O Programa de Educação Executiva Internacional em Economia Azul levou empresários cearenses para um intercâmbio em Lisboa (Portugal) numa iniciativa conjunta da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e da Nova School of Business & Economics (Nova SBE).
O foco do programa é a intersecção entre novas tecnologias, inteligência artificial (IA) e o desenvolvimento sustentável dos oceanos, com a participação de líderes e executivos brasileiros. Participaram do programa 29 líderes empresariais, executivos e gestores cearenses.
Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, disse que a experiência foi importante para entender como se comportar nesse novo cenário mundial. “Foi uma semana muito produtiva em que a nossa atenção, enquanto Federação da Indústria, é de cada vez mais se preocupar com o nosso empresário, que tão bem vem tocando seus negócios”, avaliou o líder classista.
“Saímos daqui bem melhores do que quando chegamos”, destacou Cavalcante.
Na ocasião, foi firmada uma parceria inédita entre a Fiec e a Nova SBE. O protocolo assinado prevê ações conjuntas já planejadas para 2026, conectando ainda mais o ambiente industrial brasileiro ao ecossistema
de conhecimento produzido em Portugal.
“Essa parceria inaugura uma nova etapa. O conhecimento gera responsabilidade. Ele precisa ser partilhado, multiplicado. Queremos que aqueles que passaram por aqui inspirem outros a seguirem esse caminho”, disse o CEO da Nova SBE, Pedro Brito.
Paulo André Holanda, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional do Ceará (Senai-CE) e superintendente do Serviço Social da Indústria do Ceará (Sesi-CE), destacou a importância para atualização dos empresários cearenses.
“A programação tão bem elaborada pelo IEL Ceará e a universidade aqui de Lisboa, de Portugal, que tendo à frente, a liderança do nosso presidente Ricardo Cavalcante, onde os industriais aqui presentes juntamente com o Sesi, o Senai, já identificamos ações que podem ser concretizadas com o conteúdo e as experiências práticas que vimos aqui”, destacou Paulo Holanda.
Na quarta-feira, 12, houve uma aula sobre IA e Economia Azul ministrada pelo professor Leidi Zejnilovic, que abordou temas como tokenização e o uso de IA para monitorar a pesca ilegal. Além das sessões teóricas, os participantes realizaram visitas de campo à A4F (Algae for Future), que utiliza biotecnologia de microalgas, e à Fundação Oceano Azul, dedicada à conservação marinha.
A programação começou na Nova SBE, com a aula “IA, inovação e tecnologia e suas interseções em Economia Azul”, ministrada pelo professor Leidi Zejnilovic, doutor em Mudança Tecnológica e Empreendedorismo pela Universidade Carnegie Mellon e pela Católica-Lisboa School of Business and Economics. Ele apresentou um panorama sobre como a inteligência artificial pode transformar a economia azul, otimizando processos, reduzindo impactos ambientais e impulsionando negócios sustentáveis.
Com uma trajetória que vai da Bósnia a Portugal, Leidi compartilhou experiências pessoais e projetos inovadores, como a plataforma "Patient Innovation" e o uso de blockchain para a comercialização de créditos de carbono. “É como vender o ar que uma árvore ainda vai produzir ao longo da vida”, resumiu.
O professor também citou o exemplo de empresas brasileiras do setor cerâmico que substituíram a lenha nativa por biomassa, gerando créditos pela redução de emissões. “A inovação e a tecnologia devem servir aos humanos, mas precisamos de inteligência e governança para que isso aconteça”, destacou.
Ao abordar a economia azul, Leidi enfatizou a exploração responsável dos recursos marinhos e apresentou projetos de monitorização da pesca ilegal com uso de dados de satélite e inteligência artificial, desenvolvidos em parceria com o Google e o Fórum Econômico Mundial.
O professor explicou ainda o conceito de tokenização, que transforma bens reais ou futuros em ativos digitais. Leidi mencionou também o avanço de "filantropos que investem na descarbonização", citando o plantio de manguezais no Quênia, onde “65% dos rendimentos ficam com as comunidades”, fortalecendo as economias locais.
No turno da tarde, a comitiva visitou a A4F, Algae for Future, empresa portuguesa especializada em biotecnologia de microalgas. Os participantes conheceram projetos que transformam algas em insumos para setores como alimentação, cosméticos, agricultura e energia, exemplos concretos de como a biotecnologia marinha pode gerar produtos de alto valor agregado e contribuir para a descarbonização da economia.
Em seguida, o grupo esteve na Fundação Oceano Azul, referência em conservação marinha em Portugal. A instituição atua na promoção da literacia dos oceanos, na proteção da biodiversidade e no fortalecimento da economia do mar como eixo estratégico para o futuro sustentável do planeta. O encontro permitiu aos executivos brasileiros dialogar com especialistas sobre políticas públicas, inovação social e cooperação internacional voltadas à preservação dos ecossistemas marinhos.
Para o presidente do SindRoupas, Paulo Rabelo, a participação no Programa de Educação Executiva Internacional em Economia Azul representa uma virada de chave estratégica para o setor da moda cearense.
Segundo ele, a imersão no conceito de Economia Azul amplia a visão de futuro da indústria, ao propor uma integração entre sustentabilidade, inovação e competitividade global.
“Não se trata apenas de um curso, mas de um movimento de transformação de mentalidade. A Economia Azul, ao colocar a preservação dos ecossistemas no centro das decisões, aponta caminhos concretos para uma nova lógica de produção, baseada em biorrecursos, rastreabilidade e baixo carbono — pilares que dialogam diretamente com os desafios e oportunidades da moda no Ceará”, pontuou.
Rabelo ressalta que as discussões sobre inteligência artificial, blockchain e tokenização apresentadas durante o programa trazem aplicações práticas que podem revolucionar a cadeia têxtil e de confecção. Para ele, o uso dessas tecnologias permitirá fortalecer a rastreabilidade do algodão, do denim e de todo o processo produtivo, agregando valor às exportações e consolidando o posicionamento das marcas cearenses no mercado internacional.
“O Ceará tem todas as condições de se firmar como um polo que une moda, inovação e sustentabilidade oceânica, em sintonia com a agenda global de descarbonização e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A ponte construída entre a Fiec, a Nova SBE e o ecossistema europeu abre novas possibilidades de cooperação, pesquisa e negócios para toda a indústria da moda”, frisou.
O último dia do programa apresentou uma visão integrada sobre o futuro do setor, conectando estratégias de sustentabilidade, os setores emergentes da biotecnologia marinha e as novas fronteiras das finanças voltadas à preservação dos ecossistemas oceânicos.
O professor Luís Veiga Martins, diretor acadêmico da Nova SBE, destacou a necessidade de articular políticas ambientais, de inovação e de governança para impulsionar o desenvolvimento sustentável dos mares. Reforçou ainda que Portugal, referência mundial na temática, tem desempenhado papel decisivo ao
alinhar sua estratégia nacional ao European Green Deal e ao consolidar a Economia Azul como pilar fundamental de seu crescimento
A4F
A comitiva visitou a A4F, Algae for Future, empresa portuguesa especializada em biotecnologia de microalgas. Os participantes conheceram projetos que transformam algas em insumos para setores como alimentação, cosméticos, agricultura e energia