O Fortaleza informou no relatório administrativo e de gestão econômica de 2022, divulgado na quarta-feira, 17, que estuda um modelo de SAF para utilizar como mais uma fonte de receitas. A "preparação do terreno” para que o Tricolor possa aderir à Sociedade Anônima de Futebol está sendo feita pelo 1º vice-presidente do clube, Geraldo Luciano, que conversou de maneira exclusiva com O POVO sobre o assunto.
A ideia da diretoria em aderir ao modelo se baseia em três objetivos a curto prazo: reforço de caixa para que o clube continue tendo elenco de qualidade e possa fazer boas participações no campeonatos que disputa, sobretudo na Série A; melhora da governança e aproximação do clube do mercado de capitais.
“Importante dizer que SAF é apenas um meio para que se possam realizar algumas operações, algumas melhorias na gestão. Ser SAF não quer dizer a certeza de sucesso ou insucesso [...] o que garante o sucesso de um clube é uma boa gestão, a SAF é um meio que pode ajudar”, comentou Geraldo Luciano.
O modelo que o Fortaleza pensa em adotar é o de venda minoritário, no qual uma pequena porcentagem é vendida, mas o controle do clube não passa para as mãos do investidor, segue com a diretoria executiva. O percentual que se pretende vender fica entre 10% e 15%. O valor inicial a ser arrecadado com isso, na análise do vice-presidente, deve girar em torno dos R$ 50 milhões.
“A gente acha que um número adequado para o momento seria algo em torno de R$ 40 mi a R$ 50 milhões. E aí a gente tem um objetivo de como usar isso. Tem que ser usado como garantia na qualidade do elenco profissional, para melhoria de base, para infraestrutura e para melhorar a governança do clube”, disse.
Antes mesmo do Tricolor criar a SAF, já existem investidores interessados, que procuraram o clube, até mesmo de fora do Brasil. Geraldo Luciano, porém, avisa: “Este modelo que a gente quer, de venda de participação minoritária, não é fácil de ser operacionalizado. Porque todo mundo quer comprar os clubes. As operações que saíram até agora, todas foram venda de controle e isso jamais passou pela nossa cabeça. Nossa torcida deve continuar sendo a dona do clube. A gente entende que vender uma pequena participação agora para fazer esses investimentos que já citamos é importante”, explicou o dirigente.
Apesar de ter sido colocado no relatório administrativo como perspectiva para 2023, o primeiro vice-presidente do Leão diz que não há pressa. “Não temos um prazo definido, estamos trabalhando na estrutura, em contratos, que deem a maior segurança jurídica possível para o clube e oferecer ao associado do Fortaleza uma opção para ele decidir. Essa decisão será sempre do associado do clube, mas quem está à frente da Instituição precisa apresentar alternativas dentro do que existe no futebol”, afirmou.
O estágio do processo está em fase de produção de documentos e estudos de garantias jurídicas para que o Conselho Deliberativo possa aprovar ou não a abertura da SAF. Se aprovada, cria-se uma empresa e todos os bens, direitos e obrigações do Fortaleza são transferidos da associação para a SAF. As principais características do time (nome, cor, bandeira, símbolo, sede, mascote) são preservadas por uma cláusula chamada “golden share”, independentemente da quantidade de participação comprada por qualquer investidor.
Os sócios-torcedores também serão consultados quanto às vendas. O dirigente explicou que “algumas decisões que cabem ao Conselho e algumas que cabem à assembleia (associados)”. O clube promete apresentar, em reuniões, toda a explicação necessária àqueles que o estatuto dá poderes de escolha em tempo correto.
“Pedimos que, neste momento, não considerem que é bom ou ruim. Aguardem que o clube vai fazer todos os esclarecimentos e tirar todas as dúvidas”, garantiu Luciano.
Quanto ao retorno dos investidores, o vice-presidente do Tricolor explica que a ação comprada deverá se valorizar como em qualquer empresa comum. “Vamos imaginar que o Fortaleza tenha hoje um valor de R$ 500 milhões. Se continuar fazendo boas campanhas, crescendo, melhorando o ranking [...] o valor desse clube vai aumentando. Daqui a dois ou três anos, (o clube) estará valendo R$ 1,5 bilhão. Óbvio que a participação dele vai valorizar bastante. Vai estar ligado ao crescimento do clube como um todo”, esclareceu.
A possibilidade da construção de um estádio próprio, com a entrada de um parceiro, não é objetivo para um primeiro momento. “Se estamos falando em uma venda de uma participação pequena, 10% ou 15%, estamos falando de valores em R$ 40 ou R$ 50 milhões, não podemos enganar nosso torcedor e dizer que esse dinheiro é para construir estádio. Uma arena de 30 mil ou 40 mil lugares vai custar algo em torno de R$ 300 a R$ 400 milhões. É importante que a gente esclareça isso”, disse.
Geraldo Luciano defende que as equipes que não aderirem ao mecanismo da SAF não vão conseguir competir, em algum tempo, com as que criaram e fizeram negócio. Ele acredita que no futuro, clubes de futebol vão abrir capital em bolsas, e emitir títulos que poderão ser comprados por torcedores comuns.
Thiago Galhardo retorna a Fortaleza e não enfrenta o América-MG
O atacante Thiago Galhardo retornou a Fortaleza antes da delegação tricolor. Por conta de uma pubalgia, o camisa 91 do Leão desfalcou o time contra o Grêmio e diante do Palmeiras e o departamento médico concluiu que ele não terá condições de jogar amanhã, contra o América-MG, às 18h30min, em Belo Horizonte, pela Série A.
A decisão, portanto, foi antecipar a volta do atleta ao Pici, para que ele pudesse acelerar o tratamento e estar à disposição da comissão técnica o mais rápido possível. Ele embarcou para Fortaleza na última quarta-feira, 17, antes mesmo do jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Na coletiva após a derrota para o Palmeiras, o técnico Juan Pablo Vojvoda falou sobre o jogador: “Galhardo teve que regressar para continuar sua recuperação, acho difícil que possa jogar contra o América Mineiro. Já está fora”, disse o técnico.
O comandante do Leão também comentou sobre o lateral-esquerdo Bruno Pacheco, que apareceu no boletim médico do clube com um trauma no pé esquerdo. Ele é tratado como dúvida para o jogo contra o Coelho.
“Quanto ao Pacheco, vamos aguardar a evolução dele. Temos que recuperá-lo em dois dias e depois fazer uma avaliação dos jogadores que jogaram hoje. São oito dias fora de casa”, disse Vojvoda.