A formação inicial do Fortaleza montada por Juan Pablo Vojvoda para o jogo de estreia na Série A do Brasileiro, no último domingo, 10, contra o Cuiabá-MT, foi a mais alternativa utilizada pelo treinador na temporada 2022 até aqui.
Metade do time era composta por jogadores considerados reservas — apesar de terem muitos jogos, Romarinho e Matheus Vargas pouco têm atuado como titulares —, sendo um deles estreante no ano, caso de Vitor Ricardo. A escalação causou estranheza ao torcedor e a má atuação do time levou os tricolores a considerar a escolha como erro crasso do técnico argentino.
Para uma equipe que sustenta o discurso de priorizar o Campeonato Brasileiro, começar a competição com derrota em casa para um time que não representa um grande desafio e que veio ao Castelão jogar por uma bola é mais que um simples tropeço.
Como o treinador não explicou o motivo da escalação na coletiva pós-jogo, sobraram especulações. A principal delas é de que a cabeça do argentino estava no jogo de amanhã, na terra natal dele, contra o River Plate-ARG, pela Copa Libertadores. Também é possível colocar na conta o desgaste físico dos atletas, afinal foram 18 jogos do Tricolor em 70 dias, o que significa uma partida disputada a cada três ou quatro dias.
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Não por coincidência, os jogadores que não começaram o duelo estão entre os que mais jogaram na temporada até aqui. São os casos de Yago Pikachu (17 jogos), Marcelo Benevenuto (16), Lucas Lima (16), Moisés (16) e Romero (15). Ainda assim, o último entrou aos 14 minutos do segundo tempo.
Girar o elenco quando se tem um calendário muito cheio como o do Fortaleza é normal, especialmente em um grupo com 29 atletas, tomando como base o site oficial do clube. A comissão técnica já vem fazendo isso desde o primeiro jogo, tanto que a formação do meio de campo e da dupla de ataque ainda são dúvidas para os torcedores antes de cada partida. O momento escolhido para fazer uma maior quantidade de trocas, no entanto, é que parece não ter sido apropriado.
Além da situação de estreia negativa na Série A já mencionada — e logo em um ano no qual o sarrafo de expectativa está alto — a derrota para o Cuiabá foi a segunda consecutiva do Leão em 2022, e isso ocorreu após uma sequência de 16 jogos de invencibilidade. E se a ideia foi deixar o time nas melhores condições possíveis para enfrentar o River Plate, ainda assim, não há qualquer garantia de resultado positivo em Buenos Aires, já que o adversário, que é favorito de toda forma, tem sido a equipe sul-americana fora do Brasil mais cascuda de se enfrentar nos últimos anos.
Em resumo, se o Fortaleza perder na Argentina, o resultado é absolutamente normal e mesmo que, naturalmente, cause frustração na torcida, dificilmente a cobrança seria exacerbada em cima do time. Com a atual condição, no entanto, se isso acontecer, será um terceiro revés consecutivo e somado ao fato de uma estreia ruim no Brasileirão. Além das reclamações externas, a confiança do grupo pode ficar comprometida. Em caso de empate no Monumental de Núñez, ainda será questionável se valeu começar com derrota na Série A contra o Cuiabá.
Se o Tricolor, porém, conseguir uma vitória sobre os Milionários na casa deles, a euforia pode até equilibrar a má estreia do último domingo e só saberemos se realmente valeu a pena lá na frente, tanto na Libertadores quanto na Série A.
E é necessário dizer que se Vojvoda tivesse escalado o time titular na primeira rodada da Série A também não haveria uma certeza de vitória, mas certamente as chances de triunfar contra o Cuiabá estando completo são maiores que contra o River (e elas existem). Além disso, a dúvida não perseguiria a comissão técnica.