Pela primeira vez na história, o Brasil vai sair de uma Olimpíada sem medalha no vôlei de praia. No esporte no qual o País está acostumado a subir no pódio, entre todos os semifinalistas dos Jogos Olímpicos de Tóquio não tem nenhum jogador nacional. Restaram duplas da Suíça, Noruega, Austrália e até Letônia. Entre os times mais tradicionais, apenas uma parceria dos Estados Unidos, a outra potência da modalidade, sobreviveu e ainda briga por medalha.
O vôlei de praia entrou no programa olímpico em 1996, estreando nos Jogos de Atlanta. Desde então, o Brasil esteve em 9 dos 12 pódios, com 13 duplas medalhistas ao todo. "O mundo descobriu que o vôlei de praia é um esporte barato, que dá resultado e traz medalha. Brasil e Estados Unidos não dominam mais, estamos parados. A gente precisa sentar conversar", criticou Alison, que ao lado de Álvaro Filho foi eliminado nas quartas de final do torneio masculino. O jogador de vôlei foi campeão em 2016, ao lado de Bruno Schmidt.
Antes, na fase anterior, Evandro e Bruno Schmidt já haviam se despedido da competição. No feminino, Agatha e Duda (caíram nas oitavas) e Ana Patrícia e Rebecca (perderam nas quartas) também foram eliminadas precocemente. "As pessoas vão olhar e ver que as duas duplas da Letônia estão nas semifinais e vão achar estranho. O mundo está investindo no vôlei de praia e nós estamos parados. Tem de melhorar, investir mais, a confederação olhar com bons olhos", continuou Alison. Os letões Plavins e Tocs eliminaram as duas duplas masculinas.
Em outras edições da Olimpíada, o vôlei de praia sempre foi um dos carros-chefe entre as modalidades para o Brasil. Em Atlanta-1996 o País teve a final feminina com Jackie Silva e Sandra Pires ganhando o ouro em cima de Mônica e Adriana Samuel. Foram as primeiras medalhas de mulheres brasileiras na história olímpica. Quatro anos depois, em Sydney-2000, vieram duas pratas e um bronze.
Nos Jogos de Atenas, em 2004, Ricardo e Emanuel ganharam o ouro enquanto Shelda e Adriana Behar ficaram com a prata. Já em Pequim-2008 o feminino passou em branco, mas no masculino veio uma prata, com Márcio e Fábio e um bronze, com Ricardo e Emanuel. Já na Olimpíada de Londres, em 2012, o resultado da edição se repetiu, com um segundo, com Alison e Emanuel, e um terceiro lugar, com Larissa e Juliana.
Na última Olimpíada, no Rio, Alison e Bruno Schmidt conquistaram a medalha de ouro, enquanto Agatha e Bárbara Seixas foram prata. Mesmo com alguns atletas experientes, o Brasil saiu sem pódio de Tóquio. "O Brasil ganhou medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, não teve investimento, ficou tudo parado, do mesmo jeito, com menos etapas, esperando Alison e Bruno, como foi com Ricardo e Emanuel", lamentou Alison.
O Ceará é uma das potências do esporte e foi representado pela dupla cearense/mineira Rebecca e Ana Patrícia, que caíram nas quartas de final para as suíças Heidrich/Vergé-Dépré. A primeira participação de atletas do estado foi em 1996, com Franco Neto (fortalezense) e Roberto Lopes (radicado no Estado).
Em 2000 e 2004, a cearense Shelda ganhou duas pratas ao lado da carioca Adriana Behar. Em 2008, o vice-campeonato da "terrinha" foi com Márcio Araújo, ao lado do capixaba Fábio Luiz. Por fim, em 2012, a dupla capixaba/paulista radicada no Ceará Larissa/Juliana ficou com o bronze.