A Praia de Iracema terá um projeto de inovação tecnológica, chamado de Cais, – sigla que remete a “Centro de Arte, Inovação e Saberes” – formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e empresários e empreendedores da região.
De acordo com José de Paula Barros Neto, pró-reitor de Inovação e Relações Interinstitucionais da Universidade Federal do Ceará (UFC), o projeto tem como objetivo reunir, em um mesmo espaço, diversos entes do ecossistema de inovação, especialmente ligados à área de tecnologia da informação.
“A ideia é criar um ambiente colaborativo, onde empresas, universidades, startups e fornecedores possam trocar experiências e fortalecer o setor de TI no estado”, afirmou.
O empreendimento imobiliário será localizado no imóvel que sediou a CasaCor 2024, na avenida Almirante Barroso, número 500. Antes, estava previsto um shopping para o local, mas a ideia foi descartada.
A estrutura pertenceu à Caixa Econômica e já foi ocupada pela loja Casas Pernambucanas. O local agora será adaptado para receber empresas, startups, pesquisadores e instituições como a própria UFC, que terá uma sala no imóvel.
Apesar da parceria, ele esclareceu que a UFC não fará nenhum aporte financeiro no projeto e não terá gestão sobre o prédio, que permanece sob operação privada. A universidade, segundo ele, participa como um dos atores do ecossistema e contribuirá com a presença de professores, alunos e pesquisas no espaço.
Conforme o reitor Custódio Almeida, o projeto foi apresentado e, a partir de agora, será negociado um protocolo de intenções, a ser assinado entre a Universidade, os empresários e outras instituições interessadas.
"Estamos chamando de Escola do Amanhã, considerando esse amanhã como as tecnologias e a inteligência artificial, que a gente precisa cada vez mais participar e dominar também”, ressaltou.
A ideia, de acordo com Chico Gualbernei, um dos empresários envolvidos na ação, é que o espaço de 5 mil metros quadrados (m²) abrigue startups, empresas de tecnologia e conte também com a presença da Universidade.
“Nossa intenção é criar algo próximo ao Porto Digital, em Recife. O Ceará é muito forte nessa parte de tecnologia, mas ainda não tem identificação. Esse projeto tem sinergia muito forte com o campus Iracema”, destacou.
O reitor avaliou que o projeto, que se configura como uma semente de um distrito de inovação para a Praia de Iracema, está muito ligado às atividades que virão a ser desenvolvidas no Campus Iracema, cuja cessão foi formalizada em dezembro de 2023, mediante assinatura de protocolo de intenções entre a UFC, o Governo do Estado do Ceará e o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).
O novo campus abrigará graduações, pós-graduações e uma nova sede para o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), além do inédito Centro Tecnológico de Ciências Naturais (CTCN).
Estes funcionarão no prédio do antigo Acquario Ceará e no terreno do Dnocs. “Eu vejo uma possibilidade de um casamento bom, a partir desse projeto que temos com a ideia que eles vieram trazer”, disse.
Além da participação no projeto Cais, a UFC desenvolve em paralelo o Campus Iracema, previsto para ocupar a área do antigo Aquário do Ceará e parte do terreno do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
Segundo Barros Neto, as etapas legais para implantação já foram concluídas, com licitação realizada, contrato assinado e empresa responsável contratada.
“Isso está confirmado. Já existem projetos, cronogramas e tudo o que envolve a execução da obra”, explicou. Apesar disso, ele pontua que o andamento detalhado das construções está sob encargo da Fundação de Apoio à Infraestrutura da UFC (FCInfra), responsável técnica pelas obras.
De acordo com Renato Guerreiro, responsável técnico pela execução das obras na UFC, o Campus Iracema está sendo implantado por meio de uma contratação integrada, modelo que prevê a elaboração e a execução dos projetos pela mesma empresa. Atualmente, a universidade está na fase de desenvolvimento do projeto básico de arquitetura e dos complementares, com previsão de conclusão no próximo semestre.
No que se refere a outros imóveis previstos no plano mais amplo da UFC — como o prédio dos Correios, o Dnocs e o antigo Edifício São Pedro —, ainda não há concessões formalizadas. “Estamos fazendo, em paralelo, estudos de utilização para esses terrenos, mas ainda não há nada oficializado”, explicou. Guerreiro também informa que não há previsão de entrega de etapas do projeto ainda em 2025.
Em relação à UFC, a universidade teve as solicitações contempladas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Fica no bojo do aporte do Ministério da Educação (MEC), de R$ 5,5 bilhões na rede federal de educação superior em todo o País.
Outro terreno que se integra a esse pacote é onde ficava o Edifício São Pedro, demolido pela Prefeitura de Fortaleza. O espaço de 2.275,99 m² fica na avenida Beira-Mar, 746.
Esta área foi, inclusive, solicitada pela UFC à Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE), e cedida gratuitamente, por tempo indeterminado, para a construção de um equipamento acadêmico de cultura, arte e eventos.
Será contemplado ainda nesse corredor tecnológico e cultural o prédio de propriedade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), localizado na rua dos Tabajaras. A intenção é também integrar o Campus Iracema. Este espaço sedia atualmente o Centro de Encomendas e Entregas (CEE) dos Correios e permitirá a ampliação das instalações da universidade, incluindo outras unidades acadêmicas.
Por fim, todo o planejamento da UFC se une ao que planeja a Prefeitura de Fortaleza, que quer integrar um polo tecnológico desde o Centro da Cidade até a avenida Monsenhor Tabosa.