Em 2026, as mensalidades das escolas particulares devem ter o maior reajuste dos últimos anos. O Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições privadas de ensino, prevê um aumento médio de 9,8%. Prognóstico semelhante ao feito pelo Instituto Brasileiro de Estudos em Educação (IBEE), que é entre 5% a 11,5%.
Ambas as previsões superam a inflação oficial projetada para o próximo ano, que é de 4,83%, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central.
A legislação exige que o valor da anuidade seja divulgado com pelo menos 45 dias de antecedência ao fim do período de matrícula, permitindo que as famílias escolas se organizem financeiramente.
De acordo com os levantamentos, os aumentos são impulsionados por fatores diversos, como a inflação acumulada, os investimentos pedagógicos (incluindo programas bilíngues e tecnologia) e os reajustes salariais de professores.
Outro fator econômico crucial é a saúde financeira das próprias instituições. O estudo da Rabbit revelou que 70% das escolas estão mais endividadas hoje do que antes da pandemia. Esse cenário de endividamento crescente pressiona as escolas a buscarem maior arrecadação para manter o equilíbrio financeiro.
A inflação acumulada é um dos elementos centrais no cálculo do reajuste. Nos 12 meses até agosto foi de 5,13%, impactando os custos gerais das escolas. A pesquisa indica que a pressão inflacionária é generalizada no setor educacional.
Outro ponto levantado pela IBEE é que a inadimplência das famílias também afeta o fluxo de caixa das escolas. Entre janeiro e abril de 2025, a inadimplência média variou de 4,8% a 5,4%, mas em algumas redes educacionais chegou a atingir 20%.
O economista Ricardo Coimbra diz que tem sido recorrente o reajuste das mensalidades escolares superar a inflação. De acordo com ele, isso acontece porque os pais não conseguem negociar de forma efetiva com as escolas. Ele aponta ser necessário uma participação maior da agência de regulação para tentar debater e discutir esses reajustes.
Coimbra sugere algumas medidas que as famílias podem adotar para não serem tão impactadas. Entre elas, a busca por descontos antecipando parcelas, bolsas de estudo ou mesmo agir em bloco com outras famílias. Às vezes, existe essa possibilidade de uma movimentação de cinco a 10 crianças numa escola para outra escola. Daí você consegue um desconto para essas crianças ―, orienta o economista.
‘’Os pais devem tentar buscar desconto, principalmente, quando tiver mais de um filho, quando os filhos tiverem boas notas e buscar outras alternativas de qualidade de ensino com preços diferenciados", sugere Ricardo Coimbra.