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ZPE privada de Quixeramobim visa calçadistas e agroindústria
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Economia

ZPE privada de Quixeramobim visa calçadistas e agroindústria

Projeto de terminal logístico multimodal no Sertão Central aumentou de tamanho e pode gerar investimento de R$ 2,5 bilhões. Segundo a Value Global, intenção não é "concorrer" com Pecém, pois foco seria outros setores
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RICARDO Azevedo, CEO Value Global (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES RICARDO Azevedo, CEO Value Global

A evolução do projeto da Value Global de implantar uma zona de processamento de exportações (ZPE) privada em seu terminal logístico industrial em Quixeramobim não tem interesse em competir com a ZPE do Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante.

Segundo o CEO da Value Global, Ricardo Azevedo, o foco da estrutura deve ser a indústria calçadista e o setor agroindustrial, o que incluiria segmentos como biodiesel, alimentício, frigoríficos, e de ração.

O terminal logístico, que tem a perspectiva de ser alfandegado e se tornar porto seco, com área industrial anexa e agora projeto de ZPE privada, triplica de tamanho e envolve aporte de R$ 2,5 bilhões, conforme adiantou a colunista do O POVO, Beatriz Cavalcante, em 13/10.

O foco do projeto no Sertão Central, que deve ser implantado em fases até 2028 - quando a ferrovia Transnordestina deve estar totalmente implantada - é ser complementar ao Porto do Pecém e sua ZPE, que tem como âncoras grandes indústrias tradicionais e prospecta para o futuro atender data centers e a produção de hidrogênio verde.

Ao O POVO, o empresário afirma ainda que irá se aproveitar a implantação de um grande parque de tancagem de combustíveis no Pecém, com investimento de R$ 430 milhões do Grupo Dislub Equador, que deve permitir operação própria e de parceiros.

Ricardo conheceu o projeto, descobriu que as empresas poderão atuar com importação de combustíveis e confirmou que deve ampliar o espaço de tancagem do complexo logístico e industrial de Quixeramobim.

A intenção é que seja possível transformar a região central do Estado num polo de distribuição de combustíveis, aproveitando a infraestrutura logística disponível a partir da ferrovia Transnordestina.

Segundo Ricardo, o complexo, com sua ZPE privada e infraestrutura ferroviária e de combustíveis, se comportará como um centro de distribuição avançado, não apenas armazenando mercadorias, mas também criando valor através da industrialização e exportação, centralizando em uma única área todo o suporte que a indústria necessita, como energia e benefícios fiscais.

"Se eu sou uma indústria têxtil, eu tenho acesso aos produtores de algodão do MA-TO-PI-BA. Se sou da indústria de ração, tenho acesso aos grãos. Depois que o produto estiver pronto e quiser exportar ou então distribuir internamente, faço de maneira econômica."

E complementa: "A empresa só tem o trabalho de preparar seu produto, o resto entregamos de bandeja".

Para que os planos de implantar uma ZPE privada saiam do papel, a Value Global precisa obter apoio estatal que envolve aprovação da Secretaria-Executiva do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (SE-CZPE).

Após análise de requisitos legais e administrativos específicos, o processo só é concluído após a publicação de um decreto presidencial autorizando a abertura de uma nova ZPE.

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Brasil está incentivando novas ZPEs, inclusive privadas

O Brasil passa por um processo de incentivo à expansão de ZPEs. Em outubro de 2023, foi assinado o primeiro decreto presidencial criando uma ZPE privada no Brasil, a de Aracruz, no Espírito Santo, administrada pelo Grupo Imetame.

As empresas instaladas nessas zonas têm acesso a um regime aduaneiro especial, que inclui a suspensão de impostos sobre a importação e produtos industrializados, além de outras vantagens, que recentemente foram atualizadas.

Essas novidades nas regras das ZPEs animam Ricardo. Uma delas é a expansão de 30 km da área de influência das zonas, o que permitiria a inclusão de diversas indústrias já instaladas no Sertão Central, a 13 km do complexo, especialmente do setor calçadista, sem demandar transferência de espaço físico.

Isso fez com que o Complexo Logístico e Industrial do Sertão Central aumentasse sua área de influência para 53 municípios, quase 1/3 do Estado, segundo pesquisa da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag). "Aumentamos em três vezes o tamanho do nosso projeto. É algo desafiador, mas, ao mesmo tempo, bastante significativo para o Estado e o Nordeste como um todo", afirma.

"É um ecossistema interessante de empresas que vem se instalar no município, outras que estão na região e vão ampliar a produção, seja no fornecimento de mão de obra qualificada vindo de cidades vizinhas".

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