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Entre crescimento e cautela: turismo na orla de Fortaleza tem cenário desigual
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Economia

Entre crescimento e cautela: turismo na orla de Fortaleza tem cenário desigual

A alta estação começa a aquecer as praias de Fortaleza, com aumento de turistas, contratações e faturamento em parte das barracas, enquanto outros estabelecimentos ainda sentem retração no consumo
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O POVO percorreu ontem a Praia do Futuro e a Beira-Mar (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA O POVO percorreu ontem a Praia do Futuro e a Beira-Mar

A movimentação turística na orla de Fortaleza começou a ganhar força a partir do feriado do dia 25 de dezembro, especialmente na Praia do Futuro, um dos principais polos de lazer da Capital.

Em algumas barracas, a expectativa é de que o fluxo atinja o pico a partir do último fim de semana do ano e se mantenha aquecido até meados de janeiro. Porém, o cenário apresentado é desigual. Enquanto alguns estabelecimentos registram crescimento de 20%, outros relatam queda de 15% devido ao contexto econômico.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro .  (foto: Fabio Lima/OPOVO).(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro . (foto: Fabio Lima/OPOVO).

Na Crocobeach, o gerente de atendimento, Kayque Veríssimo, afirma que o período entre o Natal e as férias escolares representa o principal momento do ano para o setor. Segundo ele, o fato de o dia 25 ter caído numa quinta-feira contribuiu para prolongar o fluxo de visitantes.

“Desde ontem, dia 25, o movimento vem evoluindo. A expectativa é que, a partir deste fim de semana, a gente chegue ao volume máximo de clientes”, afirma.

Em comparação com 2024, o cenário é mais positivo. De acordo com Kayque, o crescimento no número de clientes chega a cerca de 20%, refletindo diretamente na necessidade de reforço da equipe.

Contratações aumentam, mas desafio é mão de obra qualificada

Para atender à alta demanda, a Crocobeach ampliou o quadro de funcionários em aproximadamente 40%, com contratações efetivas e horários, somando entre 60 e 70 novos colaboradores no período.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro .  (foto: Fabio Lima/OPOVO).(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro . (foto: Fabio Lima/OPOVO).

O gerente explica que o reforço é planejado com antecedência, incluindo um processo de capacitação.
“A gente contrata cerca de um mês e meio antes para ter tempo de acompanhamento, treinamento e desenvolvimento. Só depois de concluir todas as certificações é que o colaborador começa a atuar”, detalha.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Whashigton Espanhol, proprietário da barraca Santa Praia. Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro .  (foto: Fabio Lima/OPOVO).(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Whashigton Espanhol, proprietário da barraca Santa Praia. Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro . (foto: Fabio Lima/OPOVO).

Já na barraca Santa Praia, o cenário é diferente. O proprietário Washington Espanhol relata uma queda de cerca de 15% tanto no faturamento quanto no número de clientes em relação ao ano passado, impacto que ele atribui ao contexto econômico.

“As pessoas estão mais travadas. Como a praia é lazer, a primeira coisa que se corta é o lazer”, avalia.

Mesmo com a redução no movimento, a barraca mantém contratações fixas, mas enfrenta dificuldades para preencher vagas. Para Washington, o número de funcionários caiu de 130 para cerca de 90 após a pandemia.

Trabalhadores sentem aumento da jornada e rendimento acompanha o fluxo

Entre os trabalhadores, a percepção sobre a alta estação varia. Garçom da Crocobeach há seis anos, Alex Ramos afirma que houve reforço na equipe e aumento da jornada, mas avalia que o movimento de dezembro ainda não superou o do ano passado.

“A venda está boa, mas não está como no ano passado. O rendimento acompanha, está razoável”, diz.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Francisco Alberto Barroso, vendedor ambulanta. Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro .  (foto: Fabio Lima/OPOVO).(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Francisco Alberto Barroso, vendedor ambulanta. Movimentação nas barracas de praia, Praia do Futuro . (foto: Fabio Lima/OPOVO).

Em contrapartida, os vendedores ambulantes também sentem os efeitos da temporada. Francisco Alberto Barroso, que trabalha há cerca de 30 anos na Praia do Futuro, afirma que, embora o início ainda seja tímido, 2025 apresenta melhora em relação ao ano anterior.

“O ano passado estava mais fraco. Este ano está melhor”, resume.

O principal desafio, segundo ele, é a concorrência, que aumenta durante o período de férias.

Na Beira-Mar, quiosques têm movimento intenso e público majoritariamente local

 

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Náutico.  (foto: Fabio Lima/OPOVO).(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,26.12.2025: Movimentação nas barracas de praia, Praia do Náutico. (foto: Fabio Lima/OPOVO).

Na Beira-Mar, a movimentação também é intensa, especialmente nos quiosques. Funcionário há três anos, Lucas Bandeira conta que a demanda aumentou, mas aponta o impacto da inflação e do custo das passagens aéreas no perfil dos visitantes.

“Antigamente era mais barato para os turistas virem para Fortaleza. Hoje isso influencia bastante”, observa.

De acordo com ele e o colega Cauan, contratado há duas semanas justamente para o período de alta, o público predominante tem sido de moradores da própria Capital, embora turistas também apareçam. O aumento no fluxo, no entanto, não se reflete diretamente nos salários.

“No salário, não. Quem ganha mais é o patrão”, afirma Lucas.

Turistas percebem preços dentro da média 

Entre os visitantes, a percepção é de preços estáveis e ambiente mais tranquilo do que o esperado. As amigas Aparecida Sá, de Minas Gerais, e Marília Otelo, moradora de Fortaleza, avaliam que o movimento nas barracas continua abaixo do que imaginavam para o fim de ano.

“Achei que ia estar mais cheio. Até estou achando bom que esteja mais vazio”, comenta Aparecida.

Ela estima gastar entre R$ 100 e R$ 150 por dia na praia. Já Marília destaca que os preços tiveram apenas um pequeno reajuste e critica o descarte irregular de lixo como um dos impactos negativos do aumento de visitantes.

Turistas internacionais também circulam pela orla. O casal de portugueses, Maria e Fernando Morais, de Lisboa, escolheu Fortaleza pela primeira vez para passar o fim de ano e elogiou o clima e a receptividade.
“Achamos calmo e tranquilo. O povo é simpático e hospitaleiro”, declara Maria.

Expectativa segue positiva para as próximas semanas

Apesar das diferenças entre estabelecimentos e regiões, empresários e trabalhadores concordam que o fluxo deve aumentar nos próximos dias, com a virada do ano e o avanço das férias escolares.

A expectativa é de que o turismo continue impulsionando o comércio, ainda que de forma desigual, ao longo da orla de Fortaleza.

AO VIVO: Turismo cearense e suas perspectivas para 2024 | Debates do Povo 

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