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Procurado por investidores, Fortaleza debate internamente sobre SAF
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Procurado por investidores, Fortaleza debate internamente sobre SAF

Vice-presidente do Tricolor, Geraldo Luciano tem conduzido os estudos e conversas sobre o tema. Em entrevista à rádio O POVO CBN, ele comentou sobre possibilidades de negócios com a conversão em SAF
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Diretoria do Fortaleza faz estudos sobre a SAF (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Diretoria do Fortaleza faz estudos sobre a SAF

Instituída em agosto de 2021, por meio da Lei 14.193, a Sociedade Anônima de Futebol ainda não foi aderida por nenhum clube cearense, mas o tema tem sido estudado e debatido internamente pelo Fortaleza Esporte Clube.

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O responsável de preparar o terreno para uma possível transformação do Tricolor em SAF é o primeiro vice-presidente do clube, Geraldo Luciano, que já trabalhou como executivo de grandes empresas no Estado e ainda integra conselhos de algumas companhias.

Em entrevista ao programa As Frias do Sérgio, na Rádio O POVO CBN, no último sábado, 25, o dirigente contou que foi designado pelo presidente do clube, Marcelo Paz, para estudar o tema e entender como o Fortaleza poderia se beneficiar com essa nova possibilidade.

“É um momento novo para o futebol, em que muitos investidores estão interessados em colocar recursos nos clubes de e isso exige uma nova gestão, uma nova governança", comentou Geraldo. Ele explicou que a criação da SAF, por si só, já abre possibilidades de negócios para os clubes.

"Na prática, como isso vai funcionar? Você tem hoje clubes que são entidades sem fins lucrativos, que tem o seu estatuto, seu conselho deliberativo, que tem a sua diretoria estatutária; no caso do Fortaleza; seu conselho fiscal, conselho de ética e aí vai [...] Quando você aderir a essa nova realidade, cria uma empresa, uma Sociedade Anônima de Futebol Fortaleza. Em um primeiro momento o clube original é detentor de todas as cotas da SAF. E aí você vai participar de um processo de negociação", disse.

Dentre as possibilidades que nascem com a SAF, segundo o dirigente, estão vender uma participação acionária, que se limita a 90% — e o fato do clube original ficar com pelo menos 10%, por obrigação da Lei, garantem que nome, escudo, hino e demais elementos compõem a identidade do time não mudem — ; pode-se emitir debêntures, que são títulos de dívidas, para captar recursos no mercado; abrir capital em bolsa ou fazer duas ou mais dessas ações juntas, a depender da realidade do clube.

O Coritiba, por exemplo, conseguiu um empréstimo de R$ 30 milhões com um banco brasileiro dando como garantia 20% das ações da SAF e a receita do programa de sócio-torcedor. Já o Figueirense utilizou um modelo de crowdfunding, vendendo para os próprios torcedores algumas ações do clube. A intenção é arrecadar R$ 5 milhões, que representa 5% do capital social da Figueirense SAF, que se auto avaliou em R$ 100 milhões (quanto o clube vale).

Se em um primeiro momento as Sociedade Anônimas de Futebol foram utilizadas como solução para equipes com dificuldades financeiras, como Botafogo e Cruzeiro, que venderam 90% de suas SAFs, hoje os clubes debatem o tema como maneira de receber investimentos, mas sem a necessidade de perder o controle do time. "Daqui para frente, clubes bem estruturados e bem organizados vão ser procurados para que se comprem participações menores”, garantiu Geraldo.

A criação da SAF é só o primeiro passo. O vice-presidente do Fortaleza explica que o diferencial será “ter um plano de negócios bem feito, que convença investidores a investir nos clubes (mostrando como time e sócio terão retorno), e uma governança que dê tranquilidade ao investidor em colocar os seus recursos". O Athletico-PR, por exemplo, se transformou em Sociedade Anônima do Futebol, mas ainda busca um sócio, e contratou consultorias para isso.

Geraldo Luciano revelou que o Fortaleza tem sido procurado por bancos e investidores, mas não citou nomes. “Não podemos nos negar de participar dessas conversas. Se e como fazer, é ver o melhor interesse do clube, qual é o momento ideal", disse.

Para cada decisão tomada, inclusive a conversão para clube-empresa, é necessário a aprovação da assembleia do Conselho Deliberativo. A Lei também permite que ativos fixos, imobiliários, não entrem na operação, o que implicaria em um acordo de utilização de estruturas com a SAF — se o negócio envolver apenas o departamento de futebol.

O dirigente já teve reunião com ex-presidentes do Fortaleza, que hoje são membros do Conselho Deliberativo, para expor os estudos que têm feito sobre SAFs. “Acho que não tem como fugir de acompanhar de perto esse tema. O futebol está indo por esse caminho”.

Confira a entrevista de Geraldo Luciano para o programa As Frias do Sérgio na íntegra:

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