Logo O POVO+
Grande Fortaleza: prévia da inflação de outubro é menor que a média do País
Economia

Grande Fortaleza: prévia da inflação de outubro é menor que a média do País

O índice apresentado neste mês arrefeceu em relação ao apresentado em setembro, ficando abaixo também de igual período do ano passado, segundo o IBGE
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
No grupo alimentação e bebidas, o item tubérculos, raízes e legumes teve importante queda em outubro (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS No grupo alimentação e bebidas, o item tubérculos, raízes e legumes teve importante queda em outubro

Com cinco dos nove produtos e serviços pesquisados em alta, a prévia da inflação de outubro na Grande Fortaleza ficou praticamente estável, em 0,01%, abaixo do índice de setembro (0,40%) e também melhor que a média nacional (0,18%).

O cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), foi divulgado nesta sexta-feira, 24. 

Ele aponta que o resultado ficou inferior também de igual período de 2024, quando estava em 0,52%, mas acima de outubro de 2023 (-0,28%).

Na representação acumulada de janeiro ao décimo mês de 2025, o conjunto analisado apresenta alta de 3,69%. Nos últimos 12 meses encerrados neste mês, o avanço é de 4,72%. 

Frente aos outros locais pesquisados, Fortaleza ficou entre as altas de outubro, mas a menor registrada.

Recuos foram observados em Recife (-0,03%), Salvador (-0,04%), Rio de Janeiro (-0,05%) e Belém (-0,14%).

Grupo com maior peso (24,22%) dentre os analisados, alimentação e bebidas saiu da variação negativa apresentada em setembro, de -0,75%, para 0,05% em outubro. Perto da estabilidade, mas com o índice se elevando.

Vale lembrar que o grupo vinha em uma sequência de retrações em Fortaleza e Região metropolitana (RMF) desde julho (-0,58%), continuando em agosto (-0,18%). 

O que a prévia da inflação evidencia é que os itens alimentícios com principais baixas foram:

  • Tubérculos raízes e legumes (-5,95%)
  • Sal e condimentos (-3,11%)
  • Cereais, legumes e oleaginosas (-2,25%)
  • Farinhas, féculas e massas (-2,42%)

Do lago das altas, destacaram-se 

  • Frutas (2,60%)
  • Aves e ovos (2,55%)

Ainda em outubro, destacam-se as altas nos grupos de vestuário e saúde e cuidados pessoais, ambas 0,44%.

Em vestuário, puxaram o crescimento os itens roupa masculina (1,11%), tecido e armarinho (0,77%) e calçados e acessórios (0,4%).

Já em saúde e cuidados pessoais, higiene pessoal (0,77%) e plano de saúde (0,49%) foram os maiores impactos.

As baixas também foram importantes em artigos de residência (-0,46%) e transportes (-0,36%).

No primeiro grupo, a queda foi puxada pelos itens TV, som e informática (-1,63%), utensílios e enfeites (-1,49%) e mobiliário (-0,67%), apesar da alta de cama, mesa e banho (1,06%), eletrodomésticos e equipamentos (0,58%) e consertos e manutenção (0,42%).

Em transportes, a baixa veio sobretudo de passagens aéreas (-3,4%) e ônibus interestaduais (-1,4%).

Com o segundo maior peso dentre os grupos (16,40%), habitação na Grande Fortaleza ficou estável, em 0%. As principais oscilações para cima e para baixo ficaram com:

  • Energia elétrica residencial (-2,34%)
  • Combustíveis domésticos (1,57%)

Ao destrinchar todos os itens e subitens de cada grupo pesquisado pelo IBGE, as 20 maiores variações deste mês ficaram com:

  1. Maracujá (20,55%)
  2. Manga (8,48%)
  3. Uva (5,52%)
  4. Frango inteiro (4,98%)
  5. Polpa de fruta (congelada) (3,96%)
  6. Mamão (3,95%)
  7. Hospedagem (3,61%)
  8. Chocolate e achocolatado em pó (2,78%)
  9. Vitamina e fortificante (2,71%)
  10. Vestido infantil (2,63%)
  11. Frutas (2,6%)
  12. Aves e ovos (2,55%)
  13. Caldo concentrado (2,52%)
  14. Roupa de banho (2,51%)
  15. Bolo (2,32%)
  16. Bermuda/short masculino (2,31%)
  17. Sardinha em conserva (2,29%)
  18. Antigripal e antitussígeno (2,07%)
  19. Sapato masculino (2%)
  20. Cimento (1,96%)

Já as 20 quedas identificadas foram importantes em:

  1. Cebola (-11,68%)
  2. Alho (-8,82%)
  3. Tomate (-7,38%)
  4. Tubérculos, raízes e legumes (-5,95%)
  5. Peixe-salmão (-5,54%)
  6. Farinha de mandioca (-4,36%)
  7. Passagem aérea (-3,4%)
  8. Peixe-palombeta (-3,34%)
  9. Carne de carneiro (-3,23%)
  10. Sal e condimentos (-3,11%)
  11. Brinquedo (-3,02%)
  12. Utensílios de vidro e louça (-2,75%)
  13. Arroz (-2,64%)
  14. Maçã (-2,64%)
  15. Cinema, teatro e concertos (-2,6%)
  16. Fígado (-2,44%)
  17. Farinhas, féculas e massas (-2,42%)
  18. Produtos óticos (-2,35%)
  19. Óculos de grau -(2,35%)
  20. Energia elétrica residencial (-2,34%)

Prévia da Inflação no Brasil foi a mais baixa para o mês desde 2022

A alta de 0,18% registrada em outubro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi a taxa mais branda para o mês desde 2022, quando subiu 0,16%.

Em outubro de 2024, o IPCA-15 registrara alta de 0,54%. Em setembro de 2025, apresentou elevação de 0,48%.

O resultado de outubro de 2025 fez a taxa acumulada em 12 meses arrefecer, segundo os dados divulgados pelo IBGE.

A taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses passou de 5,32% em setembro para 4,94% em outubro, a mais baixa desde janeiro deste ano, quando estava em 4,50%.

No acumulado de 2025 até outubro, o IPCA-15 apresentou alta de 3,94%. (Com Agência Estado)

Análises sobre o IPCA-15 de outubro

Ante os dados, Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, diz que, apesar de uma desaceleração importante da inflação com o IPCA-15 de outubro, o cenário ainda é longe de conforto.

Ele vê que a alta de 0,18% no Brasil, contra 0,48% em setembro, revela que o controle de preços avança, mas à custa de juros muito altos e crédito cada vez mais seletivo.

“É um ambiente que exige gestão técnica e educação financeira dentro das empresas, porque o custo do dinheiro segue sendo o principal obstáculo à expansão.”

Para o especialista, o dado de 4,94% em 12 meses confirma que o País vive um momento de transição: a inflação perde força, mas a política fiscal ainda gera incerteza.

“Para quem empreende, o desafio é equilibrar caixa e estratégia, proteger margens, rever despesas e buscar eficiência operacional. O crédito caro vai continuar filtrando o mercado, separando quem tem estrutura e cultura de gestão de quem ainda opera por impulso.”

Outro ponto, conforme Kotz, é que, no cenário global, a inflação persistente e a postura cautelosa dos bancos centrais reforçam a importância de empresas financeiramente educadas.

“O ambiente não recompensa improviso, e sim planejamento, governança e gestão de capital inteligente. É hora de liderar com método, não com emoção”, complementou.

Já para André Matos, CEO da MA7 Negócios, os dados evidenciam que a economia brasileira atravessa um momento de moderação.

Isso porque a inflação dá sinais de desaceleração, especialmente com a queda nos preços de combustíveis e alimentos, mas ainda há uma resistência importante nos serviços, reflexo do mercado de trabalho aquecido e do consumo das famílias.

“Esse cenário indica que o pior da pressão inflacionária pode ter ficado para trás, mas a travessia até a estabilidade ainda será lenta. Os setores mais sensíveis à inflação, como varejo, alimentação, construção civil e transporte, continuam sob impacto”, pontuou.

Na avaliação do especialista, custos de insumos e crédito caro afetam margens e planejamento, enquanto consumidores ainda sentem o peso dos juros altos no orçamento. Já segmentos ligados à exportação, energia e commodities seguem mais protegidos, favorecidos pela taxa de câmbio e pela demanda externa.

“Para o mercado, o dado de hoje tende a ser recebido com cautela. O alívio no IPCA-15 reforça a percepção de que a política monetária do Banco Central começa a surtir efeito, mas não o suficiente para permitir cortes de juros no curto prazo”, frisou.

Acrescentou ainda que o investidor, portanto, deve manter uma postura equilibrada: aproveitar o bom retorno da renda fixa no patamar atual e, gradualmente, voltar a olhar para empresas sólidas e resilientes, que possam se beneficiar de uma futura retomada do crédito e do consumo.

“O alerta global segue sendo a combinação de juros altos prolongados e tensões geopolíticas, fatores que mantêm os mercados voláteis e exigem do investidor disciplina, diversificação e foco no longo prazo. A desaceleração da inflação é um passo positivo, mas ainda não é sinal verde para o relaxamento. O momento é de prudência estratégica”, finalizou.

O que é o IPCA-15

Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Os preços foram coletados no período de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 15 de março a 15 de abril de 2024 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. Veja os resultados completos no Sidra.

A próxima divulgação do IPCA-15, referente a junho, e do IPCA-E, referente ao trimestre entre abril e junho, será em 26 de junho.

Mais notícias de Economia

O que você achou desse conteúdo?