O turismo náutico no Ceará deve registrar um crescimento expressivo em 2025. Estimativas do Sebrae apontam que o número de visitantes ligados ao segmento deve saltar de 297,5 mil em 2024 para 350 mil em 2025, um avanço de 17,6%.
A receita direta do setor deve acompanhar o ritmo, passando de R$ 1,145 bilhão para R$ 1,387 bilhão, alta de 21,2%. O gasto médio por visitante está estimado em R$ 3.965,45.
A cadeia produtiva vai muito além do passeio em si. O setor envolve fornecedores de insumos e equipamentos, alimentação, vestuário, reparos, logística, transporte, comunicação visual e marketing, gerando emprego e renda durante todo o ano.
Em julho, levantamento feito com 13 escolas de esportes aquáticos no Estado identificou 100 funcionários diretos, ticket médio de R$ 52 por passeio e receita anual de R$ 2,6 milhões.
Para consolidar esse crescimento, o Sebrae/CE promoveu nesta terça-feira, 30, o 1º Encontro de Integração entre Esportes Náuticos e Turismo de Experiências, na sede da instituição em Fortaleza. O evento reuniu escolas, bases e clubes de esportes náuticos com agências de viagens, operadoras, hotéis e guias, que buscam fortalecer a integração do setor com o trade turístico.
A programação inclui uma Rodada de Negócios, que conecta diretamente empresas do segmento náutico com agências e hotéis, abrindo novas oportunidades comerciais e promocionais.
Para a analista do Sebrae/CE, Evelyne Tabosa, a iniciativa representa um passo decisivo para consolidar Fortaleza como referência nacional nesse tipo de turismo.
“O encontro é uma oportunidade única para ampliar canais de comercialização, gerar parcerias e posicionar o turismo náutico como produto estratégico da cidade, que já se destaca nacional e internacionalmente pelas suas condições ideais para esportes como kitesurf, vela, canoa havaiana e stand up paddle”, destaca Evelyne.
Entre as modalidades em crescimento está o stand up paddle o esporte consiste em se locomover na água em pé, sobre uma prancha, com o auxílio de um remo (SUP). O presidente da Associação Cearense de Stand Up Paddle, Alexandre Nogueira, explica que a prática está consolidada em Fortaleza e no interior, com diferentes vertentes:
“O SUP é praticado por todas as idades, de crianças a idosos. Muitos moradores têm pranchas próprias, mas também há forte procura turística, especialmente em guardarias na Beira-Mar, Barra do Ceará e Sabiaguaba. Até mesmo participantes de congressos e feiras buscam a atividade antes de seus compromissos, como forma de contemplar Fortaleza de dentro do mar”, destaca Nogueira.
Ele aponta ainda os desafios: a necessidade de instrutores capacitados em salvamento aquático, domínio de idiomas e regularização empresarial. “O Sebrae Ceará tem sido um divisor de águas ao promover cursos, capacitações e a integração entre esporte e turismo”, acrescenta.
Outra modalidade em ascensão é a canoa havaiana, ou va’a. De acordo com Lígia Felismino, presidente da Federação de Canoa Havaiana do Ceará (Fevaace), estima-se que o Estado já tenha entre 500 e 600 praticantes ativos, com mais de 10 escolas e clubes somente em Fortaleza.
“A canoa havaiana é inclusiva, praticada por pessoas de todas as idades. Além das competições, cresce muito o interesse turístico, em experiências como remadas ao nascer ou pôr do sol, que oferecem uma visão única da cidade a partir do mar”, afirma.
Segundo Lígia, a demanda trouxe também a necessidade de aprimorar a recepção, investir em instrutores com foco em segurança e até oferecer registros com drones.
Ela ressalta a importância do encontro promovido pelo Sebrae, que conecta o setor esportivo ao trade turístico. “Essa integração é fundamental para consolidar Fortaleza e o Ceará como referência nacional em turismo de experiência”, avalia.
Com mais de uma década atuando na Beira-Mar de Fortaleza, Gaudino Mandrino, sócio da Kayakeria, vê no crescimento dos esportes náuticos um reflexo direto na economia local. “Hoje conseguimos colocar 110 pessoas na água ao mesmo tempo nos horários mais procurados, como o pôr e o nascer do sol. Muitos turistas já chegam com reservas feitas previamente”, conta.
Além das atividades para famílias e visitantes, a empresa também atua com o público corporativo, promovendo integração de equipes. “O Ceará tem uma das melhores raias do mundo para o downwind, o que atrai atletas e turistas internacionais. Eventos como o Molokabra e o Desafio Marco Zero vêm se tornando gigantes, movimentando esporte, cultura e turismo”, reforça.
Mandrino também é responsável pelo Manguezalvaana, na Sabiaguaba, e pela Kayakeria Jerivaá, em Jericoacoara. Nessas localidades, aposta em remadas ecológicas e experiências ligadas ao meio ambiente, como o nascer do sol na Pedra Furada. “O Sebrae tem sido um grande parceiro nessa trajetória, fortalecendo o turismo náutico como motor de desenvolvimento para o Ceará”, conclui.
Com cenários naturais favoráveis — bons ventos e águas mornas —, o Ceará se posiciona cada vez mais como destino estratégico para o turismo náutico e esportivo. O segmento, que envolve modalidades como kitesurf, stand up paddle, canoa havaiana e caiaque, alia lazer, esporte e experiência, ampliando a oferta turística e fortalecendo a economia local.
As estimativas para 2025 reforçam a tendência: mais visitantes, mais receita e maior integração entre esporte e turismo, consolidando o Estado como um polo de referência no Brasil e no exterior.
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Estima-se que o Estado já tenha entre 500 e 600 praticantes ativos de canoa havaiana, com mais de 10 escolas e clubes somente em Fortaleza