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Ceará e Fortaleza estão "extremamente equalizados" nas finanças, garante especialista
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Ceará e Fortaleza estão "extremamente equalizados" nas finanças, garante especialista

Relatório da Ernst Young, uma das principais empresas de auditoria e consultoria do mundo, aponta que Vovô e Leão ainda têm equilíbrio entre receitas e despesas dentro das respectivas realidades
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Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza, e João Paulo Silva, presidente do Ceará. (Foto: Montagem sobre fotos de Mateus Lotif/Fortaleza EC e FÁBIO LIMA )
Foto: Montagem sobre fotos de Mateus Lotif/Fortaleza EC e FÁBIO LIMA Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza, e João Paulo Silva, presidente do Ceará.

Ainda que existam pontos de alerta, os balanços financeiros de 2024 de Ceará e Fortaleza, divulgados no mês passado, não devem causar maiores preocupações para alvinegros e tricolores em relações aos cofres.

Esta é a avaliação do relatório elaborado pela multinacional Ernst & Young (EY) — uma das principais empresas de auditoria e consultoria do mundo —, ao qual Esportes O POVO teve acesso de forma exclusiva, e corroborada por Pedro Daniel, diretor executivo de Esportes e Entretenimento da empresa.

Somados, Leão e Vovô tiveram R$ 419 milhões de receita bruta na temporada passada, sendo R$ 200 milhões obtidos por meio de direitos de transmissão e premiações de competições e R$ 108 milhões com matchday (sócio-torcedor e bilheteria, por exemplo). A junção das cifras investidas com a folha do futebol profissional chegou a R$ 234 milhões.

O documento ainda aponta que desde 2021, a dívida líquida da dupla protagonista do Clássico-Rei cresceu 130%, saindo de R$ 69 milhões para R$ 160 milhões: R$ 116 milhões do Fortaleza e os outros R$ 44 milhões por parte do Ceará. Por outro lado, o Vovô apresentou um endividamento tributário de R$ 41 milhões, e o do Leão ficou em R$ 22 milhões; na questão bancária, o Tricolor deve R$ 46 milhões relativos a empréstimos, enquanto o Alvinegro tem R$ 22 milhões a pagar.

Estes números, além dos respectivos déficits (R$ 17,9 milhões no Pici e R$ 5,7 milhões em Porangabuçu) indicam um cenário negativo para as principais potências do futebol cearense? "Quando a gente olha para a dívida, algumas vezes depende da fotografia", inicia Pedro Daniel. "Se você tem uma dívida no banco de R$ 50 mil, mas ganha, por mês, R$ 100 mil, tranquilo. Agora, se você tem uma dívida de R$ 50 mil e tem um salário mínimo, você está extremamente endividado", exemplifica o executivo da EY, antes de se debruçar sobre os casos específicos dos clubes locais.

"Comparados ao futebol brasileiro, eles estão extremamente equalizados, ou seja, têm uma geração de caixa suficiente para o nível de endividamento", garante. "Dentro da realidade brasileira, Ceará e Fortaleza estão bem posicionados nesse sentido, em relação a endividamento e geração de caixa", arremata. Em 2024, o Leão teve receita bruta total de R$ 254 milhões, enquanto o Vovô arrecadou R$ 165 milhões.

Dos montantes que saíram dos cofres, 75% foram investidos no futebol profissional no caso do Tricolor, e 64% no caso do Alvinegro. Na temporada passada, o time do Pici foi campeão da Copa do Nordeste e ficou na quarta posição da Série A, enquanto a equipe de Porangabuçu foi campeã estadual e conseguiu o acesso à elite do futebol nacional.

"É a única maneira de tentar ser competitivo, ainda mais quando tem um volume financeiro menor, se comparado ao top-5, top-6 do futebol brasileiro", pondera Pedro. "Com um cenário mais competitivo, fica muito difícil, com as receitas recorrentes, conseguir competir em pé de igualdade com clubes que faturam o triplo ou quatro vezes mais do que você", alerta, apontando que a chegada de investidores para Sociedade Anônima do Futebol (SAF) pode ser o caminho.

O diretor da EY recorda que, nos anos mais recentes, alguns clubes tiveram as finanças turbinadas pela venda de ações da SAF, patrocínios de casas de apostas e negociações dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro por parte das ligas, e sugere uma reflexão para Ceará e Fortaleza: "Com o novo cenário do futebol brasileiro, qual é o verdadeiro tamanho do clube em termos financeiros e de performance para os próximos anos?".

Receita bruta total de Ceará e Fortaleza somada

  • 2021: R$ 334 milhões
  • 2022: R$ 441 milhões (+32%)
  • 2023: R$ 514 milhões (+16%)
  • 2024: R$ 419 milhões (-18%)

Principais receitas do Ceará em 2024

  • Direitos de transmissão e premiação: R$ 82 milhões
  • Matchday: R$ 40 milhões
  • Comerciais: R$ 20 milhões
  • Venda de jogadores: R$ 19 milhões

Principais receitas do Fortaleza em 2024

  • Direitos de transmissão e premiação: R$ 118 milhões
  • Matchday: R$ 68 milhões
  • Comerciais: R$ 48 milhões
  • Venda de jogadores: R$ 15 milhões

Endividamento líquido ajustado total de Ceará e Fortaleza somado

  • 2021: R$ 69 milhões
  • 2022: R$ 72 milhões (+4%)
  • 2023: R$ 67 milhões (-8%)
  • 2024: R$ 160 milhões (+140%)
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