A movimentação turística na orla de Fortaleza começou a ganhar força a partir do feriado do dia 25 de dezembro, especialmente na Praia do Futuro, um dos principais polos de lazer da Capital.
Em algumas barracas, a expectativa é de que o fluxo atinja o pico a partir do último fim de semana do ano e se mantenha aquecido até meados de janeiro. Porém, o cenário apresentado é desigual. Enquanto alguns estabelecimentos registram crescimento de 20%, outros relatam queda de 15% devido ao contexto econômico.
Na Crocobeach, o gerente de atendimento, Kayque Veríssimo, afirma que o período entre o Natal e as férias escolares representa o principal momento do ano para o setor. Segundo ele, o fato de o dia 25 ter caído numa quinta-feira contribuiu para prolongar o fluxo de visitantes.
“Desde ontem, dia 25, o movimento vem evoluindo. A expectativa é que, a partir deste fim de semana, a gente chegue ao volume máximo de clientes”, afirma.
Em comparação com 2024, o cenário é mais positivo. De acordo com Kayque, o crescimento no número de clientes chega a cerca de 20%, refletindo diretamente na necessidade de reforço da equipe.
Para atender à alta demanda, a Crocobeach ampliou o quadro de funcionários em aproximadamente 40%, com contratações efetivas e horários, somando entre 60 e 70 novos colaboradores no período.
O gerente explica que o reforço é planejado com antecedência, incluindo um processo de capacitação.
“A gente contrata cerca de um mês e meio antes para ter tempo de acompanhamento, treinamento e desenvolvimento. Só depois de concluir todas as certificações é que o colaborador começa a atuar”, detalha.
Já na barraca Santa Praia, o cenário é diferente. O proprietário Washington Espanhol relata uma queda de cerca de 15% tanto no faturamento quanto no número de clientes em relação ao ano passado, impacto que ele atribui ao contexto econômico.
“As pessoas estão mais travadas. Como a praia é lazer, a primeira coisa que se corta é o lazer”, avalia.
Mesmo com a redução no movimento, a barraca mantém contratações fixas, mas enfrenta dificuldades para preencher vagas. Para Washington, o número de funcionários caiu de 130 para cerca de 90 após a pandemia.
Entre os trabalhadores, a percepção sobre a alta estação varia. Garçom da Crocobeach há seis anos, Alex Ramos afirma que houve reforço na equipe e aumento da jornada, mas avalia que o movimento de dezembro ainda não superou o do ano passado.
“A venda está boa, mas não está como no ano passado. O rendimento acompanha, está razoável”, diz.
Em contrapartida, os vendedores ambulantes também sentem os efeitos da temporada. Francisco Alberto Barroso, que trabalha há cerca de 30 anos na Praia do Futuro, afirma que, embora o início ainda seja tímido, 2025 apresenta melhora em relação ao ano anterior.
“O ano passado estava mais fraco. Este ano está melhor”, resume.
O principal desafio, segundo ele, é a concorrência, que aumenta durante o período de férias.
Na Beira-Mar, a movimentação também é intensa, especialmente nos quiosques. Funcionário há três anos, Lucas Bandeira conta que a demanda aumentou, mas aponta o impacto da inflação e do custo das passagens aéreas no perfil dos visitantes.
“Antigamente era mais barato para os turistas virem para Fortaleza. Hoje isso influencia bastante”, observa.
De acordo com ele e o colega Cauan, contratado há duas semanas justamente para o período de alta, o público predominante tem sido de moradores da própria Capital, embora turistas também apareçam. O aumento no fluxo, no entanto, não se reflete diretamente nos salários.
“No salário, não. Quem ganha mais é o patrão”, afirma Lucas.
Entre os visitantes, a percepção é de preços estáveis e ambiente mais tranquilo do que o esperado. As amigas Aparecida Sá, de Minas Gerais, e Marília Otelo, moradora de Fortaleza, avaliam que o movimento nas barracas continua abaixo do que imaginavam para o fim de ano.
“Achei que ia estar mais cheio. Até estou achando bom que esteja mais vazio”, comenta Aparecida.
Ela estima gastar entre R$ 100 e R$ 150 por dia na praia. Já Marília destaca que os preços tiveram apenas um pequeno reajuste e critica o descarte irregular de lixo como um dos impactos negativos do aumento de visitantes.
Turistas internacionais também circulam pela orla. O casal de portugueses, Maria e Fernando Morais, de Lisboa, escolheu Fortaleza pela primeira vez para passar o fim de ano e elogiou o clima e a receptividade.
“Achamos calmo e tranquilo. O povo é simpático e hospitaleiro”, declara Maria.
Apesar das diferenças entre estabelecimentos e regiões, empresários e trabalhadores concordam que o fluxo deve aumentar nos próximos dias, com a virada do ano e o avanço das férias escolares.
A expectativa é de que o turismo continue impulsionando o comércio, ainda que de forma desigual, ao longo da orla de Fortaleza.