Durante cerca de 40 minutos, em uma sala de imprensa lotada, Thiago Carpini discorreu sobre ideias e metas à frente do comando do Fortaleza em 2026. Com fala mansa e serena, o treinador de 41 anos foi apresentado na manhã de ontem, no Pici, prometeu time ofensivo para seguir a tradição do clube, projetou longevidade no Tricolor do Pici e rechaçou ter dado um passo atrás na carreira por disputar a Série B do Campeonato Brasileiro.
O CEO da SAF do Leão, Marcelo Paz, ponderou que o novo técnico sabe "se adaptar ao adversário e ao contexto", mas reforçou que o estilo vertical foi um atrativo para se encaixar à ideia do departamento de futebol para a próxima temporada.
"O Carpini tem o DNA do Fortaleza. É um treinador moderno, que gosta da bola, que ataca muito. O Fortaleza tem essa vocação de ataque, a torcida gosta muito de time que ataque, vá para cima", apontou o dirigente.
O novo técnico do Fortaleza reforçou a ideia de que a equipe precisará ser protagonista na Segundona, em razão do status e do orçamento, e pontuou que o fator casa será importante para um ano com bons resultados.
"O Fortaleza é um dos grandes ou, talvez, o maior da competição (Série B 2026) e entra com essa missão de ser o favorito, de ser o time a ser batido", reconheceu. "Um time sempre muito ofensivo, vertical, que busca sempre o gol, de uma competitividade muito grande. São ideias de jogo que eu também acredito e espero trazer isso", completou.
Paz e Carpini confirmaram se tratar de um "namoro antigo" entre as partes, já que o nome esteve em pauta no Pici entre a demissão de Juan Pablo Vojvoda e a chegada de Renato Paiva, em julho. Agora, após a saída de outro argentino — Martín Palermo —, a decisão foi por voltar a ter um comandante brasileiro depois de quase cinco temporadas.
"Eu queria muito, tanto que aqui estou. É uma grande oportunidade para a minha vida fazer parte dessa história. Uma coisa é você estar na Série B, e outra é estar na Série B com o Fortaleza", destacou o treinador, que negou um retrocesso após comandar São Paulo, Vitória e Juventude na Série A. "Eu não desci, eu subi. Eu vim para o Fortaleza, um grande clube, com um projeto bacana", rebateu.
Thiago Carpini evitou falar sobre chegadas e saídas, mas confirmou que já analisa nomes ao lado do setor de análise de mercado e que o elenco será reduzido, até para dar mais espaço às categorias de base. Ele já se reuniu com Léo Porto, treinador do sub-20 e auxiliar técnico do time profissional, e assistiu a um jogo-treino do sub-20 contra o Ferroviário, sábado passado, 13.
Em um momento de reconstrução, o treinador quer manter um legado do trabalho do antecessor Palermo: a sinergia entre time e torcida, com jogadores aguerridos e uma torcida vibrante nas arquibancadas.
"É importante que os atletas sintam essa energia e o tamanho da responsabilidade. Por si só, vestir a camisa do Fortaleza, eles têm a ciência do tamanho da responsabilidade. [...] A energia é de dentro para fora, do campo para a arquibancada", avisou.
Com a apresentação do time marcada para o próximo dia 29, Carpini ressaltou a importância do Campeonato Cearense, do qual o Fortaleza foi vice em 2024 e 2025, e quer seguir os passos de Rogério Ceni e Juan Pablo Vojvoda no Pici, com conquistas e longa trajetória.
"Tiveram oscilações e dificuldades, o que faz parte do processo. E, nesse momento, você ter respaldo e convicção no seu trabalho não é simples. Deveria ser, é o que eu penso, mas não é em todo lugar que você encontra, e isso pesa na decisão do treinador”, disse.