantas serão abertas no segundo semestre deste ano.
Além disso, há outra planta fabril do grupo localizada em Tururu, no Vale do Curu, porém, ainda não há previsão de expansão para esta unidade.
Inaugurada em fevereiro de 2024, a Arezzo assumiu ambas as indústrias deixadas vagas nos municípios pela Paquetá Calçados, que fechou seu negócio no Estado.
De acordo com João Fernando Hartz, a adaptação ao novo modelo de negócio, diferentemente das operações anteriores da antiga fábrica, demandou esforço e planejamento, especialmente nos seis primeiros meses de operação.
“A fábrica estava acostumada a produzir volumes altos para exportação com um calendário mais elástico. Precisamos adequar a planta para uma filosofia de produção com ciclos mais curtos e maior variedade de modelos.”
Hoje, apesar de ter um pequeno percentual de produção em relação às outras unidades da Arezzo&Co, a planta cearense é considerada uma das dez melhores da companhia, segundo o diretor. Por isso, há esse plano de crescimento.
O grupo é composto pelas marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Alme, Reserva, Carol Bassi, Vans entre outras.
Além disso, a empresa é uma das principais empresas exportadoras da indústria de moda nacional, com mercado aberto principalmente para os Estados Unidos, mas também para países da América Latina.
Nesse sentido, a localização estratégica da unidade, próxima ao Porto do Pecém, tem sido um diferencial nas exportações.
No início, como a produção era reduzida no Estado, tornava-se necessário transportar a mercadoria até o Rio Grande do Sul para então ser exportada, um processo que levava até 27 dias. Agora, com o embarque direto pelo Pecém, o tempo foi reduzido para cerca de 14 dias.
“É um porto que funciona, porque está acostumado com carga de calçados, tem muita produção. Tem embarcadores especialistas. Então assim, para nós, o Porto de Pecém é uma maravilha, porque ele nos reduz tempo”, diz o diretor de sourcing, logística e industrial da empresa, João Fernando Hartz.
Apesar de ter estudado a possibilidade de se instalar na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, a empresa optou por manter a operação fora desse regime.
João Fernando Hartz explica que, como o modelo de negócio depende muito de mão de obra e não de processos altamente automatizados ou de importação de matéria-prima, não há benefícios com as vantagens oferecidas pela ZPE.
Outro ponto é que, desde a sua inauguração, a unidade cearense passou por importantes processos de modernização. Em 2024, a Arezzo implementou uma tecnologia de corte automático na planta fabril, substituindo o antigo sistema de corte com navalha, o que trouxe mais agilidade e flexibilidade à produção.
O próximo passo, conforme João Fernando Hartz, será a automação parcial da costura, com foco na eficiência e na melhor utilização da mão de obra especializada.
“Estamos investindo em máquinas que façam processos simples, como a costura da palmilha, para que nossas costureiras possam se dedicar a partes mais complexas, como o cabedal ou mocassim.”
A expectativa é que o avanço tecnológico permita ampliar a escala de produção com maior eficiência, para potencializar aquilo que já tem.
*A repórter viajou a São Paulo a convite da BFShow