A Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon Ceará) lançou nesta terça-feira, 24 de junho, um projeto de automatização do setor para reduzir custos. Segundo o presidente do órgão, Emanuel Capistrano, pode diminuir em até 20%, a depender de cada projeto.
O principal objetivo é mudar a maneira como as edificações são erguidas no Brasil, priorizando a fabricação de componentes fora do canteiro de obras, como kits hidráulicos e elétricos, para posterior montagem, uma prática já consolidada em países como o Japão.
“Essa economia deverá ser repassada ao consumidor final, tornando a construção mais viável. A longo prazo, à medida que a produção ganhar escala, a redução de custos será ainda mais notável.”
Para Emanuel Capistrano, a ideia surge em um momento de escassez de mão de obra, um problema que também afeta outros setores da indústria e tem causado até paralisação de obras.
“Nós não conseguimos mais renovar os nossos profissionais. Tá difícil encontrar. E esse início desse projeto vai possibilitar você reduzir muito a quantidade de material, porque você já faz fora do canteiro, com poucos profissionais, e leva apenas para instalar.”
Por outro lado, Gilberto de Freitas, diretor-geral do Instituto de Tecnologias de Industrialização das Edificações (Itie), entende que os jovens de hoje não se sentirão atraídos por métodos arcaicos com betoneira, andaime e tapume, mas sim por tecnologias.
“O modelo de construção offsite propõe uma reorganização da cadeia produtiva, migrando de uma lógica de fabricar, construir e montar. Em vez de operários carregando pedras no canteiro, haverá profissionais especializados fabricando componentes em galpões e centros de produção. Isso não se trata de reduzir a mão de obra, mas de reinventar as relações de trabalho e atrair novos talentos para o setor.”
Outro ponto ressaltado por Gilberto de Freitas é o menor tempo de obra. “Normalmente, a construção offsite reduz pela metade o prazo. Quando você realmente faz os projetos, você organiza a cadeia produtiva”, explica.
No caso da construtora J.Simões, que já vem adotando o modelo OffSite Park, consegue antecipar o prédio em cinco a seis meses com menos da metade da mão de obra que normalmente se usaria sem a tecnologia.
Conforme o sócio fundador, José Simões Filho, com a tecnologia, há um ganho de tempo. “E tempo é muito dinheiro. Hoje você consegue construir um prédio em menos tempo se você tiver muita tecnologia, um processo construtivo eficiente.”
Há ainda uma minimização de resíduos, que traz problemas ambientais e financeiros. Segundo o diretor-geral do Itie, Gilberto de Freitas, o percentual chega a 95%, com redução do desperdício.
Inicialmente, o projeto começará com a fabricação de kits hidráulicos e elétricos fora do canteiro de obras, que serão levados prontos para instalação. A ideia é evoluir para a produção de banheiros, cozinhas e fachadas. Logo depois, seriam montadas as edificações completas.
O ponto de partida será um galpão disponibilizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), na unidade do Senai da Barra do Ceará, na Avenida Francisco Sá.
A longo prazo, de acordo com Emanuel Capistrano, a meta é adquirir um terreno maior na Região Metropolitana de Fortaleza para construir galpões próprios, onde diversas empresas associadas poderão se instalar.