O cargo ocupado por ele é de diretor, mas o perfil de Alex Santiago, que agora responde pelo departamento de futebol do Fortaleza, é de executivo. Pós-doutor em Direito e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), começou no futebol pela teoria.
Formado em gestão esportiva pela Universidade do Futebol, Santiago está aprovado em mestrado na mesma área em uma universidade de Barcelona e cursa gestão de futebol pela CBF/Academy. Da experiência como assessor da presidência, vivida desde 2018, porém, ele garante que parte da prática também já foi vivenciada.
“Durante o período de assessoria da presidência, além de estruturar as normas de compliance (normas legais) do clube, que passava inclusive por entender os processos internos do próprio departamento de futebol, como por exemplo o registro de atletas no BID, nacional ou internacional. Tive participação importante na categoria de base do Fortaleza. Eu tenho facilidade com idiomas e durante o período da gestão do Marcelo (Paz) levamos três times de base para a Europa (...) A gente esteve assessorando a contratação de atletas 'hispano hablantes', como Vázquez, Romero, Quintero, Fragapane. São janelas de mercado que se abrem ao Fortaleza e permite, para nós, atuar diretamente, sem intermediários”, explicou, em participação no programa Futebol do POVO.
A partir de agora, Santiago terá de lidar com os atletas de maneira geral, no dia a dia, e se entender principalmente com o concorrido mercado brasileiro. Para trabalhar na restruturação do elenco, o dirigente quis saber exatamente do que dispõe e quanto pode investir.
“Meu primeiro passo na diretoria de futebol foi buscar criar uma panorâmica de um orçamento próprio para o departamento de futebol, de modo que eu possa ter uma noção exata do quanto o Fortaleza aplica em orçamento por cada setor de contratação (posições de atletas), em quais a gente mensure diminuir ou ampliar orçamento”, disse. Apesar de não falar em valores, o dirigente: “O que posso dizer é que o Fortaleza vai gastar mais com futebol que no ano passado, mas dentro de uma margem de responsabilidade”.
Diante disso, o Leão não vai parar com as sete contratações já anunciadas (Crispim, Robson, Jussa, Ederson, Daniel Guedes, Pikachu e Gustavo Blanco). Alex Santiago pontuou que o Tricolor ainda busca no mercado pelo menos mais um zagueiro, principalmente que atue pelo lado esquerdo, e um atacante, de preferência um “camisa 9”. O defensor pode ser Titi, ex-Vasco-RJ, que está atuando no futebol da Turquia. Já o atacante deve ser Isaque, do Grêmio-RS, que pode jogar tanto como meia articular, quanto como centroavante.
Apesar de apontar as peças que o clube ainda busca, Santiago deixa claro que não fechará o elenco em momento algum. “É uma política minha sempre deixar em aberto enquanto houver oportunidade de transferência, porque o mercado é muito dinâmico”, defende. Apesar de se colocar como um facilitador para a negociação com jogadores estrangeiros, Santiago alerta para as dificuldades cambiais atuais.
Adepto da divisão do departamento por gerências, o novo homem forte do futebol no Tricolor diz que as decisões serão tomadas sempre de forma coletiva. “Eu não posso mais dizer que no Fortaleza uma pessoa tem palavra única sobre contratação ou sobre a chegada de um atleta no clube”, garante.
Alex Santiago acredita estar pronto para viver a cobrança diária da torcida e sabe que um trabalho tranquilo passa por bons resultados. Por isso, as metas para 2021 já estão traçadas.
“Temos que chegar na final do Campeonato Cearense, buscar, sim, o tricampeonato (consecutivo), assim como na Copa do Nordeste, que é uma competição extremamente rentável. O Fortaleza recentemente venceu, em 2019, e tem que buscar esse lugar de protagonismo no torneio, chegando às semifinais e finais. E na Série A, nosso terceiro ano consecutivo, o momento é de continuar essa consolidação”, conclui.