O Ceará registrou, em julho, um saldo positivo de 7.424 postos de trabalho formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados ontem, 27 de agosto, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado coloca o Estado como o segundo maior gerador de empregos do Nordeste, atrás somente da Bahia (9.436). O número representa 19% do saldo da região.
O indicador do Caged mede a diferença entre contratações e demissões. Foram 60.395 novas contratações ante 52.971 demissões, representando uma variação relativa de 0,52%. O destaque foi o setor de serviços, com 2.314 vagas, seguido da indústria (1.955) e construção civil (1.842).
No acumulado do ano, entre janeiro e julho, o saldo registrado pelo Estado é de 32.925 novos empregos formais, sendo 394.480 admissões contra 361.555 desligamentos. Considerando os últimos 12 meses (agosto/24 a julho/25), o Ceará ficou em terceiro lugar em números de novos empregos gerados (53.311), atrás da Bahia e de Pernambuco.
O governador Elmano de Freitas (PT) comemorou o resultado em suas redes sociais. Mais de 140 mil empregos foram gerados desde janeiro de 2023, postou Elmano, em referência ao tempo que ele comanda o Executivo estadual.
"Seguimos firmes, atraindo novas empresas, fortalecendo as que já estão aqui e impulsionando nossa economia para gerar ainda mais oportunidades para o povo cearense, disse Elmano.
Para o secretário do Trabalho, Vladyson Viana, vários motivos podem ser observados no levantamento.
“Percebemos a ampliação do setor de telemarketing, bem como a alta estação estimulando o setor de serviços. Além disso, o destaque do resultado da indústria calçadista, que costuma ampliar sua produção para atender as demandas de fim de ano, e a construção, no subsetor de construção de edifícios, impulsionada por programas como o Minha Casa, Minha Vida e Entrada Moradia. Vamos continuar trabalhando, incentivando os empreendedores e apoiando os trabalhadores em busca de postos de trabalho”, afirmou Viana.
Brasil desacelera por causa do juro alto
No Brasil, em julho, o saldo também foi positivo de 129.775 postos de trabalho com carteira assinada, contribuindo para um acumulado de mais de 1.347.807 de novos vínculos formais, o que representa crescimento de 2,86%. Considerando os últimos 12 meses (de junho de 2024 a julho de 2025), o saldo é de +1.523.904 empregos.
Apesar do saldo positivo, a criação de emprego formal voltou a cair em julho no país, pressionada pelos juros altos e pela desaceleração da economia. Em relação aos meses de julho, o volume foi o menor desde 2020, quando foram abertas 108.476 vagas. A comparação considera a metodologia atual do Caged, que começou em 2020.
A criação de empregos caiu 32,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em julho de 2024, tinham sido criados 191.373 postos de trabalho, nos dados com ajuste, que consideram declarações entregues em atraso pelos empregadores.
Ao analisar os resultados do Caged, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, representa um problema mais grave para a economia nacional do que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.
Marinho disse que o impacto do tarifaço aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros no mercado de trabalho seria de, no máximo, da ordem de 320 mil a 330 mil empregos no ano. "O tamanho do impacto, se tudo desse errado, não vai dar tudo errado, nós teríamos um impacto, no máximo, da ordem de 320 mil a 330 mil (empregos)", afirmou Marinho a jornalistas.
Segundo ele, seriam afetados 121 mil empregos diretos e algo em torno de 210 mil postos de trabalho indiretos.
Segundo o ministro, a elevação dos juros tem efeito direto na atividade econômica e no mercado de trabalho. O patamar da taxa é definido pelo Banco Central nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Peço para o santo dos juros baixar esse juro, esse é o principal problema, maior que o tarifaço. Precisamos de redução de juros urgentemente para a atividade se manter”, declarou Marinho.
O setor de serviços puxou a geração, com 50.159 vagas (+0,21%), seguido por Comércio 27.325 (+0,26%), Indústria 24.426 (+0,27%), Construção 19.066 (+0,63%) e Agropecuária 8.795 (+0,46%).
Os saldos também foram positivos em 25 estados, com destaque para São Paulo (+42.798), Mato Grosso (+9.540) e Bahia (+9.436). Nas variações relativas, os maiores crescimentos foram registrados em Mato Grosso (+0,97%), Piauí (+0,80%) e Amapá (+0,79%).
O resultado do mês reflete 2.251.440 admissões e 2.121.665 desligamentos. Do total, 92,7% dos postos foram considerados típicos e 7,43% não típicos, com destaque para aprendizes (+6.099) e trabalhadores com jornada de até 30 horas semanais (+6.016).
Sara Paixão, Analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, destaca que, embora positivo, o saldo de emprego de carteira assinada em julho no Brasil ficou abaixo da projeção do mercado, de 135,6 mil.
Segundo a especialista, a acomodação no mercado de trabalho é esperada para o segundo semestre do ano, dado que os efeitos da taxa de juros em patamar contracionista já podem ser avaliados em dados de atividade econômica, como o consumo das famílias, vendas no varejo e produção industrial.
Vale ressaltar que, apesar de uma incipiente desaceleração na criação de vagas formais, o mercado de trabalho permanece sólido, com uma taxa de desemprego no nível mais baixo da série histórica (5,8% no segundo trimestre do ano), o que é um ponto de atenção para o Banco Central, avalia Sara Paixão.
A analista pondera que esse dado ainda não reflete os impactos da tarifa de 50% impostas pelos Estados Unidos, que foram implementadas a partir do dia 06 de agosto.
Os próximos dados de emprego serão relevantes para avaliar possíveis mudanças na dinâmica de emprego nos Estados mais impactados. Esse efeito deve ser amortecido pelo pacote `Brasil Soberano` do Governo, que condiciona o acesso ao crédito subsidiado à manutenção no número de empregos, comenta Sara.
Acumulado do Ano
De janeiro a julho, o país gerou 1.347.807 novos empregos formais, um aumento de +2,86%, sendo os saldos positivos em todos os grandes grupamentos de atividades econômicas, elevando o estoque de vínculos ativos para 48.544.646.
O maior gerador foi o setor de Serviços, responsável por 688.511 vagas (+2,99%), com destaque para as áreas de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+265.093), além de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (+240.070).
Na sequência aparecem a Indústria 253.422 (+2,84%), a Construção 177.341 (+6,21%), o Comércio 119.291 (+1,13%) e a Agropecuária 109.237 (+6,08%).
Entre os estados, 26 apresentaram saldo positivo, ficando apenas Alagoas em queda (-1,22%). São Paulo liderou em números absolutos 390.619, (+2,73%), seguido por Minas Gerais 152.005 (+3,1%) e Paraná 102.309 (+3,18%).
Grupos Populacionais
Em julho, o saldo foi mais favorável para os homens (+72.974) do que para as mulheres (+56.801). Elas, no entanto, tiveram maior participação nas contratações dos setores de Serviços (+28.160 mulheres, +21.999 dos homens) e Comércio (+15.365 mulheres, +11.960 homens).
A geração de vagas também foi expressiva entre os jovens: trabalhadores de 18 a 24 anos responderam por 94.965 vínculos, enquanto os adolescentes de até 17 anos tiveram saldo de 26.374. Os setores que mais absorveram esse público foram o Comércio (+32.059) e a Indústria de Transformação (+24.242).