“Pelo Fortaleza eu faço tudo”. A simbólica frase dita por Sérgio Papellin, durante a coletiva de (re)apresentação, ontem, foi um recado importante. Figura respeitada e histórica no Pici, o agora novo diretor de futebol do Leão relembrou já ter entrado em campo “para bater em juiz”, como forma de exemplificar sua paixão pelo clube, e deixou claro, sem titubear, que não tolerará “laranjas podres” no elenco.
Carismático, Papellin entrou na sala de imprensa e cumprimentou, um por um, todos que lá estavam. Sentado na cadeira e de frente para os jornalistas, enquanto a coletiva era transmitida ao vivo no canal oficial do Fortaleza no YouTube, o diretor, como de costume, não se limitou ao protocolar, que tem se tornado cada vez mais comum no meio do futebol.
Entre perguntas e respostas, Papellin “quebrava o gelo” com brincadeiras sutis, o suficiente para tornar um ambiente, que naturalmente deveria ser pesado pelo péssimo momento que o clube vive, em algo leve e descontraído. “Eu estou correndo oito quilômetros por dia… de moto”, brincou, ao ser questionado, após a entrevista, sobre como estava fisicamente. No meio da coletiva, recebeu uma ligação.
Era um empresário de jogador, algo confirmado pelo próprio dirigente, com um sorriso no rosto — as movimentações no mercado da bola já começaram. Mas, e sobre toda a crise que o Fortaleza vive? A péssima fase em campo? A apatia e o semblante de decepção de Vojvoda a cada novo resultado negativo? Papellin respondeu todas, de forma sincera, direta e lúcida.
“O jogador que estiver sem jogar e estiver insatisfeito, ele está no lugar errado, tem que estar em casa. Quem não está jogando e nem sendo aproveitado, tem que ter a dignidade de brigar para sair do banco. Essa indignação não pode é contaminar o grupo ou trabalhar contra o clube que está pagando seu salário Temos certeza de que no dia a dia vamos detectar se existe essa insatisfação e procurar tirar o mais rápido possível do grupo, porque não queremos laranja podre no grupo”, comentou.
O recado ao elenco foi claro: quem não estiver totalmente comprometido com o clube, sem vaidade e com “fome” de reverter a atual situação, será afastado, de uma forma ou de outra. O respaldo para o técnico Juan Pablo Vojvoda segue intacto — entre ele ou um grupo de jogadores, a diretoria mantém o treinador —, mas isso não o isenta de críticas internas. O próprio Papellin disse ter conversado com o argentino e o alertado sobre questões que precisam ser melhoradas.
"Eu conversei com o Vojvoda o seguinte: ele vai ter que se reinventar. Trouxe para ele alguns pontos onde ele pode melhorar, e ele é muito receptivo com isso. Espero que, permanecendo por aqui, ele possa motivar esse grupo. Eu sei que estressa, ele é um cara muito emotivo, sente demais as derrotas, mas nessas horas você tem que ser forte para retomar o comando do grupo", contou.
Independentemente de qualquer coisa, uma reformulação acontecerá no plantel tricolor, e Papellin tem papel importante nisso. O diretor revelou ter um jogador próximo de assinar contrato — provavelmente o chileno Diego Valdés —, e que há conversas com um outro atleta, que atua como primeiro volante, com características de marcação. Saídas também estão encaminhadas e devem ser oficializadas nos próximos dias.