O síndico do presente e do futuro precisa se profissionalizar e abandonar a gestão reativa, migrando para uma gestão preventiva e estratégica. Essa é a avaliação da diretora nacional da Sindicatura pela Associação Nacional da Advocacia Condominial (Anacon), Amanda Accioly.
A especialista e gestora de 16 condomínios foi uma das palestrantes do último dia de programação da ExpoMarket Condomínios 2025, 5ª edição do principal evento do setor no Ceará.
Para Amanda, “as demandas dentro dos condomínios estão cada vez mais estruturadas e tecnológicas. Os moradores, que são o nosso grande patrimônio, estão cada vez mais exigentes, carentes também de um gestor que traga novidades, mas que não deixe de lado a empatia”.
“Nós já temos síndicos profissionais atuando no mercado hoje, que já precisam trabalhar dessa forma, mas vamos ter que complementar, somar, crescer e buscar ser cada vez mais preparados em cada um desses itens: conhecimento técnico, habilidades emocionais, parte de tecnologia... porque o futuro, em três ou seis meses, já traz novas necessidades. O condomínio é assim: a cada momento entra uma tecnologia diferente”, resume a especialista.
Amanda destacou que o síndico hoje precisa ter um perfil de liderança. “Ele precisa ser líder para os moradores e precisa ser líder para os colaboradores que estão ali. O olhar dele tem que ser multidisciplinar. O síndico, hoje em dia, precisa entender um pouco de tudo. Não é necessário ser especialista em tudo — até porque não dá. Por isso, precisa se cercar de pessoas com expertise em cada área: o advogado, o engenheiro... mas ele precisa ter uma visão geral”, defendeu.
Mais cedo, o público pôde assitir a uma palestra sobre segurança condominial, com Wlauder Robson, que tem 43 anos de experiência nas áreas de segurança pública e em assessoria de segurança. Encerrando o ciclo de palestras iniciado no dia anterior, Said Gadelha, que é membro da Comissão Especial de Direito Condominial do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) comentou sobre os principais desafios jurídicos na gestão condominial.
“O desafio da assessoria jurídica, na gestão condominial, é justamente levar para a sindicatura a importância dessa assessoria. O condomínio, hoje, é formado por muita gente, muitas famílias, e é o reflexo de uma cidade. Também é uma empresa — ainda que seja sui generis — mas é uma empresa: com despesas e com obrigações”, definiu Gadelha.
“Então, o desafio da assessoria jurídica é esse: demonstrar o olhar de 360° que ela pode oferecer, para dar as melhores orientações à sindicatura, à gestão. Na falta dessa assessoria, muitas vezes o síndico toma decisões de maneira abrupta, o que causa mal-estar dentro da comunidade condominial”, complementou o advogado.
A ExpoMarket Condomínios 2025, promovida pelo Grupo de Comunicação O POVO e pela Rádio O POVO CBN, é uma oportunidade para os profissionais da área se atualizarem sobre as novidades do setor e tem crescido ano a ano. A coordenadora geral do evento, Valéria Xavier, comemorou os bons números desta edição.
“Nós tivemos um aumento de 30% em relação aos fornecedores que estão expondo. A feira cresceu não só em número de expositores, mas também em visitantes. Nós estamos, ainda, a quatro horas do encerramento e já temos 20% a mais de visitantes em relação ao ano passado”, disse Valéria durante a entrevista.
“Isso nos dá uma ideia de como esse segmento tem uma demanda e de como a ExpoMarket já faz parte do calendário do segmento condominial do Ceará”, concluiu Valéria.
Por falar em aumento de expositores, O POVO ouviu alguns deles sobre a visão do condomínio do futuro. Para o diretor administrativo da Associação das Administradoras de Condomínios do Estado do Ceará (Adconce), George Melo, “a parte de tecnologia, de inteligência artificial, está cada vez mais presente, e isso realmente vai servir para a nova gestão condominial”. A entidade congrega cerca de 2 mil condomínios no Estado.
Já o diretor e fundador do Grupo Viper, Rodrigo Guilhon, lembrou que o mercado condominial, principalmente mais recentemente, passou por uma verdadeira transformação. Com assembleias virtuais — algo impensável há alguns anos —, tecnologia em portarias e softwares de comunicação entre os condôminos, cada vez mais temos que nos reinventar. As mudanças de um ciclo para outro estão se tornando muito mais rápidas e adaptáveis”.
Já a CEO da Higiteo, Edlene Sales citou uma das soluções que a empresa que congrega a Terran Ambiental levou à ExpoMarket Condomínios 2025. “Desenvolvemos um produto que é uma estação de tratamento de água compacta. O negócio é tornar os condomínios independentes quando falamos de aspectos hídricos. Ou seja, substituir a água da concessionária — no caso, a Cagece — por um abastecimento alternativo coletivo, como a legislação se refere a esse tipo de fornecimento, com a perfuração de poços e o tratamento da água desses poços”, explicou.
“O prazo do financiamento geralmente gira em torno de dois a três anos, dependendo do dimensionamento do sistema, do número de unidades e da qualidade da água, que influencia no tratamento necessário. A partir daí, enviamos o orçamento ao cliente. Aqui na feira, no condomínio de 2025, estamos fazendo simulações em tempo real. O cliente chega com as informações da sua conta, a gente joga no simulador e já vê a viabilidade ou não do sistema em tempo real”, detalha.
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Feira
A edição deste ano da ExpoMarket Condomínios contou com uma feira de negócios com 51 espaços expositivos (sendo 8 lounges e 43 estandes), além de palestras com nomes locais e nacionais