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Brasil vence Paraguai, mantém 100% nas Eliminatórias e abre seis pontos na liderança
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Brasil vence Paraguai, mantém 100% nas Eliminatórias e abre seis pontos na liderança

Com um gol e uma assistência de Neymar, seleção brasileira chegou à sexta vitória em seis rodadas. Apesar de protestos, jogadores indicam que irão jogar a Copa América no País, a partir do próximo fim de semana
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Brasil venceu o Paraguai em Assunção pela primeira vez em 35 anos (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Foto: Lucas Figueiredo/CBF Brasil venceu o Paraguai em Assunção pela primeira vez em 35 anos

A seleção brasileira encerrou os dias de turbulência fora de campo, causada pela decisão de realizar a Copa América no País, com 100% de aproveitamento dentro de campo. Venceu o Paraguai de forma contundente por 2 a 0, no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, e chegou aos 18 pontos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, em 2022.

Com a sexta vitória seguida nas Eliminatórias, a seleção brasileira igualou a marca das Eliminatórias da Copa de 1970 — venceu na época todas as seis partidas que disputou. E voltou a bater os paraguaios em Assunção em jogo válido pela fase prévia do Mundial depois de 35 anos. Em 1985, havia ganho por 2 a 0. Depois foram dois empates e duas derrotas.

Tite fez algumas mudanças na escalação em relação à partida com o Equador e também na maneira de o time jogar. Manteve os dois volantes, Casemiro e Fred, mas abriu Gabriel Jesus — que o técnico colocou no time no lugar de Gabigol — pela direita, Richarlison pela esquerda e deu a Neymar e a Firmino a função de mesclar o posicionamento na área com o recuo para jogar atrás do atacantes e construir as jogadas.

O Paraguai, por sua vez, montou um esquema bastante defensivo. Fechava-se às vezes com cinco zagueiros e três jogadores posicionados como volantes. O problema para os paraguaios é que Neymar, centralizado e com liberdade de movimentação por grande faixa do campo, organizava a seleção brasileira e ainda confundia o sistema de marcação.

No primeiro ataque, o Brasil fez 1 a 0. Danilo tocou para Gabriel Jesus, que cruzou da direita, Richarlison não alcançou, mas a bola sobrou para Neymar, na cara do goleiro, marcar. Foi o 11º gol de Neymar em Eliminatórias (18 jogos), igualando-se a Romário (8 partidas) e Zico (11 jogos).

A vantagem construída com 3 minutos do jogo deu a tranquilidade que o time precisava. Logo em seguida, Gabriel Jesus teve boa chance, mas foi travado. O Paraguai respondeu com uma bomba de fora da área de Alderete, aos 7 minutos. Ederson, que substituiu Alisson, fez grande defesa, espalmando a bola para escanteio.

Apesar de o Paraguai estar bem fechado, o Brasil continuava a encontrar espaços principalmente a partir da movimentação de Neymar. Às vezes, ele recuava até o meio de campo para buscar jogo. Numa dessas ocasiões, sofreu falta violenta de Gustavo Gómez — o palmeirense levou cartão amarelo. Outra boa opção era pelos lados do campo.

A seleção controlava o jogo, pressionava o Paraguai em seu campo, mas corria risco nas bolas esticadas pelo time da casa. Dessa maneira, Rojas conseguiu uma boa jogada aos 23 minutos, avançou e serviu Almirón. Para alívio do Brasil, o chute desviou em Militão e a bola saiu para escanteio.

Mas a seleção estava mais perto do gol. Aos 33, em cobrança de falta ensaiada, Neymar errou por pouco o gol de Antony Silva. Aos 46, Richarlison até marcou após ser lançado em velocidade e bater forte, cruzado. O gol não foi validado, pois o atacante estava impedido, o que foi confirmado pelo VAR.

Na etapa final, a seleção voltou com Lucas Paquetá no lugar de Fred, que havia levado cartão amarelo no primeiro tempo — foi o segundo em duas partidas e ele está suspenso da partida contra o Chile, em setembro. O Brasil manteve o domínio, teve duas boas chances em lançamentos para Gabriel Jesus, a zaga desviou em ambas as ocasiões o passe final, e uma cabeçada de Marquinhos que saiu rente à trave nos dez primeiros minutos.

Aos 18, numa bola roubada por Gabriel Jesus, Neymar foi lançado, invadiu a área e bateu cruzado, errando por pouco. A equipe continuava com bom volume de jogo, rondava bastante a área paraguaia, mas tinha dificuldade para concluir as jogadas.

Pouco depois da metade do segundo tempo, Tite, percebendo que o adversário estava tentando se soltar e ser mais ofensivo, resolveu se precaver. Tirou Firmino e colocou o volante Douglas Luiz. Pouco depois, renovou o fôlego do ataque com as entradas de Everton Cebolinha e Gabriel Barbosa.

Só que o Paraguai passou a dominar o jogo e a empurrar o Brasil para trás. Aos 41, Espínola conseguiu concluir de dentro da área, livre, mas Ederson defendeu. Logo depois, Neymar, de falta, voltou a errar por pouco. Mas, aos 48 minutos, o craque deu belo passe para Paquetá, que só teve o trabalho de bater rasteiro, consciente, fora do alcance do goleiro. Estava garantida a sexta vitória brasileira.

Paraguai 0x2 Brasil 

Paraguai
4-5-1: Antony Silva; Rojas (Espínola), Gustavo Gómez, Alderete e Júnior Alonso; Gastón Giménez (Ávalos), Ángel Cardoso (Bareiro), Villasanti (Oscar Romero), Arzamendia e Almirón; Ángel Romero (Samudio). Técnico: Eduardo Berizzo.

Brasil 
4-3-3: Ederson; Danilo, Eder Militão, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro, Fred (Paquetá) e Firmino (Douglas Luiz); Gabriel Jesus (Gabriel), Neymar e Richarlison (Everton Cebolinha). Técnico: Tite.

Local: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção (Paraguai)
Data: 8/6/2021
Árbitro: Patricio Losteau (ARG)
Gols: Neymar, aos 3 minutos do primeiro tempo. Paquetá, aos 48 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Gómez, Fred, Gabriel Jesus, Barreiro, Júnior Alonso, Alderete
Renda e público: Jogo de portões em decorrência da pandemia do novo coronavírus 

Bolsonaro negou ter pedido que Caboclo, então presidente da CBF, demitisse o técnico Tite da seleção brasileira
Bolsonaro negou ter pedido que Caboclo, então presidente da CBF, demitisse o técnico Tite da seleção brasileira

Fifa em alerta para supostas interferências políticas na gestão da CBF

A Fifa observa com atenção uma eventual influência política do Governo Federal na gestão da Confederação Brasileira de Futebol. O estatuto da entidade que comanda o futebol mundial proíbe a interferência externa nas atividades de qualquer federação internacional, ou seja, governos não podem influenciar na gestão do futebol de seus países. Fontes ligadas ao comando da entidade acompanham, em estado de alerta, a crise sobre a realização na Copa América no Brasil, mas ainda não há sinais da abertura de uma investigação.

Caso fique provada uma ingerência, as punições podem ir de suspensão até a exclusão das confederações de torneios organizados pela Fifa. Questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Fifa ainda não se pronunciou oficialmente. Mas o sinal amarelo foi aceso nos escritórios de Zurique, na Suíça, diante da possibilidade de o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter pedido a demissão de Tite do cargo de treinador da seleção brasileira ao então presidente da CBF, Rogério Caboclo.

"A minha participação na Copa América é abrir o Brasil para que ela fosse realizada aqui. Já tem os quatro estados acertados, tudo certinho. No tocante a jogador, técnico, estou fora dessa. Não tenho nada a ver com isso aí", afirmou Bolsonaro. Caboclo também afirmou que não pensou em demitir o treinador em entrevista ao site ESPN.com.

Outros episódios também estão no radar dos dirigentes da entidade internacional. No dia 31 de maio, após a desistência da Argentina, a Conmebol se preparava para anunciar o cancelamento do torneio quando o presidente da entidade, Alejandro Domínguez, sugeriu o Brasil como nova sede. O torneio só foi transferido para cá depois do aval do Governo Federal. Depois da confirmação, Dominguez agradeceu Bolsonaro.

O "muito obrigado" se repetiu no anúncio das cidades-sede. Além disso, o presidente deve estar presente na abertura do torneio, domingo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Em 2019, na última edição da Copa América no Brasil, Bolsonaro foi chamado pelos atletas para ir ao campo para celebrar o título. O presidente tirou fotos com os atletas.

A Conmebol evitou que o presidente da República entregasse o troféu para a seleção. Embora o estatuto da Fifa traga a proibição expressa contra interferência externas, o ato de investigar em profundidade essas situações não é comum. Isso vem ocorrendo apenas em situações urgentes, quando uma ação governamental afasta o comando da administração da entidade. Isso já aconteceu duas vezes neste ano. A Fifa puniu o Chade e o Paquistão, inexpressivas no cenário internacional do futebol.

No Chade, o governo local assumiu o comando da federação de futebol. No Paquistão, manifestantes assumiram o controle da federação. As duas foram suspensas.

O papel das redes sociais na crise 

Os atritos entre Tite e o comando da CBF começaram na semana passada, quando o Governo Federal e a entidade aceitaram o pedido da Conmebol para que a Copa América fosse realizada no Brasil. Jogadores e a comissão técnica não foram consultados. Por isso, as entrevistas coletivas foram canceladas ao longo da semana.

Internamente, os atletas também criticaram o fato de a própria CBF, organizadora do torneio, não ter se manifestado.

A Conmebol não deve reprimir manifestações sobre o torneio, desde que sigam as regras da Fifa. Quando deixou clara sua oposição ao torneio no País, Tite foi alvo de manifestações de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashtag #ForaTite, movimento pedindo a saída do técnico, ganhou espaço nas redes sociais. Internautas chamaram o treinador de "esquerdopata" e "lacrador" por conta de um possível boicote ao torneio.

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