O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportações (CZPE) aprovou a instalação de cinco data centers, incluindo o do TikTok, e uma indústria de amônia verde na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE-CE), no Pecém. São R$ 583 bilhões de aportes estimados.
Os investimentos previstos para os cinco centros de dados são de R$ 571 bilhões, dos quais R$ 81 bilhões vão para obras de infraestrutura e de energia renovável.
Estes montantes serão aportados pelas empresas Bytedance (TikTok) e Exportdata.
Juntos, os projetos data center esperam exportar em torno de R$ 80 bilhões por ano em serviços.
Apenas a fábrica para produção de amônia verde líquida chega a R$ 12 bilhões em prospecções.
No Brasil, foram 12 novos projetos empresariais aprovados, distribuídos em três ZPEs, que somam R$ 585 bilhões.
Portanto, o Ceará concentrou metade das aprovações e 99% do volume de investimentos estimados.
A Exportdata prevê a construção de quatro unidades que entrarão em operação entre 2027 e 2032.
Somente ela fala em R$ 349 bilhões, incluindo equipamentos, obras de infraestrutura e de geração de energia eólica e solar. Espera-se a criação de 95 mil empregos diretos e indiretos.
A empresa com a razão social Exportdata Company foi fundada em 13 de janeiro de 2025, com sede Maracanaú, e tem como atividade principal o tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet.
No quadro de sócios tem o Fundo de Investimento Salus Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior (administrado pela BRL Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.).
Já o data center da Bytedance Brasil Tecnologia Ltda., do TikTok, gira em torno de R$ 108 bilhões até 2035 em equipamentos de alta tecnologia. Este projeto tem parceria da Omnia, do Fundo Patria Infraestrutura V, com a cearense Casa dos Ventos.
O volume é para investimentos diretos em infraestrutura e os indiretos, em compra de energia limpa e renovável, ainda serão definidos pela empresa e adicionados a esses valores.
O início da operação será em 2027, mas para o decênio posterior a 2035 (2036-2046), a empresa espera investir outros R$ 135 bilhões em atualizações tecnológicas.
Em funcionamento, são estimados 550 empregos diretos e indiretos e nas obras de infraestrutura 3.800.
Para o projeto industrial ligado ao hidrogênio de baixo carbono, com produção de amônia verde líquida a partir de energia renovável e água de reúso, são estimados R$ 12 bilhões.
O projeto é da empresa CDV Pecém, e prospecta-se a produção anual de 900 mil toneladas de amônia verde e geração de 1.230 postos de trabalho.
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Construção de data center do TikTok vai receber US$ 2 bilhões
A Omnia, do Fundo Patria Infraestrutura V, anunciou até US$ 2 bilhões para o data center do TikTok. O valor, equivalente a R$ 10,78 bilhões a preços atuais, é para a construção da infraestrutura, que tem previsão de início das obras para este ano e operação para 2027. O montante se soma aos investimentos a serem trazidos pelo cliente âncora, que ocupará toda a capacidade inicial do empreendimento chamado Data Center (DC) Pecém.
Para se ter ideia, o projeto com a Bytedance Brasil Tecnologia Ltda., do TikTok, tem estimativa de aportar R$ 108 bilhões até 2035 em equipamentos de alta tecnologia e mais R$ 135 bilhões de 2036 a 2046, ou seja, cerca de R$ 243 bilhões.
A infraestrutura digital da Omnia tem parceria com a cearense Casa dos Ventos e foi desenhada para entregar capacidade de TI de 200 megawatts (MW) na primeira fase, consumindo até 300 MW de energia total, com operação de matriz renovável e consumo de água de reúso. A energia renovável fica por conta dos novos parques eólicos da Casa dos Ventos.
“Essa estrutura garante acesso às principais rotas internacionais de dados que conectam o Brasil à América do Norte, Europa, África e demais países da América Latina, consolidando o Brasil como exportador de serviços digitais de alto valor agregado”, pontuou a Omnia, na divulgação do investimento.
Conforme a empresa, são previstos também aportes em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de ponta, como inteligência artificial e computação de alto desempenho. Além de projetos de impacto socioambiental nas áreas de educação, formação de mão de obra qualificada e recursos hídricos, em discussão com as comunidades locais e regionais, por meio da interação com os governos estadual e municipal.
“O Data Center Pecém representa um marco importante para a indústria digital no Brasil”, disse, em comunicado ao mercado, Rodrigo Abreu, CEO da Omnia e Operating Partner do Pátria Investimento.
Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos, complementou que a parceria entre a companhia do Ceará e a Omnia é pioneira no âmbito do surgimento dos megadacenters no País. “Esta é uma oportunidade concreta para exportar serviços de alto valor agregado”, destacou.
Governo do Ceará cita planejamento estratégico
Conforme o presidente da ZPE, Fábio Feijó, o que aconteceu na 41ª reunião ordinária do CZPE é a materialização de um planejamento estratégico que vem sendo construído com visão global e foco em sustentabilidade, tecnologia e geração de oportunidades para o povo cearense.
Para ele, nunca o Brasil aprovou tantos projetos, tantos investimentos e tantos empregos em uma única sessão, e nunca o interior do Ceará esteve tão diretamente beneficiado por investimentos de multinacionais instaladas em uma ZPE.
"Fomos a primeira ZPE a operar no Brasil, a primeira a aprovar um projeto de hidrogênio verde (H2V) e agora somos também a primeira a aprovar projetos exportadores de serviços. Isso prova que o Ceará está na vanguarda da nova economia global", frisou ao O POVO.
O gestor destacou que o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), posicionou o Estado como protagonista mundial em hidrogênio verde e na economia do Conhecimento.
"E o mais importante: essa transformação não fica restrita à localidade onde está a ZPE. Os parques eólicos e solares necessários para viabilizar os projetos serão instalados no Interior, levando emprego, renda e oportunidades para onde fazem maior diferença", conclui.
Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, esse volume de aplicações impulsiona a competitividade do Brasil, estimulando a exportação com sustentabilidade.
"São investimentos, incluindo o projeto estratégico de hidrogênio verde, que colocam o Brasil na vanguarda da inovação e da economia de baixo carbono, gerando renda e emprego para os brasileiros", disse.
No Brasil, foram R$ 585 bilhões e nova ZPE no Pará
Em todo o Brasil, foram 12 novos projetos empresariais aprovados, distribuídos em três ZPEs, que somam R$ 585 bilhões em novos investimentos, R$ 99 bilhões em novas receitas anuais de exportação, R$ 21,7 bilhões em investimentos indiretos e 26 mil novos empregos diretos.
Além dos seis do Ceará, portanto, na mesma reunião, o Conselho aprovou pedido de criação de nova ZPE no Pará, proposta pelo governo daquele estado. A criação já inclui o aval de um projeto-âncora da Bravo Metals Ltda., para processamento de metais de platina, níquel e cobre.
São R$ 1 bilhão em investimentos e a estimativa é que esse primeiro projeto já crie na ZPE de Barcarena cerca de 2.500 empregos na implantação e 210 empregos na operação, diretos e indiretos.
Ainda foi autorizada a instalação da empresa Biomasstrust Ltda. na futura ZPE de Aracruz (ES). Com atividade voltada para exportação, o projeto conta com investimentos de R$ 250 milhões.
Fabio Pucci, secretário-executivo do CZPE, frisou que o resultado da reunião evidencia o quanto o regime de ZPE tem se fortalecido como instrumento de atração de investimentos produtivos, geração de empregos e estímulo às exportações brasileiras.
"É gratificante ver o trabalho técnico, transparente e estratégico que temos feito no CZPE — junto a estados, municípios, empresas, Congresso Nacional, ministérios e associações — se traduzir em avanços tão concretos para o País", acrescentou.
Para ele, as ZPE estão, de fato, "ganhando protagonismo" na nova política industrial e na estratégia de reindustrialização sustentável do Brasil."Vivemos hoje um momento absolutamente paradigmático na história dessa política, depois de 37 anos de resultados até então limitados", destacou.
O que são ZPEs
As ZPEs são áreas criadas para desenvolvimento das exportações brasileiras, difusão tecnológica e redução de desequilíbrios regionais.
As empresas que se instalam em ZPE têm acesso a tratamento tributário, cambial e administrativo diferenciado para promover maior competitividade de seus produtos no mercado internacional.
A produção no espaço da ZPE, destinada à exportação, garante às empresas a suspensão do recolhimento de IPI, PIS, Cofins, Imposto de Importação e Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
Mas essa isenção é para aquisição de máquinas, equipamentos e instalações e também para insumos e matérias-primas, com a conversão em isenção ou alíquota zero no caso de posterior exportação do produto final.
O CZPE é órgão deliberativo presidido pelo Mdic. Também fazem parte do Conselho representantes da Casa Civil da Presidência da República e dos ministérios da Fazenda, da Integração e do Desenvolvimento Regional, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Planejamento e Orçamento, de Portos e Aeroportos e dos Transportes.
As empresas
A Omnia é uma plataforma de data centers hiperescaláveis criada para atender à crescente demanda por capacidade e eficiência da indústria de dados, especialmente impulsionada pelas tecnologias de inteligência artificial (IA) e computação de alto desempenho.
Lançada pelo Patria Investimentos, possui foco no desenvolvimento de data centers de grande porte na América Latina.
Tem como atividade principal projetos de energia renovável. Possui, conjuntamente com empresas do grupo, o maior portfólio de projetos eólicos e solares do País, com mais de 60 gigawatts (GW) desenvolvidos ou em desenvolvimento. A francesa TotalEnergies é acionista.
O Patria é uma gestora global de ativos alternativos, com atuação na América Latina e presença na Europa e Estados Unidos, por meio de rede de relacionamentos com investidores. São 37 anos de experiência e R$ 266 bilhões em ativos sob gestão, incluindo private equity, solutions, crédito, real estate, infraestrutura e ações públicas.
Água
O Complexo do Pecém assinou, em agosto, um pré-contrato com a Utilitas, empresa que ficará responsável pela produção e fornecimento de água de reúso para o hub de H2V e data centers da ZPE