O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, disse ter tido uma “ótima reunião” com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. O encontro ocorreu ontem (16/10), na Casa Branca. Segundo interlocutores, não houve conversa aprofundada sobre temas específicos, mas ficou definido que as assessorias dos dois países vão levantar seus interesses para levar à mesa de negociações.
O objetivo central foi estabelecer uma agenda bilateral e preparar o terreno para um possível encontro entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo Vieira, deverá ocorrer nos próximos meses.
A reunião durou cerca de uma hora e quinze minutos, com foco principal nas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Durante 15 minutos, Vieira e Rubio ficaram a sós. Esta foi a primeira vez que os dois países se reuniram desde a taxação de 50% imposta pelo governo americano a alguns produtos exportados pelo Brasil.
“O encontro foi muito produtivo, em um clima excelente de descontração e de troca de ideias e posições de uma forma muito clara e objetiva, e com muita disposição para trabalhar em conjunto, para traçar, então, uma agenda bilateral de encontros, para tratar de temas específicos de comércio”, disse Vieira durante coletiva realizada na embaixada do Brasil nos EUA.
A agenda de reuniões entre Washington e Brasília será definida por Vieira e Rubio, que devem manter contatos nos próximos dias para discutir e alinhar os encontros bilaterais entre negociadores dos dois países.
Esta foi a primeira reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil e o secretário de Estado dos EUA desde janeiro, quando Donald Trump assumiu a presidência norte-americana pela segunda vez.
Para o diplomata Paulo Roberto de Almeida, ex-embaixador do Brasil em Genebra, essas conversações só ocorrem porque os EUA impuseram medidas unilaterais ilegais, e o Brasil deve tratá-las com rigor técnico, sem concessões políticas.
Já a economista Sandra Rios avalia que o encontro pode abrir caminho para redução das tarifas de 40% aplicadas a produtos brasileiros e novas frentes de cooperação em minerais críticos, data centers e patentes. Ambos defendem uma diplomacia firme e pragmática, que combine autonomia e resultados econômicos concretos
Na mesa de negociação, especula-se que o Brasil deverá levar temas como minerais críticos e apoio ao dólar como moeda global. Ontem, o presidente Lula participou, em Brasília, da primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), que foi criado em 2022, mas que ainda não havia sido instalado.
O órgão foi idealizado para planejar políticas de exploração mineral, inclusive dos chamados minerais críticos e terras raras, que atualmente são fonte de tensão entre a China e os Estados Unidos.
Essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética, cuja oferta está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. Eles incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
De acordo com o Instituto Brasileira da Mineração (Ibram), entidade que representa o setor privado, o Brasil possui cerca de 10% das reservas mundiais desses elementos. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (15), o ministro Alexandre Silveira afirmou ter sido convidado para discutir a exploração de minerais críticos com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright.
(Com agências de notícias).
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Reunião
A reunião sinaliza um esforço de reaproximação entre os dois países, iniciado após uma breve conversa entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, em Nova York.