Do bordão “É o Laion, não tem jeito” e identificação com a torcida para uma saída conturbada do Pici: é assim que caminha a conclusão da passagem de Caio Alexandre pelo Fortaleza. O volante, alvo do Bahia e Corinthians no mercado da bola, aguarda a definição do seu futuro e sequer se reapresentou ontem no Centro de Excelência Alcides Santos com os demais jogadores do elenco tricolor.
A novela envolvendo o camisa 8 se arrasta desde a reta final de novembro de 2023, quando o Palmeiras passou a demonstrar interesse na contratação. O clima de amor entre o jogador de 23 anos e o Leão, aos poucos, foi se perdendo. O cenário atual envolve um imbróglio jurídico e outras nuances que criaram desgaste, sobretudo na torcida, que tinha no volante uma das grandes referências de liderança do plantel.
Diante do interesse de outros clubes, Caio optou por não assinar um novo contrato com o Fortaleza, que passou a ter controle dos seus direitos federativos após efetivar a cláusula de compra obrigatória junto ao Vancouver Whitecaps, clube canadense que havia cedido o volante por empréstimo. Ou seja, qualquer negociação tem que passar pelo crivo do Tricolor, mas sem vínculo de trabalho firmado, o atleta não tem obrigação de se reapresentar no Pici.
Dos choros e preces no Canadá, Caio Alexandre reencontrou no Fortaleza a alegria de jogar futebol. Entre o segundo semestre de 2022, quando desembarcou na capital cearense, até os momentos finais que ocorreram neste início de 2024, o volante acumulou momentos marcantes. Declarou-se ao clube e deixou explícito a vontade de ser “comprado” para seguir no Pici. Na prática, os capítulos mostram algo diferente.
Revelado no Botafogo, Caio Alexandre deixou o Brasil cedo, aos 22 anos, para viver a primeira experiência internacional na carreira após ser comprado pelo Vancouver Whitecaps, do Canadá. O que parecia um sonho virou pesadelo. Escanteado, sofreu com lesões e chorou quase diariamente. Entre as preces, suplicava a Deus por uma “oportunidade de ser feliz novamente”. O Fortaleza deu-lhe essa oportunidade e o contratou no dia 15 de agosto de 2022.
No Pici, não demorou para Caio Alexandre construir uma forte identificação com o clube e com a torcida. Entre os principais destaques na arrancada histórica do time na Série A — que conseguiu escapar do rebaixamento e se classificar à Libertadores —, o carismático volante popularizou o bordão “É o Laion, não tem jeito”. A relação de amor e o bom desempenho em campo mobilizaram o Fortaleza a renovar o empréstimo para 2023.
Consolidado como titular de Vojvoda e nas graças da torcida, Caio Alexandre viveu, segundo ele mesmo, em entrevista ao O POVO, o “melhor momento da carreira” em 2023 jogando pelo Fortaleza. Fez gol no primeiro jogo da final do Cearense, que resultou no penta inédito para o clube, foi pilar da campanha que levou o Leão até a final da Sul-Americana e liderou diversas estatísticas do time no Brasileirão. O casamento era perfeito.
No novo empréstimo firmado por Fortaleza e Vancouver havia uma cláusula de compra obrigatória por parte do Leão caso Caio Alexandre atingisse algumas metas ao longo do ano. A expectativa da torcida, naquela época ainda sem esses detalhes contratuais, era de que o Fortaleza efetuasse a aquisição do jogador. O volante, em entrevistas, afirmava sobre sua vontade: “Em relação à compra, fica mais para o presidente. Ele sabe do meu desejo e vontade”, contou em entrevista coletiva em agosto. Tudo estava bem, até que…
Com Caio Alexandre em destaque, o Fortaleza tratou de se movimentar para iniciar o processo de compra. O Leão pagou 800 mil dólares dos 2,5 milhões de dólares referente aos 50% do volante que estavam sendo adquiridos do time canadense. O jogador, entretanto, optou por não assinar um novo contrato com o Tricolor, já que o antigo, por empréstimo, havia terminado. Com Palmeiras, Bahia e Corinthians interessados em sua contratação, o volante perdeu o “encanto” pelo Pici.
Criou-se, então, uma verdadeira novela em torno de Caio Alexandre. Ele fica? Ele sai? Diante do questionamento entre os torcedores, o Palmeiras surgiu como primeiro grande interessado no jogador, mas recuou. De forma mais recente, Bahia e Corinthians entraram na disputa pela aquisição do atleta. O Fortaleza, em meio a tudo isso, apenas aceitou que ele não continuaria. O objetivo passou a ser buscar a melhor negociação possível do ponto de vista financeiro.
O Fortaleza efetuou a compra obrigatória após metas estipuladas serem cumpridas e, feita a aquisição, seria necessário que clube e jogador firmassem um novo contrato. Caio Alexandre não aceitou e não se reapresentou com os demais atletas do elenco. Ao exercer a cláusula, os direitos federativos do volante foram vinculados ao Fortaleza, ou seja, ele só pode ser negociado com aval do Leão.