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Retomada de 'jabutis' na Lei das Eólicas Offshore tem potencial de encarecer conta de luz
Economia

Retomada de 'jabutis' na Lei das Eólicas Offshore tem potencial de encarecer conta de luz

| Derrubada do veto | Estimativa da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) aponta um custo de R$197 bilhões ao longo dos próximos 25 anos
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RANDOLFE Rodrigues prometeu que uma eventual alta 
na conta de luz será sanada pelo Governo via MP (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado RANDOLFE Rodrigues prometeu que uma eventual alta na conta de luz será sanada pelo Governo via MP

O Congresso Nacional derrubou ontem trechos de veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que criou regras para a produção de energia eólica em alto-mar.

A retomada dos chamados "jabutis" na Lei das Eólicas Offshore - artigos que não correspondem ao tema original do texto - deve encarecer a conta de luz no País. 

A avaliação é da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) que estima um custo de R$ 197 bilhões a ser cobrado dos consumidores nos próximos 25 anos. O que pode representar, nas contas da entidade, um aumento aproximado de 3,5% na tarifa de energia.

Durante a tramitação do projeto no Congresso, parlamentares inseriram no texto original uma série de "jabutis" para atender a diferentes geradores de energia, o que poderia custar, inicialmente, até R$ 17 bilhões por ano, segundo a consultoria PSR.

O financiamento desses programas, que seriam bancados por todos os consumidores, tinha potencial de elevar as contas em 7,5%, o que foi vetado pelo presidente Lula.

Entenda o que foi aprovado

Ontem, porém, o Congresso colocou parte desses vetos em votação, e decidiu derrubar os relacionados à prorrogação de incentivos a fontes de energia renovável, como biomassa, eólica e solar (Proinfa); à obrigação de contratação de 4,9 GW de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs); e à contratação de 250 MW de hidrogênio produzido a partir do etanol no Nordeste e de 300 MW de energia eólica no Sul do País.

Desde maio, havia articulação para a derrubada do veto relacionado ao Proinfa. Já sobre os outros trechos derrubados, um acordo foi anunciado pelo líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (PT-AP), logo no início da sessão do Congresso.

À noite, Randolfe disse que, "no caso de eventuais dispositivos que comprometam a conta de energia dos brasileiros, o governo irá sanar com uma medida provisória". Segundo ele, isso deverá ser tratado hoje em reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).

Outros pontos vetados por Lula, no entanto, tiveram a análise adiada em razão da negociação para um acordo sobre o tema. Parlamentares ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmaram que, se o governo tivesse colocado os demais "jabutis" em votação, teria perdido em todos.

Impacto

Diante da derrubada dos vetos, a FNCE avalia uma possível ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade das normas criadas pelo Legislativo.

"O Poder Legislativo, mais uma vez, demonstra desrespeito pelos princípios constitucionais e democráticos ao persistir na defesa de propostas que prejudicam a população e ao conduzir o processo legislativo ignorando os regimentos internos, impedindo que a sociedade civil tenha uma ampla e plena participação e aprovando sumariamente medidas de grave repercussão sem base técnica nem justificativa econômica", informou a FNCE em nota.

De acordo com a entidade, além do alto custo, as medidas têm potencial para ampliar ainda mais a já elevada sobreoferta de energia no país, em um contexto em que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já realiza cortes significativos na geração de energia eólica e solar, o chamado curtailment.

"Com os jabutis em vigor, a perspectiva é de que haja retração na geração de energias renováveis. Já é estranho que o marco legal das eólicas offshore tenha artigos determinando a contratação de térmicas a gás e subsídios para carvão, PCHs, plantas de hidrogênio, entre outras fontes que não estão no mar nem são à base de vento. Pior ainda é constatar que a lei criada para explorar o potencial eólico nacional aumentará os cortes em usinas solares e eólicas, inclusive nas que vierem a se instalar no mar." (Com Agência Estado)

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