Com apenas três gols sofridos na sequência invicta atual do Ceará de quatro jogos — três empates e uma vitória, a defesa voltou a ser pilar do modelo de jogo de Guto Ferreira. Em evolução após queda em momentos decisivos da primeira parte da temporada, a zaga mostrou solidez nos embates recentes. O crescimento do sistema defensivo é o pontapé para o Alvinegro engrenar na tabela do Brasileirão.
A última apresentação do clube do Porangabuçu, em Bragança Paulista, representa o saldo de rendimento defensivo e merece ser valorizada. A equipe parou o líder invicto da Série A e dono do melhor ataque da competição, com 17 gols. O RB Bragantino, de Claudinho e companhia, não balançou as redes no torneio nacional pela primeira vez após oito rodadas, no empate em 0 a 0.
A defesa é a peça fundamental para a engrenagem do sistema tático adotado por Guto Ferreira funcionar. O Ceará é um time que abre mão da posse de bola. Portanto, a equipe passa a maior parte do tempo em campo marcando o adversário. E é a partir de ações defensivas, seja de um desarme ou um corte de bola, que a próxima etapa do modelo, a fase ofensiva, se inicia. Primeiro, o Alvinegro marca forte, se fecha em duas linhas de quatro compactas, para depois contragolpear o rival desarrumado.
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Os números evidenciam o bom momento da retaguarda do Vovô. Nos últimos quatro jogos, que coincidem com a sequência invicta na Série A, o escrete cearense reduziu para menos da metade a quantidade de gols sofridos em relação aos quatro primeiros confrontos na competição, quando a meta alvinegra foi vazada sete vezes.
De acordo com levantamento do Footstats, o Ceará é, junto ao Atlético-MG e Juventude-RS (próximo rival no campeonato), a equipe que menos cede, em média, finalizações certas aos adversários.
No empate sem gols diante do Bragantino, o melhor ataque do Brasileirão só acertou dois chutes na direção à meta, entre 13 finalizações. Conforme as estatísticas do SofaScore, o Massa Bruta só teve uma grande chance de gol, justamente a desperdiçada nos acréscimos.
Do total de finalizações, os paulistas chutaram mais de fora da área, oito vezes, do que de dentro, cinco. Entre os números de destaque das ações defensivas do Ceará, a equipe desarmou 12 vezes, interceptou 10 jogadas e cortou 39 bolas, afastando qualquer perigo.
Entre os destaques individuais da equipe cearense no Brasileirão, Messias é o jogador com a maior média de cortes por jogo da competição, com 6,6. O volante Fernando Sobral aparece com a sexta maior média de desarmes por partida, com 3,1, colado nos mais bem posicionados que têm 3,3 e 3,2.
Para a engrenagem funcionar por completo, o setor ofensivo precisa crescer na mesma proporção. O Vovô desperdiçou melhores resultados porque pecou nas finalizações. As chances de gol estão surgindo, mas ainda falta calibrar a pontaria.