Após balanço abaixo das expectativas do mercado no 3º trimestre de 2025 fazer as ações desabarem quase 50% em dois dias, o Hapvida (HAPV3) sofreu mais um baque: a gestora de fundos SPX comunicou ao mercado a venda de participação em ações ordinárias na companhia. Em 12 meses, a cearense derreteu quase 60%.
A gestora de recursos informa que, após a operação, passa a deter 18.724.664 ações ordinárias, o equivalente a 3,7% do total da companhia.
A SPX afirma ainda que mantém cerca de 5 milhões de ações ordinárias em aluguel tomado e 53 mil opções de compra, que são instrumentos comercializados no mercado de derivativos.
A gestora ainda possui 2,3 milhões de instrumentos financeiros derivativos com previsão de liquidação exclusivamente financeira em que ações ordinárias da Hapvida são referência.
No comunicado, a SPX diz que "não existe qualquer acordo ou contrato regulando o exercício do direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários de emissão da Companhia pelos Fundos geridos pela SPX".
Desde o anúncio do balanço do 3º trimestre, as ações do Hapvida estão em baixa. O valor de mercado da companhia caiu R$ 7 bilhões no pregão de quinta-feira, 13.
A mínima observada fez com que a empresa perdesse o piso de R$ 10 bilhões pela primeira vez desde a estreia na bolsa de valores, em 2018. Na época, antes da fusão com o Grupo NotreDame, a Hapvida foi estimada em R$ 19 bilhões.
Com isso, a Hapvida passou a um valor de R$ 9,40 bilhões e liderou as negociações do pregão, com a marca de 70 mil negócios.
Conforme O POVO publicou no último dia 15, o derretimento de 40% em perdas na B3 ligou o alerta da empresa, que ainda na noite da quinta-feira disparou um fato relevante informando da aprovação de um novo programa de compra de ações.
"A administração da Companhia, por meio de sua diretoria estatutária, definirá o momento e a quantidade de Ações a serem adquiridas, podendo chegar a até 70.000.000 de Ações pelo período de 18 meses, contados de 13 de novembro de 2025", detalhou.
Um programa de recompra de ações, também conhecido como buyback, é quando uma empresa decide comprar de volta suas próprias ações que estão sendo negociadas no mercado. Com isso, ela reduz o número total de papéis em circulação (o free float), o que pode aumentar o valor das ações restantes.
O motivo do desempenho na bolsa de valores, segundo indicam os especialistas, está nos resultados financeiros apresentados pela Hapvida no 3º trimestre.
A operadora de planos de saúde Hapvida registrou lucro líquido de R$ 148,9 milhões no segundo trimestre deste ano, queda de 64,2% em relação ao igual período do ano passado. Com ajustes, o lucro somou R$ 299,3 milhões no período.
No acumulado do ano, até junho, a companhia obteve lucro líquido de R$ 565,3 milhões, queda de 42,6% em base anual de comparação.
O Ebitda ajustado do semestre foi de R$ 1,909 bilhão, queda de 12,8% em relação ao apurado em igual exercício do ano passado. (Com Armando de Oliveira Lima)
Na última terça, dia 18, a Goldman Sachs anunciou em recomendação ao mercado o corte do preço-alvo das ações do Hapvida (HAPV3) em 46%, mas manteve a recomendação de compra com potencial de ganho futuro de 66%.
Segundo os analistas, os riscos dos papéis foram precificados, em contexto de fraco desempenho operacional, especialmente no 3º trimestre do ano.
A partir da teleconferência de resultados, o Goldman Sachs aponta que uma série de fatores contribuíram para elevação da sinistralidade médica (MLR) e que a normalização não deve ocorrer em breve, e que a operação no Sudeste não deve evoluir brevemente em rentabilidade.
Mas, reitera, que a queda de 45% de HAPV3 do preço-alvo reflete "incerteza das perspectivas operacionais da empresa", o que deixaria o potencial de queda limitado, por isso, fixa um preço-alvo de R$ 30 ante o valor de fechamento de R$ 18 da véspera. O que notabiliza um potencial de ganho de 66,7%, caso as previsões se confirmem.