O futebol brasileiro é imediatista. No mundo da pelota, o treinador é o principal alvo de corte nos clubes do Brasil quando os resultados não aparecem de forma instantânea. Em média, cada técnico dura entre cinco e seis meses no cargo.
Em meio ao ambiente de pressão e de constantes troca de cadeiras, há os "sobreviventes". Com trabalho bem implementado e resultados positivos, Guto Ferreira alcançou importante marca no comando do Ceará. Perto de completar um ano no cargo, ele é o terceiro treinador com trabalho mais longevo entre os técnicos de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro.
"Gordiola" só fica atrás de Renato Portaluppi, que comanda o Grêmio-RS há mais de quatro anos e levou a equipe aos títulos de Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana; e de Fernando Diniz, treinador do São Paulo há mais de um ano e atual líder do Brasileirão. Com dez meses de trabalho, o comandante do Alvinegro de Porangabuçu divide o terceiro posto no ranking com o argentino Jorge Sampaoli, do Atlético-MG.
Neste período, Guto fez o Ceará subir de produção, conquistou a Copa do Nordeste de forma invicta, foi finalista do Campeonato Cearense e levou a equipe às quartas de final da milionária Copa do Brasil. No Brasileirão, o time tem a décima melhor campanha em 29 jogos, encaminhando a permanência na competição. Os cearenses estão fortes na briga pela vaga na Copa Sul-Americana e sonham com a pré-Libertadores.
Os resultados imediatos, como o título da Copa do Nordeste, deram o combustível de confiança para a sequência do trabalho de Guto. O respaldo da diretoria e da torcida veio com as rápidas conquistas dentro de campo. Mas antes de a bola rolar, ele precisou encarar a desconfiança.
Guto Ferreira foi contratado pelo Ceará em 18 de março de 2020, quando Enderson Moreira, que vinha fazendo bom trabalho, pediu demissão para assumir o Cruzeiro. Na época, o futebol brasileiro estava paralisado devido à pandemia da Covid-19.
Os primeiros 75 dias de trabalho foram à distância, com atividades virtuais e imersão sobre o grupo de atletas e em jogos anteriores. Os treinos foram retomados em junho, enquanto as partidas reiniciaram em julho. No segundo duelo do Ceará sob o comando de "Gordiola", derrota para o Fortaleza no Clássico-Rei fez surgir pressão.
Mas a coroação do trabalho veio logo na sequência, na Copa do Nordeste. Ali o time mostrou como cresceu nas mãos de Guto.
Mesmo nos momentos mais difíceis, quando a equipe apresentou oscilação na Série A, Guto soube achar as soluções para retomar as vitórias. Desta forma, o Alvinegro alcançou triunfos memoráveis, como contra o Flamengo-RJ, no Castelão e em pleno Maracanã, e diante do Santos-SP, que garantiu a vaga para as quartas de final da Copa do Brasil, eliminando o agora finalista da Copa Libertadores.
Com Guto à beira do campo, o Vovô se tornou competitivo para brigar contra qualquer equipe da Série A. Os principais conceitos implementados por Gordiola são a compactação da defesa, a rápida transição ofensiva e a bola parada.
1º - Renato Portaluppi (Grêmio) - 4 anos e 4 meses
2º - Fernando Diniz (São Paulo) - 1 ano e 4 meses
3º - Guto Ferreira (Ceará) e Jorge Sampaoli (Atlético-MG) - 10 meses
5º - Cuca (Santos) e Jair Ventura (Sport) - 5 meses
7º - Maurício Barbieri (Bragantino) - 4 meses
8º - Abel Ferreira (Palmeiras), Wagner Mancini (Corinthians) e Paulo Autuori (Athletico-PR) - 3 meses
11º - Rogério Ceni (Flamengo), Eduardo Barroca (Botafogo), Augusto César (Goiás), Abel Braga (Internacional) e Marcelo Cabo (Atlético-GO) - 2 meses
16º - Marcão (Fluminense) - 1 mês
17º - Vanderlei Luxemburgo (Vasco), Enderson Moreira (Fortaleza), Dado Cavalcantti (Bahia) e Gustavo Morínigo (Coritiba) - menos de um mês